Variante Delta pode exigir intervalo mais curto entre doses de vacina

Saúde
23 de Agosto, 2021
Variante Delta pode exigir intervalo mais curto entre doses de vacina

Em regiões que já registraram casos da variante Delta, o intervalo entre as doses da vacina contra a Covid-19 precisa ser inferior a 12 semanas. É o que sugere um modelo desenvolvido pelo Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI). Para chegar à conclusão, os pesquisadores usaram dados preliminares da eficácia da vacina da AstraZeneca para a variante Delta.

O artigo foi publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). A tecnologia foi criada pelo grupo ModCovid-19, que abrange pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP). Ela projeta um tempo seguro e ideal entre doses para o controle da pandemia.

Leia também: Vacinados podem se infectar e transmitir variante Alfa do coronavírus

Intervalo entre as doses da vacina

O trabalho do ModCovid-19 mostra que vacinas com menos de 50% de eficácia na primeira dose precisam de um intervalo menor de aplicação do que vacinas com taxas de eficácia maiores. Alimentada com estudos prévios sobre eficácia dos imunizantes, a tecnologia indica quando é possível adiar as doses. Além disso, mostra quando se atinge o máximo possível de proteção.

“O próprio algoritmo decide quando é melhor aplicar a segunda dose, levando em conta a primeira. Dessa forma, o objetivo é controlar o mais rápido possível a pandemia”, explica Paulo José da Silva e Silva, coautor do estudo e professor da Unicamp. Por isso, a ferramenta disponível on-line pode ajudar na tomada de decisão durante o processo de imunização da população brasileira e de outros países.

De acordo com o professor, quando o artigo foi escrito, em fevereiro de 2021, a principal pergunta era se valeria a pena adiar a segunda dose. E qual a maneira mais segura de se fazer isso, em virtude da quantidade limitada de doses. Nesse sentido, o estudo teve como base a vacina da AstraZeneca. Como resultado, os cientistas perceberam que a diferença no percentual de eficácia entre a primeira dose e a segunda era muito pequena. Por isso, valeria a pena esperar e vacinar mais gente com a primeira dose.

Leia também: Variante Gama é mais agressiva, mas pode ser contida com vacina e lockdown

Variante Delta

Agora, com o avanço da variante Delta em algumas regiões do Brasil e do mundo, as estratégias de vacinação podem ser revistas a partir desse modelo.

“Com a publicação do artigo na PNAS, esperamos que a tecnologia que desenvolvemos se torne mais acessível e possa chegar a vários países e tomadores de decisão. Deixamos o código totalmente disponível na internet e nos disponibilizamos também para ajudar qualquer pessoa que queira usar. Desse modo, nosso trabalho desenvolve e implementa a metodologia que pode analisar a situação em diferentes locais. Desenvolvemos um modelo que não é só para o Brasil, ele é uma contribuição para a ciência e é uma tecnologia que pode ser usada no futuro, não apenas para a COVID-19”, finalizou Silva.

Leia também: Como lidar com o excesso de informação sobre o coronavírus

Fonte: Agência Fapesp

Sobre o autor

Redação
Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e educadores físicos.

Leia também:

criança pode comer chocolate
Alimentação Bem-estar Gravidez e maternidade Saúde

Criança pode comer chocolate? Entenda a idade mínima recomendada

Adorado pelos pequenos, o doce é um tanto quanto controverso quando falamos em alimentação saudável

Câncer de colo do útero
Saúde

Câncer de colo do útero: América Latina é o 2ª lugar com mais mortes

Doença é a terceira mais incidente no Brasil e a quarta causa de morte por tumores em mulheres