Tratamentos para obesidade: saiba quais são e sua importância
A obesidade é o excesso de gordura corporal capaz de desencadear uma série de problemas de saúde. Apesar de ser uma doença crônica que exige acolhimento e cuidados, muitas pessoas desconhecem os seus riscos e complicações. Por essa razão e diversos outros fatores — sobretudo a alimentação, que influencia demasiadamente o agravamento da obesidade — o número de indivíduos com a condição triplicou desde 1975. De acordo com um estudo publicado pela World Obesity Federation em março deste ano, estima-se que haverá 34% de pessoas com obesidade no Brasil em 2030, o que corresponde a cerca de 53 milhões de brasileiros. Em contrapartida, os tratamentos para obesidade ajudam o indivíduo a emagrecer com saúde e manter o peso, o principal desafio da doença. Veja quais são e seus benefícios.
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Mas como saber se tenho obesidade?
De acordo com Mabiane Almeida, nutricionista da Nutrindo Ideais, algumas informações precisam de interpretação detalhada, que vai além do IMC (índice de massa corporal). “Em 2017 surgiu um novo conceito sobre obesidade, conhecido como OVERFAT (excesso de gordura corporal) independente do índice de massa corporal do indivíduo. Ou seja, é possível ter excesso de gordura tendo IMC de eutrofia, o que seria considerado ‘peso ideal'”, esclarece a especialista.
O médico endocrinologista Francisco Tostes reforça a afirmação de Mabiane. “Embora o IMC seja um indicador relevante, é importante avaliar a composição geral, pois o que aumenta o nível de obesidade é a quantidade de gordura. Muita gente pode ter um IMC alto, mas ao verificar a constituição, o percentual de gordura é baixo e a massa magra, alta. Por isso, cabe uma análise cuidadosa desses índices”, comenta. A princípio, um exame muito utilizado é a bioimpedância, feita no consultório do endocrinologista ou nutricionista. O teste é rápido e oferece dados precisos sobre a quantidade de gordura e massa muscular. “Também há outras tecnologias com essa finalidade, como antropometria, ultrassom, DEXA e bodygee”, acrescenta Mabiane. Juntamente com o resultado, o profissional observa os histórico e sintomas do indivíduo. Veja os sinais mais evidentes:
- Falta de ar.
- Fadiga crônica: qualquer esforço causa indisposição, como subir escadas, apertar o passo em uma caminhada e carregar peso, por exemplo.
- Alteração na libido: o desejo sexual diminui ao longo do tempo.
- Arritmia: os batimentos cardíacos ficam descompassados mesmo em repouso.
- Baixa autoestima, ansiedade e depressão.
- Dores nas articulações.
- Transtornos alimentares, como a compulsão.
Os pilares dos tratamentos para obesidade
O primeiro passo que engloba todas as frentes dos tratamentos para obesidade é a mudança do estilo de vida. Mas para isso acontecer, não basta rever a alimentação e fazer exercícios. Muitas vezes a pessoa precisa de ajuda multidisciplinar para tratar a condição de forma sustentável.
Afinal, provavelmente você conhece alguém ou até mesmo já fez uma dieta ou treinou por um tempo, mas depois voltou a ganhar peso e aos hábitos antigos. O motivo é que a maioria das pessoas necessita de tratamento psicológico, pois está enfrentando crises emocionais e transtornos alimentares. Além disso, algumas doenças podem dificultar o emagrecimento, como o hipotireoidismo, diabetes e demais alterações no metabolismo. Portanto, nos tratamentos para obesidade, os pilares podem ser:
- Identificação do grau da doença e se há outras complicações envolvidas.
- Reeducação alimentar que respeita a individualidade e necessidades de cada pessoa.
- Terapias para tratar distúrbios alimentares e psicológicos para melhorar a relação com a comida e a autoestima.
- Inclusão gradual de exercícios físicos na rotina.
- Em alguns casos, o uso de fármacos para controlar os distúrbios emocionais e o apetite.
Por dentro dos tratamentos para obesidade
Agora que você já conheceu os pilares que sustentam uma linha de cuidados saudável contra a obesidade, é hora de saber os detalhes de cada um:
Alimentação
Um nutricionista lhe ajudará com o desenvolvimento de um programa alimentar com foco no emagrecimento. Segundo Mabiane Almeida, existem inúmeras estratégias nutricionais para o tratamento da obesidade. “Dietas no estilo low carb, cetogênica, jejum intermitente, mediterrânea… Todas devem ter o mesmo objetivo de déficit calórico”, comenta. A redução de calorias é importante nessa jornada, pois o corpo precisa “gastar” mais do que consome para a perda de peso. Além disso, reduzir ou suspender alimentos gordurosos, industrializados e com muito açúcar são parte do plano de reeducação.
Uso de medicamentos
Muitos fármacos desempenham um papel importante nos tratamentos para a obesidade. Contudo, eles dependem da orientação e avaliação médica para o consumo. Por exemplo, caso a pessoa tenha dificuldades para ter saciedade, poderá se beneficiar de medicamentos com ação inibidora de apetite, como a semaglutida e a liraglutida. Por outro lado, se o indivíduo possui transtornos emocionais, poderá utilizar outro tipo de fármaco, como ansiolíticos e antidepressivos.
Terapia
A terapia é uma grande aliada de pessoas com obesidade e distúrbios variados, pois é complementar ao processo medicamentoso e vice-versa. “É importante que o paciente entenda os gatilhos que geram esse desajuste [emocional e alimentar] e consiga identificar os sintomas. A partir de então, é possível aprender técnicas que o ajudarão no controle de pensamento e mudança duradoura de sua relação com a comida”, afirma Higor Caldato, médico psiquiatra e sócio da Nutrindo Ideais.
Atividade física
O sedentarismo é um grande fator de risco para obesidade e outras enfermidades potencialmente graves. Dessa forma, o exercício físico não ajuda apenas a driblar a condição e suas consequências. Treinar estimula o metabolismo e a queima de gordura, mas também melhora o humor e a disposição. Com isso, o exercício fica mais prazeroso com o passar do tempo, pois estimula a produção de hormônios do bem-estar, essenciais para a motivação ao tratamento.
Especialidades que participam dos tratamentos para obesidade
Como a obesidade está relacionada a diversos fatores, o ideal é contar com uma equipe de multiespecialidades. Confira os principais profissionais envolvidos nessa trajetória:
- Clínico geral: será o primeiro ponto de contato do paciente com as possibilidades de tratamento. Desse modo, o clínico geral pedirá os exames iniciais, e encaminhará a pessoa para outros especialistas.
- Endocrinologista: é ele quem avaliará se o ganho de peso é potencialmente prejudicial à saúde e qual a possível causa desse aumento. Além disso, o profissional poderá predizer alguma comorbidade.
- Nutricionista/nutrólogo: ambos ajudarão na mudança dos hábitos alimentares, com dicas e cardápios de acordo com o objetivo e preferências pessoais.
- Psicólogo/psiquiatra: enquanto o psicólogo trabalhará a saúde mental e emocional do indivíduo, o psiquiatra tratará possíveis transtornos (como compulsão alimentar), prescrevendo medicamentos, se necessário.
- Educador físico: por fim, o acompanhamento regular com um educador físico é essencial. Ele passará treinos pensados de acordo com a condição física da pessoa, para que a prática esportiva seja feita com segurança.
Fontes: Clínica Nutrindo Ideais – Francisco Tostes, médico endocrinologista; Higor Caldato, médico psiquiatra; e Mabiane Almeida, nutricionista.