Por que sinto fome mesmo depois de comer?
Você provavelmente já ouviu o ditado “saco vazio não para em pé”. Tal expressão popular se refere, na verdade, à alimentação. Como um hábito essencial, precisamos dela para termos energia para realizar as atividades no dia a dia. Mas e quando o “saco” já está cheio e, mesmo assim, a sensação de saciedade não aparece? “Sinto muita fome mesmo depois de comer”. Tal queixa é recorrente e funciona como um alerta de que alguma das etapas do processo de digestão não está funcionando como deveria.
Existem algumas razões pelas quais sentimos vontade de continuar a comer logo após uma refeição. Alguns pesquisadores da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, realizaram um estudo para entender esse fenômeno. Por meio de um experimento, eles descobriram que a questão emocional e comportamental pode estar envolvida.
Ou seja, quando alguém faz uma dieta restritiva, por exemplo, em que o comportamento de antes é inibido, as chances de se ter uma recaída são grandes. Por isso, algumas pessoas acabam comendo mais do que o corpo realmente necessita.
Além disso, a nutricionista Carol Maretto pontua outros motivos que justificam a sensação de fome desregulada, e ainda destaca: “Quanto menos nutrientes e descanso, mais vontade de comer você tem em busca de energia”.
Por que sinto muita fome depois de comer?
Acima de tudo, ao realizar uma refeição, é importante buscar estar consciente. O mindful eating, por exemplo, é uma ótima forma de se conectar ao momento presente e se alimentar com atenção plena. Quando você come com pressa ou distraído enquanto realiza outras atividades, a mastigação fica comprometida. “Você não dá tempo de ter a sinalização de hormônios da saciedade e, aí, a sensação de fome acontece”, explica a especialista.
Além disso, a hidratação ao longo do dia é essencial para uma boa digestão e, consequentemente, para a sensação de satisfação após a ingestão dos alimentos. Quando não há o consumo adequado de água, o cérebro se confunde e acredita que é preciso comer mais para saciar a sede.
O prato, por sua vez, deve ser composto por alimentos com diferentes propriedades e nutrientes, sempre de maneira equilibrada. Caso exista um déficit na quantidade de proteína, provavelmente a sensação de fome irá permanecer. Os carboidratos refinados e os açúcares, por exemplo, são processados rapidamente pelo organismo e, assim, não causam saciedade por muito tempo.
Consequências
A longo prazo, tal fenômeno pode ser bastante prejudicial para a saúde. Carol explica que é preciso buscar ajuda profissional, já que: “as faltas de saciedade e de energia podem trazer como consequência: comer além do ideal, exagerar em calorias não nutritivas, aumentar a ansiedade, piorar a digestão e até contribuir para o ganho de gordura corporal.”
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Mudando os hábitos
Algumas alterações na rotina devem ser adotadas a fim de excluir o pensamento “sinto muita fome mesmo depois de comer” da sua vida e, assim, conquistar uma relação mais saudável com a comida. Veja alguns hábitos necessários:
- Observar a mastigação (ao dar uma garfada, descanse os talheres e faça duas respirações até a próxima);
- Evitar beber líquidos durante as refeições;
- Compor metade do prato com vegetais;
- Beber dois litros de água/dia.
Caso a fome ainda permaneça, em vez de recorrer a alimentos com alto teor de carboidratos, açúcares ou até industrializados, aposte em legumes e vegetais, que possuem bastante fibras e poucas calorias. Além disso, é preciso investir em proteínas de boa qualidade nas refeições, como: ovos, carne, peixes, tofu e feijões.
Uma dica de ouro da especialista é ter sempre por perto um punhado de tomatinhos-cereja. Dessa forma, quando a vontade de mastigar algum alimento surgir, é possível usá-los como uma alternativa saudável.
Para além do ato de comer, outros hábitos também interferem na sensação de fome. O sono, por exemplo, deve estar sempre ajustado: pelo menos seis horas por dia são necessárias para descansar e recompor as energias do corpo. E se a insônia ou a dificuldade para dormir são companheiras recorrentes, é interessante buscar mecanismos para evitá-las, como seguir uma rotina para a hora de dormir, realizar meditações e implementar a higiene do sono.
Fonte: Carol Maretto, nutricionista da Clínica Aguilera.