Síndrome de Sjogren: o que é, causas, sintomas e tratamento

Saúde
05 de Julho, 2022
Síndrome de Sjogren: o que é, causas, sintomas e tratamento

O sistema imunológico é umas das principais fortalezas para a saúde do organismo. Dentre as suas inúmeras funções, a que se destaca é a de proteger o corpo contra inflamações, infecções causadas por vírus, bactérias e por outros agentes nocivos. No entanto, algumas doenças crônicas e autoimunes atrapalham o funcionamento dessa defesa. É o caso da síndrome de Sjogren, que provoca uma série de alterações na imunidade que prejudicam as glândulas lacrimais e salivares. Além disso, a enfermidade pode comprometer outras áreas do corpo, como articulações, pulmões, rins, pâncreas, entre outras.

Veja também: Afinal, o que é a síndrome de Rokitansky? Conheça a condição que afeta mulheres

O que é a síndrome de Sjogren?

Vimos que a condição afeta o sistema imunológico e que se desdobra na inflamação das glândulas que produzem lágrimas e saliva. Ou seja, próprio corpo produz autoanticorpos que combatem algumas células e tecidos do corpo. Como resultado, a pessoa sente os olhos, boca, vias aéreas e até íntimas mais ressecadas do que o normal, o que limita a qualidade de vida. Afinal, a escassez dos fluidos que lubrificam a visão e mucosas deixam essas regiões mais sensíveis e irritadas. Apesar disso, a síndrome é rara — segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a cada mil pessoas, 2 manifestam os sintomas. As mulheres são a maioria, principalmente com idades entre 40 e 60 anos. Contudo, a síndrome de Sjogren pode surgir em outros grupos fora do alvo.

Causas

De acordo com a SBR, as origens da doença ainda não são muito claras. Mas o que se sabe é que portadores de outras doenças reumáticas, como o lúpus eritematoso e a artrite reumatoide, são mais suscetíveis à síndrome. Quando a doença é decorrente de enfermidades como as citadas, sua classificação é secundária, pois iniciou a partir de outras manifestações. Por outro lado, quando a síndrome de Sjogren é primária, a provável causa é mais isolada, com predisposição genética associada a infecções por vírus, alterações hormonais e emocionais e até a condições ambientais.

Sintomas da síndrome de Sjogren

A secura excessiva de olhos e boca é o sinal mais comum da enfermidade. A pessoa sente muito incômodo na visão, como se os olhos estivessem cheios de areia ou queimando. Já o ressecamento da boca e das mucosas internas pode atrapalhar a alimentação, sobretudo a mastigação e ingestão de ingredientes mais secos e sólidos. Como dissemos no início, a falta de lubrificação pode atingir outras áreas do corpo. Por exemplo:

  • Vagina: a genitália feminina fica ressecada e pode exigir o uso de lubrificantes para evitar o atrito durante as relações sexuais.
  • Vias aéreas: mucosas do nariz e da garganta ficam mais propensas a sangramentos e irritações, como tosse e rinite.
  • Pele: o maior órgão do nosso corpo também torna-se mais frágil e carente de hidratação.
  • Articulações: algumas pessoas podem sofrer com a pouca quantidade de líquido sinovial, responsável por dar fluidez às articulações. Consequentemente, ocorrem as dores articulares, que podem evoluir para um quadro de inflamação.

Outros sintomas da síndrome de Sjogren

Cansaço, fadiga e dificuldade de locomoção causada por inflamações osteoarticulares também são evidências da síndrome. Às vezes, inclusive, alguns pacientes podem ter problemas em outros órgãos e sistemas: nervoso, circulatório, pâncreas, rins, fígado e pulmões.

Diagnóstico

Antes de mais nada, é fundamental recorrer a um médico para avaliar os sintomas. Afinal, muitas pessoas negligenciam a secura das mucosas e demoram para buscar assistência médica. Ao observar todas as queixas, o profissional pedirá exames laboratoriais e de imagem. Contudo, o resultado mais importante é do exame que detecta o autoanticorpo anti-SSA/Ro. Quando há a presença do agente, o diagnóstico se confirma. Em contrapartida, o exame pode acusar negativo, o que exigirá a biópsia das glândulas salivares, que é feita em laboratório e é minimamente invasiva.

Especialidades envolvidas no diagnóstico e acompanhamento

Por ser uma doença rara, o diagnóstico pode ser mais complicado, pois é confundida com outras enfermidades ou mesmo subestimadas quando os sintomas são mais sutis. Portanto, vale reforçar a busca por um médico de confiança, cujos especialistas podem ser:

  • Endocrinologista.
  • Dermatologista e ginecologista.
  • Oftalmologista e dentista.
  • Reumatologista.
  • Otorrinolaringologista e clínico geral.

Tratamento da síndrome de Sjorgen

As linhas de cuidado dependem dos sintomas de cada pessoa. A princípio, o médico pode indicar medicamentos que estimulam a produção de lágrimas e saliva, além de anti-inflamatórios como o corticoide, caso o paciente tenha outros tipos de inflamações (articular, por exemplo). Há, ainda, um procedimento cirúrgico que pode melhorar o ressecamento dos olhos, atuando diretamente sobre o canal lacrimal.

Cuidados além dos remédios

Mudar alguns hábitos será essencial para notar o avanço do tratamento. Veja algumas dicas:

  • Evitar ambientes muito secos e poluídos.
  • Utilizar colírios com a proposta de “lágrima artificial”, que ajuda a melhorar a lubrificação ocular.
  • Incluir umidificadores nos ambientes da casa, como sala e quartos.
  • Reduzir o tempo de telas: computadores, smartphones, televisão, videogame etc.
  • Prestar mais atenção ao piscar de olhos para incentivar a produção de lágrimas.
  • Beber bastante água e redobrar os cuidados com a pele.
  • Respeitar os intervalos das visitas de rotina para acompanhar o progresso do tratamento.

A síndrome de Sjogren tem cura?

Não há uma solução definitiva para a condição. Felizmente, o controle adequado por meio dos medicamentos e revisão de cuidados traz mais qualidade à saúde e rotina da pessoa.

Referências: Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR); Mayo Clinic; e Sjogrens’s Foundation.


Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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