Reserva ovariana: Como investigar e quais são os exames indicados
A reserva ovariana é o principal marcador da fertilidade da mulher. Isso porque ela representa a quantidade de folículos presentes nos ovários, que vai diminuindo progressivamente com o avanço da idade. Saiba mais:
O que é exatamente a reserva ovariana?
A reserva ovariana nada mais é do que a quantidade de folículos presentes nos ovários da mulher. Geralmente, a cada mês, um deles se rompe e libera um óvulo durante a chamada ovulação. Caso esse óvulo seja fecundado, a mulher engravida. Se não for, ocorre a menstruação.
Acontece que a mulher já nasce com uma quantidade pré-determinada de folículos. Ou seja, o corpo não produz mais ao longo da vida, eles apenas vão diminuindo de número mensalmente. É por isso que, ao saber qual o seu “estoque” de folículos, é possível calcular aproximadamente o período em que você entrará na menopausa (quando não ocorre mais a ovulação).
“Todos os óvulos que a mulher terá ao longo da vida são produzidos enquanto ela ainda é um bebê, dentro do útero materno. Sabe-se que, até a metade da gestação, a menina tem de 6 a 7 milhões de óvulos. Quando nasce, o número cai para 1 a 2 milhões e, a partir daí, não para mais de diminuir”, explica Nilo Frantz, médico especialista em reprodução humana.
“O ovário vai se esvaziando até que, no fim dos 30 e início dos 40 anos, o estoque de óvulos no corpo feminino está praticamente zerado. Assim, com os passar dos anos, a fertilidade feminina vai diminuindo até a menopausa”, expõe o especialista em reprodução humana.
Qual a importância da reserva ovariana?
De acordo com Nilo Frantz, a reserva ovariana tem grande importância para quem pretende ser mãe, pois as mulheres dependem dela para a realização do sonho da maternidade. Desse modo, uma consulta com um especialista é importante para que as mulheres possam saber como está a situação da sua fertilidade.
Ele ressalta que existem algumas situações que indicam uma maior necessidade de realização dos exames. São elas:
- Mulheres de até 35 anos que não engravidaram depois um ano de tentativas;
- Mulheres com mais de 35 anos que não engravidaram depois de 6 meses de tentativas;
- Pacientes que passarão pelo tratamento de reprodução assistida;
- Mulheres que querem postergar a maternidade realizando o congelamento de óvulos;
- Pacientes que serão submetidas à cirurgia de retirada de cistos nos ovários;
- Pacientes que farão alguma cirurgia de endometriose e mulheres que passarão por tratamento de quimioterapia ou radioterapia.
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Quando investigar a reserva ovariana?
A partir dos 30 anos a primeira investigação já pode ser feita. “Se a mulher pretende engravidar ou está em dúvida, mas não exclui a possibilidade de engravidar futuramente, a avaliação da reserva ovariana está indicada. Pode ser feita anualmente, junto com a rotina ginecológica”, explica Fernanda Imperial, ginecologista e especialista em reprodução humana.
Mas apesar da importância de saber a reserva ovariana para fazer um plano individualizado para uma gravidez futura, também há casos em que o casal já está tentando engravidar e não consegue. Se isso ocorrer há mais de um ano, é mais um motivo para fazer a avaliação, pois uma reserva baixa pode atrapalhar a fertilidade.
Principais exames para avaliar a reserva ovariana
Ultrassonografia Transvaginal
A ultrassonografia transvaginal é feita entre o 2º e o 3º dia do ciclo menstrual. Nesse sentido, o exame permite que o médico observe imagens dos folículos e conte quantos a mulher tem naquele mês específico. Dessa forma, quanto maior o número de folículos, maior a reserva ovariana.
Vale salientar ainda que a contagem de folículos está muito relacionada à idade da mulher. De modo geral, com o passar dos anos, a quantidade deles diminui. Contudo, em casos excepcionais, há mulheres mais velhas que ainda possuem uma boa reserva ovariana, porém os óvulos são de baixa qualidade.
FSH Basal
O FSH Basal é um exame de sangue realizado entre o 2º e o 5º dia do ciclo menstrual. Ele serve para medir a quantidade do hormônio folículo-estimulante (FSH), indutor natural dos ovários.
Dessa forma, os níveis de FSH aumentam conforme a mulher se aproxima da menopausa. Portanto, ele é um marcador efetivo da baixa reserva ovariana. Sendo assim, quanto mais altos forem os níveis de FSH, menor será a possibilidade de gravidez.
Contudo, embora o FSH indique uma baixa reserva ovariana, ele não é um marcador da qualidade dos óvulos. Dessa forma, em alguns casos, mesmo que a reserva ovariana seja baixa, a gravidez é possível.
Hormônio antimülleriano (AMH)
O exame que testa o hormônio antimülleriano é um exame de sangue mais moderno e eficaz na verificação da reserva ovariana. O AMH é produzido pelas células dos ovários onde se desenvolvem os folículos.
Sendo assim, quanto maior o número dos folículos no ovário, maior a reserva ovariana e a concentração sanguínea de AMH. Este hormônio, diferente do FSH, não sofre variação expressiva dentro do ciclo menstrual.
No entanto, ele só pode ser realizado a partir da puberdade, quando a capacidade reprodutiva da mulher está completa. Antes dessa idade, ele é indetectável.
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Resultados
“O resultado pode mostrar se a reserva ovariana está normal para idade ou diminuída”, explica Fernanda Imperial. Caso esteja baixa, não é sinônimo de infertilidade, mas acende um alerta para pensar em possibilidades.
“Com essa informação a mulher deve decidir junto com seu médico se posterga a decisão de maternidade ou se pensa em algum tratamento para congelar os óvulos”, aponta Fernanda Pepicelli, ginecologista e obstetra. “Avaliar a reserva ovariana pode trazer liberdade de escolhas”, finaliza Imperial.
Fonte: Nilo Frantz, médico especialista em reprodução humana da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva.
Dra. Fernanda Imperial, ginecologista e especialista em reprodução humana assistida da clínica VidaBemVinda
Dra. Fernanda Pepicelli, ginecologista e obstetra pela Febrasgo