Pedra nos rins: Ludmilla vai a hospital após dores; veja os sintomas
A cantora Ludmilla preocupou fãs ao compartilhar stories fazendo exames em um hospital de Curitiba (PR). A artista havia feito um show horas antes na cidade, e precisou ir ao hospital devido a pedras nos rins, que causaram fortes dores durante a apresentação. “Galera, saí do palco direto pro hospital aqui em Curitiba. Graças a Deus não é nada grave. Resumindo: um cálculo [renal] resolveu dar uma volta pela minha barriga. Já fui medicada e liberada, tô me sentindo bem melhor”, escreveu em um dos stories do Instagram.
A pedra nos rins (ou cálculo renal) são formações de aspecto duro que se desenvolvem nos rins ou nas vias urinárias. A condição é resultante do acúmulo de cristais existentes na urina e acontece por uma série de fatores. Por exemplo, beber pouca água, consumir bebidas alcoólicas em excesso, se alimentar mal (com muitos embutidos e produtos industrializados) e ter uma vida sedentária.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia, estima-se que 1 em cada 10 pessoas no Brasil sofra da doença. Entenda melhor, agora, como lidar com a pedra nos rins, bem como o tratamento mais adequado e prevenção.
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Afinal, o que são as pedras nos rins?
Os rins são duas glândulas de cor vermelho-escuro, em forma de feijão, localizadas na região lombar (costas). São os órgãos responsáveis por filtrar e excretar os dejetos presentes no sangue. Os cálculos renais são pedras pequenas e duras que se formam no órgão. O tamanho pode variar, isto é, eles podem ser pequenos demais para serem vistos ou terem mais de uma polegada de diâmetro. Algumas vezes os cálculos ficam nos rins e não causam problemas, mas podem também sair dos rins e descerem pelo trato urinário. Nesse caso, ele ficará preso em algum ponto do trato ou será expelido na urina.
A litíase urinária, como é chamada, é um problema de saúde muito comum no nosso dia-dia. Afeta aproximadamente 10% da população mundial e é altamente recidivante, ou seja, a pessoa pode ter vários episódios de pedras no decorrer da vida. De acordo com a National Kidney Foundation, aqueles que desenvolveram um cálculo têm aproximadamente 50% de risco de desenvolver outro dentro de 5 a 7 anos.
Quais são as causas?
Conheça as principais causas da pedra nos rins:
- Predisposição genética;
- Baixa ingestão de líquidos;
- Volume insuficiente de urina, ou urina supersaturada de sais;
- Fatores ambientais, como o clima quente, exposição ao calor ou ao ar condicionado, por exemplo;
- Sedentarismo e obesidade;
- Dieta rica em proteínas e em sal;
- Obstrução das vias urinárias;
- Hiperparatireoidismo (transtorno hormonal relacionado ao metabolismo do cálcio);
- Presença de doenças inflamatórias intestinais, como a Doença de Crohn.
Ainda segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, o indivíduo pode ter alterações anatômicas nas vias urinárias e/ou distúrbios em seu metabolismo no sangue e urina que deixam a urina propensa ao surgimento de pedras.
De forma prática, a urina é composta de água e vários elementos; alguns deles “formadores” de pedras como sódio, cálcio, oxalato, fosfato e outros elementos protetores, como o citrato, magnésio e glicoproteínas. O ideal é que esta solução (urina) seja equilibrada entre todos seus componentes. Quando ocorrem variações e desequilíbrio da quantidade destas substâncias, expõe-se o risco de formação das pedras. Por fim, se o cálculo causar uma infecção, podem surgir sintomas como urina turva ou com mau cheiro, além de febre.
Principais tipos de pedras nos rins
Poucas pessoas sabem, mas existem diferentes tipos de pedras nos rins — e eles são classificados de acordo com a composição do cálculo. Segundo o Dr. Flávio Iizuka, médico urologista, os principais tipos de pedras nos rins são formados por:
- Oxalato de cálcio: São o tipo mais frequente. Geralmente, ocorre em homens e mulheres com idade entre 20 e 30 anos, mas podem reaparecer mesmo após o tratamento ter sido finalizado com sucesso. Surgem por alguma disfunção do organismo, como o excesso de absorção de cálcio pelo intestino.
- Fosfato de cálcio: São o tipo mais frequente. Geralmente, ocorre em homens e mulheres com idade entre 20 e 30 anos, mas podem reaparecer mesmo após o tratamento ter sido finalizado com sucesso. Surgem por alguma disfunção do organismo, como o excesso de absorção de cálcio pelo intestino.
- Pedra estruvita: Na grande maioria dos casos, ocorre em mulheres com infecção urinária, sendo que de 10% a 30% dos casos são infecções bacterianas. Neste tipo de cálculo, as pedras podem crescer muito e bloquear um dos rins ou ureter ou a bexiga.
- Ácido úrico: Esse tipo ocorre principalmente em pacientes que possuem ácido úrico com níveis elevados. É mais frequente em homens. Pode ser consequência também de dietas com excesso de proteína ou em pessoas que realizam quimioterapia. Além disso, fatores genéticos também podem contribuir para o surgimento desse tipo de pedra.
- Cistina: Este é um tipo menos comum e que acomete cerca de 2% da população. É decorrente de uma doença rara, hereditária, em que há muita cistina (um tipo de aminoácido) na urina.
Os sintomas mudam de acordo com os tipos de pedras nos rins?
Na maioria dos casos, não. Na verdade, quando a pedra está dentro do rim, ela nem costuma gerar sintomas. “Ela só dá sinais quando começa a se deslocar do rim para a bexiga. Assim, durante o trajeto, acaba provocando a tal cólica renal — uma dor característica e muito forte que se inicia nas costas, mas pode migrar para a bexiga ou para o pé da barriga, dependendo do caminho da pedra”, explica o médico.
Em alguns casos específicos, como os provocados por cálculos de ácido úrico ou de cistina, pode ocorrer também sangue na urina. Esses tipos são de difícil diagnóstico, uma vez que não são visíveis no raio-X — contudo, são detectáveis por meio da tomografia.
Por fim, a pedra de estruvita talvez seja a única com sintomas diferentes. Isso porque ela é causada por uma bactéria que transforma a ureia presente na urina em amônio, e pode evoluir para um quadro de cálculo coraliforme. “Desse modo, surge uma pedra grande (pode atingir vários centímetros de diâmetro) e porosa, onde o micro-organismo vive”, diz o especialista.
Apesar do tamanho impressionante, esse tipo de cálculo dificilmente causa dores — a queixa mais comum é a perda de peso. “Geralmente, acontece em pacientes que tiveram infecções urinárias de repetição não tratadas adequadamente”, afirma Flávio Iizuka. Assim, casos avançados levam à perda progressiva da função renal.
Principais sintomas de pedra nos rins
A maioria das pessoas que sofrem com pedra nos rins apresenta os sintomas a seguir:
- Dor muito forte, quase insuportável, que começa nas costas e se irradia para o abdômen em direção à virilha. É uma dor que se manifesta em cólicas, isto é, com um pico de dor intensa seguido de certo alívio;
- Náuseas e vômitos;
- Sangue na urina;
- Suspensão ou diminuição do fluxo urinário;
- Necessidade de urinar com mais frequência;
- Infecções urinárias;
- Dano à função renal
Além disso, os pacientes também podem ser assintomáticos, ou seja, não apresentar sintomas ou sentir pouca dor durante a passagem da pedra pelo canal que leva a urina do rim para a bexiga (ureter). Isso ocorre, geralmente, com cálculos pequenos.
Quais são os riscos da pedra nos rins?
Conforme mencionado, as pedras podem permanecer nos rins e não causar problemas. Porém, quando descem pelo trato urinário, geralmente causam dor e sangramento. Se ficarem presos, também podem causar uma infecção ou bloquear o fluxo de urina. Se o fluxo de urina for bloqueado por um longo período, o rim pode inchar o suficiente para ser lesado.
Os cálculos viajam pelo trato urinário e podem receber nomes diferentes dependendo da sua localização:
- Um cálculo em um dos ureteres pode ser chamado cálculo ureteral
- Um cálculo na bexiga pode ser chamado cálculo vesical
Outra consequência é a cólica renal, um quadro de dor intensa decorrente da pedra que acaba obstruindo o fluxo de urina vindo do rim em direção a bexiga. Esta situação leva a uma dilatação e aumento de pressão no rim, causando dor forte na região lombar (nas costas). Geralmente, o paciente necessita ir ao pronto socorro para receber medicação analgésica e controlar a dor.
Por fim, as pedras nos rins aumentam o risco de desenvolver doença renal crônica.
Tratamentos para pedra nos rins
A princípio, o tratamento para pedra nos rins dependerá de uma série de fatores como o tamanho, a composição ou a localização do cálculo e do estado clínico do paciente. Geralmente, utilizam-se medicamentos para o controle da dor e para auxiliar na eliminação espontânea do cálculo.
A boa notícia é que a maioria dos pacientes acaba eliminando o cálculo de forma espontânea, sobretudo quando eles são pequenos. Porém, uma parcela menor precisa fazer o tratamento cirúrgico das pedras nos rins, que hoje são muito modernos e menos invasivos. Nesse caso, o paciente é operado e vai embora no dia seguinte e eventualmente até no mesmo dia. Para remover o cálculo, os médicos podem:
- Usar ondas sonoras poderosas para quebrar o cálculo em pedaços pequenos (um procedimento chamado litotripsia) que serão eliminados pela urina.
- Usar um endoscópio para remover o cálculo. Nesse caso, o procedimento pode ser feito pela sua uretra ou rim através de um pequeno corte (incisão) nas costas.
Diagnóstico de pedra nos rins
O diagnóstico é feito pelo médico. Dessa forma, ao suspeitar de cálculo com base nos seus sintomas, ele solicitará um exame de sangue na urina. Outro exame comumente recomendado é a tomografia computadorizada, pois localiza o cálculo e identifica se ele está bloqueando o trato urinário.
Como prevenir?
A prevenção da formação dos cálculos urinários baseia-se, principalmente, em uma mudança nos hábitos de vida. Dessa forma, é importante aumentar a ingestão de água e de sucos naturais (preferencialmente os sucos cítricos, como de limão), diminuir o consumo de sal e de alimentos ricos em proteína animal, praticar atividade física regular e evitar o ganho de peso.
Vale lembrar que a pedra nos rins é altamente recidivante, ou seja, a pessoa pode ter vários episódios no decorrer da vida. Por isso, prevenir é o melhor remédio. Sugere-se que todo paciente que tenha pedras seja submetido à exames de urina e sangue para analisar seu perfil metabólico e realizar algumas correções com o uso de medicamentos. A orientação aos pacientes portadores desse problema é que procurem um urologista para realizar tal investigação e exames radiológicos para avaliar a situação atual e orientar tratamento.
A importância da alimentação na prevenção
Segundo o urologista do Hospital e Clínica São Gonçalo, Dr. Mauro Nolasco, a melhor forma de se hidratar continua sendo com a ingestão de água (o ideal é que seja de 2 a 3 litros por dia) e o consumo de frutas cítricas como laranja, limão e abacaxi. Isso porque, de acordo com o médico, esses alimentos são ricos em citrato, uma substância que quando presente na urina, inibe a formação de pedra nos rins.
Por outro lado, o médico lembra que deve-se evitar os chás mais escuros e refrigerantes à base de cola. Isso porque eles são ricos em oxalato, que em excesso causa a formação de pedra nos rins.
“Os refrigerantes diet e zero são ricos em sódio, substância que também favorece o aparecimento de cálculos renais. Sem contar que os refrigerantes contêm açúcar, que aumenta o índice de obesidade. Sabe-se muito bem hoje que a obesidade e o sobrepeso também estão diretamente ligados à formação de cálculo renal”, alerta o médico.
Perguntas para o médico
Estou em dúvida se eliminei uma pedra no xixi. O que fazer?
Ao perceber a possibilidade de estar eliminando um cálculo, utilize um filtro de papel para recolhê-lo. A análise de sua composição pode orientar o médico na escolha do tratamento mais adequado.
Grávidas têm mais chance de desenvolver pedra nos rins?
Durante a gestação, as mulheres têm alterações no sistema urinário. Ocorre uma dilatação fisiológica nas vias urinárias devido ao aumento do útero e elevação da progesterona. Este processo pode levar à estase (represamento) de urina que predispõe maior agregação de cristais formadores das pedras.
Além disso, a produção de uma substância chamada 1,25 hidroxicolicalciferol pela placenta eleva a presença de cálcio na urina e, como consequência, eleva o risco do desenvolvimento das pedras. A boa notícia é que, também nesse período, existe o aumento na produção de citrato (que é um elemento de proteção contra formação das pedras), equilibrando a situação. Sendo assim, não significa que as mulheres tenham maior chance de formar pedras durante a gravidez. Porém, o manejo da gestante com litíase é muito particular e exige cuidados diferenciados.
Por que as pedras nos rins aumentam no verão?
A incidência de cálculos renais aumenta até 30% no verão por conta da exposição excessiva ao sol. Por isso, o ideal é que se beba bastante água e que urine de dois a três litros de líquido por dia e que a urina esteja clara. Essas são as orientações que o indivíduo que tem pré-disposição ao cálculo renal deve seguir e principalmente aumentar essas indicações à risca no verão.
Devo aumentar o consumo de água diante de uma crise renal?
A ingestão de água é uma das principais recomendações médicas para prevenir o surgimento de pedras nos rins e crises de cólica renal. No entanto, essa indicação é uma ação apenas preventiva e só é válida quando o paciente apresenta condição saudável. Dessa forma, durante uma crise de cálculo renal, o indicado é ter mais cautela com o volume de líquido, pois a presença de náuseas e vômitos é frequente e a ingestão excessiva de água pode aumentar esses sintomas.
Crianças podem ter pedras nos rins?
Sim, sobretudo em crianças a partir dos 5 anos. Trata-se de um problema comum, causado, principalmente pela alimentação. É comum, por exemplo, que crianças não bebam líquidos suficientes e que comam alimentos ricos em sal. Por isso, o ideal é que elas consumam menos menos alimentos industrializados, bem como refrigerantes e bebidas açucaradas.
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Fontes: Dr. Flávio Iizuka, médico urologista e pesquisador pela Universidade de São Paulo (USP); e Dr. Mauro Nolasco. urologista do Hospital e Clínica São Gonçalo e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia.
Referências: Biblioteca Virtual em Saúde; National Kidney Foundation; Sociedade Brasileira de Urologia, Centro Brasileiro de Urologia, Manual MSD e Uninefron.