Lipedema e hormônios: Entenda a relação
O lipedema é uma doença causada pelo acúmulo de gordura nos braços, nos quadris e, principalmente, nas pernas. Além disso, ele provoca dores, problemas de locomoção e uma sensação de peso nesses membros. Hoje, a sociedade sabe um pouco mais sobre o assunto, mas pouco se fala na relação entre lipedema e hormônios. Por isso, entenda melhor:
De acordo com dados da Sociedade Espanhola de Medicina Estética (SEME), cerca de 10% das mulheres no mundo sofrem com o problema, que depende dos hormônios femininos estrogênio e progesterona. “Durante o uso de anticoncepcional, no início da puberdade, na gestação e na menopausa, ou seja, em picos hormonais muito grandes, há um gatilho para a doença”, explica o médico Fábio Kamamoto, que dirige o recém-criado Instituto Lipedema Brasil, em São Paulo.
“O lipedema é uma doença que afeta cerca de 5 milhões de mulheres no Brasil, mas que infelizmente é pouco conhecido pelas próprias pacientes e pelos profissionais de saúde. Por isso, a importância de criar o Instituto Lipedema Brasil”, complementa.
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Lipedema e hormônios: Entenda melhor a relação
Embora as causas da condição ainda não tenham sido completamente elucidadas pela ciência, vários especialistas e estudos apontam que a disfunção do estrogênio no organismo pode ser um fator decisivo para o aparecimento do lipedema.
Isso porque o acúmulo desregulado de gordura (que ocorre na enfermidade) é causado pela sinalização desordenada desse hormônio — em circunstâncias normais, o estrogênio interage com a gordura corporal para mantê-la saudável, evitando o aumento de peso, por exemplo. Esse desequilíbrio da substância resulta no aumento da gordura corporal e na inflamação.
Segundo estudos do Lipedema Foundation, de Nova Iorque, o Lipedema se apresenta em momentos de grandes movimentações hormonais na vida da mulher. Por isso, ele raramente atinge homens — os poucos diagnosticados com a condição apresentaram baixos níveis de testosterona e altos níveis de estrogênio.
Características do lipedema
As principais características do lipedema são:
- Dores frequentes nas regiões das pernas, do quadril, dos braços e dos antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo;.
- Hematomas causados por movimentos mais bruscos;
- Perda de mobilidade (em alguns casos).
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Lipedema e hormônios: Tem tratamento?
Há dois tipos de tratamento para o lipedema: o clínico e o cirúrgico. O clínico é composto por dieta anti-inflamatória (legumes, carnes, pouco sódio, pouco glúten e sem bebidas alcoólicas), uso de plataforma vibratória que diminui o inchaço nas regiões, drenagem linfática para tirar o excesso de líquido, e, por fim, a técnica de taping, aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto.
Essas ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, das pernas e do quadril pois não extraem as células doentes. Já o tratamento cirúrgico, por outro lado, é feito com lipoaspiração e é definitivo. “Uma vez removida, a gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. É possível remover por meio de lipoaspiração até 7% do peso corporal. Ou seja, um paciente de 100 quilos poderia remover até 7 litros de gordura”, finaliza o especialista.
Fonte: Fábio Kamamoto, médico e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Ele dirige o recém-criado Instituto Lipedema Brasil, em São Paulo, e é um dos médicos pioneiros no tratamento do Lipedema no Brasil.