Hemoglobina glicada: o que é e valores de referência

Saúde
16 de Agosto, 2022
Hemoglobina glicada: o que é e valores de referência

Quem tem diabetes talvez já tenha ouvido falar em hemoglobina glicada, também conhecida como a “dedo-duro” de quem convive com a condição. Isso porque o exame é capaz de revelar se o controle do diabetes vai bem ou precisa melhorar e, por isso, é muito importante para avaliar como se comportou a glicemia nos últimos meses. Vamos entender melhor como funciona a hemoglobina glicada e a sua importância para quem tem diabetes.

O que é?

A hemoglobina é o pigmento que dá a cor vermelha ao sangue. No sangue, o açúcar (glicose) se conecta com a hemoglobina formando a hemoglobina glicada. Por isso, quanto maior o nível de glicose na corrente sanguínea, maior a hemoglobina glicada. 

Para que serve? 

O valor que o exame mostra refere-se à taxa de açúcar no sangue nos últimos três meses, que é o tempo de vida da molécula. Por meio de uma porcentagem, é possível checar se o controle do diabetes está adequado ou não. Além disso, o exame pode servir como parâmetro para fazer o diagnóstico de diabetes em pacientes com suspeita da condição. Ainda que seja um excelente parâmetro do controle da glicemia, o exame mostra a média das taxas de açúcar, o que, em alguns casos, pode mascarar hipoglicemias ou hiperglicemias que tenham surgido neste período.

Como interpretar os valores

Os valores de referência mostram uma porcentagem que revela a glicemia média estimada nos últimos três meses:

  • Nível normal = 4,5 a 5,6%
  • Pré-diabetes = 5,7 a 6,4%
  • Diabetes = superior a 6,5%

Contudo, em pessoas com diabetes, o ideal é manter níveis de hemoglobina glicada abaixo de 7%. “Esse valor está associado ao menor risco de complicações do diabetes”, explica a endocrinologista Fernanda Faro.

Limitações

Em algumas situações especiais, o resultado da taxa pode ser afetado. Em pacientes com anemia e insuficiência renal, a hemoglobina glicada pode apresentar resultados falsos, comprometidos por conta dessa alteração. Por isso, nesses casos, é importante o médico ficar atento e pedir novos exames para complementar a avaliação.

Como é feito o exame

O exame é feito através de coleta de sangue, mas não é necessário jejum ou preparo prévio. Contudo, em pessoas com diabetes, deve ser repetido a cada três meses.  

Glicose em jejum x Hemoglobina glicada 

Muitas vezes confundidos, a glicose e a hemoglobina glicada são coisas diferentes. Enquanto a glicose em jejum mostra a taxa de açúcar no sangue no momento da coleta, a hemoglobina glicada revela a média da glicose nos últimos meses. No entanto, geralmente, o médico solicita os dois para acompanhar o controle da glicemia ou investigar o quadro de diabetes

Em muitos casos, principalmente em fases iniciais de pré-diabetes ou diabetes tipo 2, os pacientes podem apresentar glicose em jejum normal. Por isso, a hemoglobina glicada é uma importante ferramenta para investigar o quadro e avaliar o controle glicêmico.

Hemoglobina glicada x Tempo no Alvo

Com o desenvolvimento da tecnologia, surgiram novas formas de acompanhar a glicose. Além do teste de glicemia capilar, que é feito através da gotinha de sangue na ponta do dedo, hoje podemos contar com o uso de sensores de glicose, que acompanham, sem a necessidade de sangue, as taxas de açúcar. “Com esses sensores temos a vantagem de permitir o monitoramento ao longo do dia inteiro, 24 horas por dia”, explica. “Com esse monitoramento, a gente consegue acompanhar as variações da glicose ao longo do dia, principalmente em pacientes que usam insulina.”

A partir desses novos dados, surgiram novas formas de acompanhar o controle do diabetes como o conceito de tempo no alvo. De forma geral, o tempo no alvo é quanto tempo o paciente consegue ficar com a glicose entre 70 e 180mg/dL, mas esses valores podem ser ajustados de acordo com cada caso. “Entretanto, o ideal é que pelo menos ele fique 70% do tempo nessa meta”, conta Fernanda.

Qual é melhor?

Diante disso, qual é a melhor forma de acompanhar o controle do diabetes: hemoglobina glicada ou tempo no alvo? A resposta é nem um, nem outro isoladamente, mas ambos e outras informações. “A hemoglobina é muito importante, mas não pode ser avaliada isoladamente. Entretanto, o tempo no alvo e o monitoramento da glicose de ponta de dedo trazem mais informações e complementam a informação da hemoglobina glicada”, ressalta a endocrinologista.

Quem deve fazer o exame de hemoglobina glicada?

O exame deve ser feito de rotina para acompanhar o controle do diabetes em quem tem a condição, mas para as demais pessoas, é recomendado dosar para rastreio do pré-diabetes e diabetes tipo 2. De olho nisso, a Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda fazer o rastreio em:

  • Pessoas acima dos 35 anos 
  • Pessoas de qualquer idade com sobrepeso ou obesidade, que tenham um ou mais fatores de risco

Fatores de risco para o diabetes tipo 2

Leia mais: Afinal, o que é diabetes?

O que fazer para baixar a hemoglobina glicada?

Quando a hemoglobina glicada está elevada, quer dizer que o controle do açúcar no sangue está ruim. Por isso, nesses casos, é muito importante buscar acompanhamento médico especializado, de preferência, por um endocrinologista, profissional que trata e cuida de pessoas com diabetes. 

“O primeiro passo é o ajuste da alimentação, com menor consumo de carboidratos simples. O segundo passo é a prática de atividade física, ela reduz a resistência à insulina faz com que o hormônio atue melhor, reduzindo a glicemia”, explica a médica. Além disso, o terceiro passo é o tratamento medicamentoso, seja por comprimidos, medicamentos injetáveis ou por insulina.

A conduta do que será necessário para cada paciente pode variar de pessoa para pessoa. No entanto, a mudança de estilo de vida é sempre orientada e estimulada. O controle da glicemia passa por uma vida mais saudável e com mais qualidade. 

Leia mais: Destaques do ADA 2022: novidades no tratamento do diabetes

Fonte: Fernanda Faro, endocrinologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo

Referência: Sociedade Brasileira de Diabetes

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Sobre o autor

Beatriz Libonati
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em diabetes e obesidade.

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