O jejum intermitente é uma das muitas estratégias existentes para o controle e a perda de peso. Por exigir que o paciente fique horas sem ingerir nenhum tipo de alimento, algumas pessoas questionam se é seguro adotá-lo — é o caso, por exemplo, de quem tem diabetes. Mas será que pessoas com diabetes podem fazer jejum intermitente?
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Primeiro, vale entender como funciona a estratégia e por que ela poderia oferecer algum risco à saúde. O jejum intermitente é caracterizado por períodos alternados de jejum e alimentação regular, a fim de melhorar a composição corporal e a saúde geral. Vários são os métodos:
Assim, o programa funciona porque carboidratos, particularmente açúcares e grãos refinados, são rapidamente transformados em açúcar (também chamado de glicose) no organismo, que o utiliza para ter energia. Se não utilizamos todo o estoque, armazenamos esse açúcar em nossas células adiposas (em forma de gordura).
Ao jejuar, restringimos as calorias ingeridas e obrigamos nosso corpo a utilizar a gordura de sobra como fonte de combustível (uma vez que o açúcar estará escasso). Além disso, a prática otimiza a sensibilidade à leptina, que é o hormônio responsável por regular nosso centro de fome e saciedade.
Por outro lado, o diabetes é uma doença metabólica conhecida pela diminuição na produção de insulina pelo pâncreas (tipo 1), pela diminuição da ação da mesma ou, então, pela resistência à insulina (tipo 2). A insulina é o hormônio responsável por colocar a glicose presente no sangue para dentro das células, a fim de “alimentá-las”.
Aí, entra a preocupação de muitos: ficar longos períodos sem comer poderia causar quadros graves de hipoglicemia (queda vertiginosa do açúcar no sangue) em pacientes com diabetes. Isso porque quem convive com a condição (principalmente a do tipo 1) já sofre, naturalmente, com a oscilação da glicemia, e a estratégia alimentar agravaria a situação.
Em um primeiro momento, podemos chegar à conclusão que pessoas com diabetes não pode fazer jejum intermitente. Contudo, se adotado da forma correta (e com acompanhamento médico, é claro), ele pode, sim, ser adotado e trazer benefícios para o tratamento da doença.
“Apesar de menos eficiente no tratamento do diabetes tipo 1, o jejum intermitente tem se mostrado muito eficaz no controle do diabetes tipo 2, sendo capaz até de neutralizar a doença, dependendo do caso”, afirma a nutricionista Dayse Paravidino.
Contudo, é preciso ser muito cauteloso ao adotar o jejum, principalmente se você tem o tipo 1 da condição. “O período de adaptação precisará ser maior e o acompanhamento de um especialista é imprescindível, pois esse tipo de paciente precisa estar sempre atento à resposta do hormônio insulina nos períodos sem comer com o intuito de evitar uma hipoglicemia de risco”, ela diz.
Para os pacientes com diabetes do tipo 2 que utilizam o hormônio, também é necessário um cuidado maior. “Sempre que há o uso de algum medicamento, você deve consultar o seu médico antes de adotar o jejum intermitente”, diz a profissional.
Por fim, ela ressalta que essa estratégia nutricional não deve ser o primeiro passo no tratamento do diabetes. “Adequações que envolvam mudanças nos hábitos (incluindo os alimentares) precisam ser levados em consideração antes. O jejum precisa ser encarado mais como uma ‘ferramenta’ para o controle da doença.”
Fonte: Dayse Paravidino, nutricionista, membro da Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN) e da Associação Brasileira de Nutrição Materno Infantil (ASBRANMI).