Diabetes e chocolate: como equilibrar o consumo?
Março começou, e os supermercados já estão envelopados com ovos, coelhos, barras e bombons de chocolate à espera da Páscoa, que acontece no fim do mês. Quem convive com o diagnóstico de diabetes ou com a resistência insulínica tende a ganhar uma nova batalha nesta época: a tentação ao chocolate que está por toda parte.
Mas, para a Dra Paula Pires, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), é possível vencer esta luta com facilidade, seguindo algumas recomendações médicas. “Um consumo bem regrado e pontual de chocolate, mesmo para pessoas com diabetes, pode ser sim recomendado, desde que evitem os picos de açúcar no sangue”, adverte.
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Como pessoas com diabetes podem comer chocolate com equilíbrio?
A seguir, a médica elenca dicas essenciais:
- 60% ou +: consuma as versões mais amargas do chocolate, ou seja, com alto teor de cacau, superior a 60%. As versões ao leite e branco são ricas em açúcar e gorduras adicionadas. Além de serem pobres nos benéficos polifenóis, ou seja, podem ser prejudiciais à saúde e devem ser evitadas principalmente por pacientes com diabetes;
- Comece pelo rótulo: para escolher a melhor opção, leia atentamente os rótulos dos produtos, observando a quantidade de carboidratos e de gorduras. Se o açúcar for o primeiro ingrediente da lista, significa que esse chocolate tem maior quantidade de açúcar . Consequentemente, ele é menos saudável – tanto para as pessoas com diabetes, quanto para quem não tem;
- Evite o pico glicêmico: consuma o chocolate como sobremesa, ou seja, após comer uma refeição saudável e balanceada com fibras, proteínas e gorduras boas, pois assim o corpo absorve mais lentamente os carboidratos do chocolate e evita picos de glicemia;
- Atenção ao emocional: mastigue devagar e deguste lentamente o seu chocolate, evite comer quando estiver sob muito estresse, com ansiedade ou tristeza, pois emoções desreguladas nos fazem comer mais descontroladamente. Coma devagar, aprecie e evite sentimento de culpa;
- Comunique-se com sua equipe médica: converse com sua equipe de saúde sobre qual seria a quantidade liberada de chocolate para você nesses momentos de celebração. Planeje-se. Privar-se de comer chocolate não é necessário, mas controlar a quantidade e a frequência de consumo faz toda a diferença. Por isso é importante comer com atenção e consciência;
- Rotina de saúde: esteja sempre em dia com os seus exercícios físicos, pois assim seu corpo irá processar muito melhor o chocolate.
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O lado bom
Recomendações de saúde devidamente seguidas, é hora de conhecer os benefícios do chocolate ao corpo humano. “Sua base, o cacau, é rica em flavonoides, compostos fenólicos potentes antioxidantes e anti-inflamatórios naturais”, conta a Dra. Paula, ao comentar que o consumo regular dos flavonoides traz benefícios ao cérebro, ao coração, aos vasos e ao metabolismo.
“Além da melhora da função cognitiva, alguns estudos sugerem que o consumo moderado de chocolate pode ajudar a combater sintomas depressivos, graças à modulação da dopamina e dos opioides no cérebro”, explica a médica.
Por fim, ela cita estudos mostrando que, ao aumentar o consumo de chocolate amargo em 50 gramas por semana, foi possível reduzir o risco de isquemias e hemorragias cerebrais, situações que são mais frequentes nos pacientes com diabetes.
“Nesta Páscoa, peça ao Coelho chocolates com alto teor de cacau e não abuse! Apesar de bom para saúde, o chocolate amargo ainda é um alimento calórico, ou seja, em excesso pode aumentar o peso”, finaliza a médica.
Fonte: Dra Paula Pires, médica endocrinologista e clínica geral formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).