Cortar 250 calorias por dia e praticar exercícios ajuda a prevenir doenças cardíacas, diz estudo

Saúde
14 de Outubro, 2021
Cortar 250 calorias por dia e praticar exercícios ajuda a prevenir doenças cardíacas, diz estudo

Alimentação balanceada e prática de exercícios físicos são os principais pilares para a manutenção do peso e para a melhora da saúde do coração. E, ao contrário do que muitos pensam, não é preciso ir longe para se manter saudável e prevenir doenças cardiovasculares. Um estudo publicado na revista médica Circulation apontou, por exemplo, que cortar somente 250 calorias por dia da dieta e praticar atividades moderadas por 30 minutos apenas quatro vezes na semana já é capaz de melhorar significativamente a rigidez da aorta em pessoas com obesidade.

“O enrijecimento da aorta consiste no endurecimento e na perda da elasticidade da parede dessa artéria. O que dificulta a passagem e a distribuição do sangue e desregula a pressão sanguínea. Como resultado, ocorre um aumento no risco de doenças cardiovasculares (aterosclerose, infarto e derrame), além de danos a uma série de órgãos importantes, incluindo o cérebro, os rins e o fígado”, diz o médico cardiologista, geriatra e nutrólogo Juliano Burckhardt.

De acordo com ele, esse processo ocorre naturalmente com a idade. Mas pode ser acelerado por fatores de risco, como obesidade, tabagismo, genética, sedentarismo e má alimentação.

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Cortar calorias melhora a saúde do coração? Como funcionou o estudo

O estudo contemplou 160 adultos sedentários e com obesidade com idades entre 65 e 79 anos. Eles foram divididos em três grupos: prática de exercícios sem mudanças na dieta; atividade física com redução de 250 calorias por dia na dieta; e realização de exercícios com restrição calórica de aproximadamente 600 calorias por dia.

A duração da pesquisa foi de 5 meses, com a estrutura e o funcionamento da aorta sendo avaliados periodicamente através de ressonância magnética. Após análise dos dados coletados, os pesquisadores observaram que os grupos que combinaram restrição calórica com prática de exercícios apresentaram redução de 10% de seu peso. O que não ocorreu no grupo que apenas realizou as atividades físicas sem mudanças na dieta.

No entanto, apenas o grupo que passou por restrição calórica moderada apresentou melhora significativa da rigidez da aorta. “Estudos anteriores já haviam mostrado que a perda de peso resulta em melhorias metabólicas que reduzem o esforço do coração, diminuem a pressão arterial e, consequentemente, melhoram a saúde da aorta. Então, visto que ambos os grupos com restrição calórica perderam peso de maneira similar, era de se esperar que a redução na rigidez da aorta também fosse semelhante. O que não aconteceu, já que o grupo que restringiu as calorias moderadamente apresentou resultados superiores”, afirma Juliano.

O especialista explica que a hipótese levantada pelos pesquisadores para esse fato é que uma restrição intensa de calorias e, consequentemente, um jejum mais prolongado, resulta em um estado de fome. Com isso, há um aumento nos níveis dos hormônios do estresse, que podem acelerar o enrijecimento das artérias.

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O que isso quer dizer

O estudo reforça que mesmo pequenas mudanças, se realizadas de maneira consistente, podem promover grandes melhorias na saúde cardiovascular. “Uma restrição calórica adequada, combinada à prática de apenas 120 minutos de exercícios por semana, mostrou ser eficiente não apenas para redução de peso a curto prazo. Mas também para aprimorar a saúde do organismo a longo prazo”, diz o cardiologista.

A pesquisa também demonstra a importância do acompanhamento nutricional na perda de peso e na adoção de um estilo de vida mais saudável. “Restrições calóricas drásticas, optadas por muitas pessoas que desejam perder peso, mostraram não ter nenhum benefício adicional quando comparadas a uma redução de calorias mais moderada e bem direcionada. Além disso, essa redução significativa nas calorias é difícil de ser mantida. O mais importante para a saúde do organismo é a consistência.”

Por fim, Juliano Buckhardt acrescenta que não é somente a quantidade calórica que importa, mas também a qualidade dessas calorias. “Alimentos ricos em açúcar refinado, gorduras e carboidratos simples, por exemplo, fornecem uma grande quantidade de calorias vazias. Isto é, que possuem pouco ou nenhum valor nutricional para o organismo. Já uma dieta à base de plantas e rica em folhas, verduras, legumes, frutas, oleaginosas e cereais integrais fornece boas calorias para o organismo”, finaliza.

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Fonte: Juliano Burckhardt, médico cardiologista, geriatra e nutrólogo, membro Titular da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN). É tmabém membro da American Heart Association e da International Colleges for Advancement of Nutrology.

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