Colesterol alto: conheça as causas, sintomas e como tratá-lo
O colesterol é um composto orgânico essencial para o funcionamento do organismo. Ele circula por meio do sangue, tecidos e tem funções variadas. Contribui, por exemplo, como precursor dos hormônios esteróides, que inclui o cortisol (que controla o estresse) e de hormônios sexuais. Também ajuda na síntese de vitamina D e de ácidos envolvidos na digestão de gorduras no trato gastrointestinal. Trata-se de uma substância solúvel apenas em gorduras, portanto, precisa ser transportada pelo sangue por meio de lipoproteínas: o HDL (High Density Lipoprotein), considerado o colesterol “bom” e o LDL (Low Density Lipoprotein), o “ruim”, responsável pelo colesterol alto.
O colesterol alto é uma doença crônica caracterizada pelo aumento dos níveis de colesterol no sangue. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 40% dos brasileiros apresentam a condição, aproximadamente 86 milhões de pessoas, sendo responsável por cerca de 300 mil mortes por infartos e derrames todos os anos. Conheça suas causas, sintomas, tratamentos e como reduzi-lo.
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Afinal, o que é o LDL?
O LDL é responsável pelo desenvolvimento de placas de gordura na parede interna dos vasos sanguíneos. Por isso, dificulta a circulação do sangue e pode provocar infarto do miocárdio (ataque cardíaco), derrame cerebral ou até mesmo, levar à morte.
Os valores de referência para o LDL variam conforme o risco cardíaco do paciente. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), o ideal é 50 miligramas por decilitro para pessoas com risco cardíaco muito alto – quem já sofreu infarto ou derrame, por exemplo. Pessoas com diabetes entram no grupo de alto risco e devem ter o LDL abaixo de 70 miligramas por decilitro. O índice para pessoas sem fatores de risco é de até 130 mg/dl.
Quais são as causas para o colesterol alto?
De acordo com a Dra. Natália Morales de Camargo, endocrinologista, a maioria das pessoas que têm colesterol alto é devido a predisposição genética. Entretanto, a dieta é responsável por 30% dos casos. “Muitos não imaginam, mas pessoas magras também podem ter o distúrbio”, adverte a médica.
O Dr Fernando Cerqueira, nutrólogo, afirma que a menopausa também é um fator de risco para o aumento do colesterol. “Essa doença pode atingir pessoas de qualquer idade, desde crianças até idosos”, afirma. Confira as principais causas:
- Dieta rica em gordura saturada: Encontrada em alimentos processados, carnes, manteiga e laticínios – aumenta a incidência de colesterol, assim como consumir muitos alimentos ricos em colesterol, como carne vermelha;
- Obesidade: ter um índice de massa corporal (IMC) maior que 30 pode estar associado aos níveis mais baixos de colesterol bom (HDL) e níveis mais altos do ruim (LDL);
- Diabetes;
- Sedentarismo: Quanto mais você se move, menor a probabilidade de estar com sobrepeso ou obesidade. Mas essa não é a única maneira que o exercício pode afetar o colesterol. O treino também aumenta os níveis de colesterol bom e aumenta o tamanho das partículas de LDL, o que as torna menos prejudiciais;
- Fumar: Se você não parou de fumar, o que está esperando? O cigarro contribuiu para as causas de mortes por câncer de pulmão e pode desenvolver a doença em muitas outras partes do corpo. Mas, como se isso não fosse motivo suficiente, fumar reduz os níveis de HDL (colesterol bom) e danifica as paredes dos vasos sanguíneos.
Colesterol alto: sintomas
Pessoas com colesterol alto não apresentam sintomas durante muitos anos e podem ser surpreendidas com um infarto do coração, por exemplo. Por isso, é fundamental o check up médico anualmente.
Riscos para a saúde
Ao contrário do que muitos pensam, o colesterol nem sempre é prejudicial à saúde. O HDL, por exemplo, ajuda a remover o excesso de LDL e diminui os riscos de desenvolver doenças cardiovasculares. Entretanto, o LDL alto pode trazer riscos para a saúde. “O colesterol passa a ser uma preocupação quando, além de valores acima da referência, o indivíduo também apresenta fator de risco ou histórico familiar para doenças cardiovasculares, diabetes ou se é tabagista”, afirma a Dra. Natália.
Como consequência da hipercolesterolemia (aumento da concentração de colesterol no sangue), o risco de aterosclerose causada pelo excesso de gordura na corrente sanguínea, bem como doenças nas artérias coronárias, como AVC, infarto e pressão alta, aumentam. A longo prazo, vários órgãos podem ser afetados pelo aumento do colesterol. Por isso, é muito importante o controle dos níveis no sangue. O diagnóstico no início da doença evita complicações.
Como diagnosticar o colesterol alto?
O diagnóstico do colesterol alto é rápido, fácil e requer apenas um exame de sangue, de acordo com a orientação do médico. Dessa forma, a realização de um perfil lipídico é o mais indicado.
Como tratar?
O tratamento do colesterol alto é feito por meio de cuidados individualizados. Além dos medicamentos indicados, é necessário que o paciente adote um novo estilo de vida que inclua mudança nos hábitos alimentares e prática de atividade física regular.
De acordo com a Dra. Natália, algumas dicas para o controle dos níveis aceitáveis de colesterol são: moderar o consumo de alimentos como carnes vermelhas, leite integral e derivados e abandonar de vez o sedentarismo. “Cozinhar os alimentos com o mínimo de gordura e, principalmente, evitar frituras também são conselhos importantes no combate ao LDL. Opte pelos grelhados e assados”, finaliza a especialista.
Como prevenir?
- Tenha uma alimentação mais saudável. Prefira grãos integrais, frutas, legumes, vegetais e proteínas magras;
- Reduza o uso de sal e alimentos industrializados;
- A atividade física regular deve fazer parte do dia a dia, sempre combinando com o médico a frequência e os tipos de exercícios.
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Fontes:
Dra. Natália Morales de Camargo, endocrinologista do Hospital Albert Sabin (HAS)
Dr. Fernando Cerqueira, fellow endocrinológico pela UW School Of Medicine, nutrólogo responsável pela Clínica FC. Especialista em Nutrologia pela ABRAN. É membro da Sociedade Brasileira para Estudos da Fisiologia (Sobraf) – (CRM 62831-MG).
Referência: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).