Captura híbrida HPV: o que é, para que serve e resultados
Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde revelou que 54,6% dos brasileiros entre 16 e 25 anos estão infectados com o HPV, o papilomavírus humano. Desse total, 38,4% são de tipos de alto risco para o desenvolvimento de câncer do colo do útero. Além desse tipo de câncer, o HPV pode causar verrugas ou outros tipos de lesões. Uma das formas de diagnosticar essa infecção sexualmente transmissível é realizar a captura híbrida HPV.
O que é HPV?
Antes de falar sobre a captura híbrida HPV, precisamos explicar o que é o HPV, sigla usada para se referir ao papilomavírus humano. O HPV é uma infecção sexualmente transmissível (IST) que atinge a pele ou as mucosas (oral, genital ou anal), favorecendo o surgimento de verrugas, coceira e vermelhidão nessas regiões.
Além disso, HPV é um vírus capaz de gerar lesões que podem causar doenças mais graves. Dentre eles, o câncer de colo de útero, da vulva, da vagina e do ânus.
Existem, aproximadamente, mais de 200 tipos de HPV. Confira como são classificados:
- HPV 1, 2, 3, 4, 6, 7, 10 e 11: causam o aparecimento de verrugas.
- 16 e 18: são tipos oncogênicos (apresentam maior risco de infecções associadas a lesões precursoras), presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero.
- HPV 6 e 11: tipos não oncogênicos e estão presentes em 90% dos condilomas genitais e papilomas laríngeos.
Como saber se uma pessoa possui HPV?
A melhor forma de descobrir se uma pessoa possui HPV é através de exames de diagnóstico, como a captura híbrida HPV. Além disso, outros exames que utilizam da biologia molecular para pesquisar a presença do HPV também ajudam no diagnóstico, como o PCR e a Hibridização in situ.
Importante ressaltar que tanto homens quanto mulheres podem ter a infecção pelo HPV, que pode ou não vir acompanhada de lesões, sejam elas visíveis ou não.
O que é captura híbrida HPV?
De acordo com Dra. Isabella Albuquerque, ginecologista na Pineapple Medicina Integrativa, a captura híbrida é o nome de uma das técnicas para diagnóstico da presença de DNA do papilomavírus humano (HPV) em amostras coletadas do colo uterino.
Apesar do Papanicolau ser o exame mais pedido pelos médicos, esse tipo de exame detecta alterações das células do colo do útero apenas quando a lesão já está estabelecida. Já a captura híbrida é mais eficaz quanto à detecção precoce da presença do HPV, pois detecta o material genético (DNA) do vírus HPV e, por isso, não é necessário que a lesão já esteja estabelecida para ser diagnosticado.
Para que serve a captura híbrida HPV?
Para entender melhor para que serve a captura híbrida HPV, Isabella ensina que esse exame identifica a presença do HPV no trato genital, assim como na classificação do tipo do vírus, quando este está presente.
Dessa forma, a classificação resulta em dois grandes grupos, conforme o risco de desenvolvimento de lesões precursoras de cânceres. São eles:
- Grupo de baixo risco.
- Grupo de alto risco.
“A captura híbrida HPV serve como um exame de triagem para avaliar as pacientes com risco aumentado de desenvolvimento de lesões”, complementa Dra. Isabella.
Como se preparar o exame
Assim como a maioria dos exames, o paciente precisa se preparar para a realização do exame de captura híbrida HPV. As recomendações da ginecologista são:
- Não manter relação sexual 3 dias antes da coleta.
- Estar fora do período menstrual.
- Não realizar duchas vaginais ou utilizar cremes, pomadas ou óvulos vaginais por 72 horas antes do exame.
Possíveis resultados da captura híbrida HPV
Após realizar o exame da captura híbrida HPV, o médico precisará avaliar os resultados e considerar os sinais e sintomas apresentados pela paciente.
De acordo com a ginecologista, existem dois possíveis resultados: “O exame pode ser negativo, quando não há presença do vírus na amostra coletada, ou positivo, quando o DNA do HPV é encontrado entre os subtipos de alto ou de baixo risco para desenvolvimento de lesões precursoras”, informa.
Os resultados dos testes possuem relação com RLU/PC, valores prognósticos de desenvolvimento de lesão de alto grau e câncer cervical. Sendo assim, o resultado é considerado positivo quando as relações RLU/PCA para os vírus do grupo A (6, 11, 42, 43 e 44) e/ou RLU/PCB para os vírus do grupo B (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68) forem iguais ou maiores que 1.
Entenda melhor os possíveis resultados:
- HPV positivo
A ginecologista explica que quando o resultado se mostra positivo, temos a identificação da presença do HPV no trato genital. Esse tipo de resultado é bastante comum, visto que a maioria das mulheres em algum momento da vida vai ter contato com o vírus.
“Porém, a persistência do vírus em regiões como o colo uterino pode induzir ao desenvolvimento de lesões precursoras de câncer e, portanto, pacientes com esse resultado devem ser acompanhados com maior atenção para diagnóstico e tratamento precoce de eventuais lesões”, orienta.
- HPV negativo
Se o resultado de captura híbrida for negativo, significa que foi identificada a ausência de DNA viral na amostra coletada. “Sendo assim, isso mostra uma redução importante do risco de lesões, visto que o HPV é o maior fator de risco para câncer de colo de útero e suas lesões precursoras”, lembra.
Como se prevenir contra o HPV?
A Dra. Isabella Albuquerque aconselha que a forma mais eficaz de prevenção é a aplicação das vacinas contra HPV, idealmente ainda durante a infância.
Tratamentos para HPV
Ainda não existe nenhum tratamento aprovado para tratamento da infecção do HPV, existem apenas tratamentos para as lesões induzidas pelo vírus. “Essas lesões podem ser tanto visíveis, como as verrugas genitais, quanto alterações visíveis apenas com exames de magnificação como a colposcopia”, esclarece a médica ginecologista.
Dessa forma, existem diversos tratamentos para as lesões, que vão depender do tipo e do local de acometimento, incluindo pomadas, ácidos, laser ou cirurgias de alta frequência.
HPV tem cura?
A boa notícia é que HPV tem cura: “A infecção pelo HPV é, na maioria das vezes, assintomática e transitória. A maioria das mulheres em algum momento da vida vai ter contato com vírus, mas o nosso próprio sistema imune se encarrega de eliminá-lo”, tranquiliza Dra. Isabella Albuquerque.
Porém, quando o nosso sistema imunológico não consegue eliminar o vírus, algumas lesões podem surgir, mas é possível tratá-las de diversas formas diferentes para a eliminação completa do vírus.
Fonte: Dra. Isabella Albuquerque, ginecologista na Pineapple Medicina Integrativa.