HPV na mulher: O que é, sintomas, vacina e tabus sobre a infecção

Saúde
18 de Janeiro, 2022
HPV na mulher: O que é, sintomas, vacina e tabus sobre a infecção

A partir do momento em que começamos a explorar a nossa sexualidade, nos deparamos com muitas informações — e desinformações também. Quando o assunto é infecção sexualmente transmissível (IST), por exemplo, o HPV (papiloma vírus humano) chama a atenção. Isso porque o vírus é muito mais comum do que parece: de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ele atinge mais de 300 milhões de pessoas do sexo feminino no mundo todo. Contudo, ainda existem muitos tabus a respeito do HPV na mulher.

Por isso, o episódio de estreia da segunda temporada do podcast De bem com você, da Vitat, busca esclarecer o assunto. Nele, Cris Dias conversa com o médico ginecologista Dr. José Bento sobre o que é HPV, como se dá o seu contágio, quais são os sintomas de um paciente com o vírus e quando devemos procurar um profissional. Não perca:

Conheça o convidado

José Bento trabalha como ginecologista e obstetra desde o início dos anos 80. Referência em sua área, ele tem o próprio podcast (JB Podcast), é ativo nas redes sociais e compartilha muitos conteúdos de qualidade sobre saúde feminina.

HPV na mulher: Tabus que cercam o tema

Para o especialista, um dos grandes problemas do HPV é o preconceito. Por ser uma IST, ou seja, um tipo de infecção que é transmitida por meio do contato sexual, infelizmente muita gente ainda a associa com “imoralidade” e até “depravação”. O que, é claro, não tem nada a ver.

“Se existe um medo na paciente, é quando ela recebe o diagnóstico. Ela me liga muito mal, chorando e se achando suja, a pior das mulheres. Não tem sentido esse conceito”, ele diz. Para você ter uma ideia, cerca de 90% das pessoas terão contato com o vírus que causa a infecção alguma vez na vida.

E o micro-organismo não é recente, mas está presente desde o Egito Antigo: nas pirâmides, há descrições claras dele. “É como um vírus da herpes, que também é considerado uma IST, mas que não recebe todo esse estigma.”

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HPV na mulher: O que é

O HPV é um vírus transmitido, basicamente, por meio de relações sexuais desprotegidas (com penetração ou não). “Com o contato pele a pele, já é possível pegar”, diz o Dr José Bento. Existem mais de 200 subtipos de HPV, mas 40 têm mais afinidade com o corpo humano e são os responsáveis por gerar lesões. “Dois deles (o 16 e o 18) são mais agressivos.”

Geralmente, o corpo tende a dar conta do HPV sozinho. “Em 80% dos casos, o próprio sistema imunológico é capaz de mandá-lo embora, isto é, a pessoa fica totalmente curada. Contudo, o problema é que nos outros 20%, o vírus entra em ‘acordo’ com os anticorpos e fica silencioso e inofensivo no organismo — a chamada fase latente, que pode durar meses ou até anos”, explica o profissional.

Quando uma pessoa contaminada, por outro lado, sofre com uma queda na imunidade, o vírus, que estava “quietinho”, pode atacar as mucosas da pele. “E aí, em alguns casos (apenas 2% daqueles 20% que contraíram o HPV), há o aparecimento de lesões pré-cancerosas e até o câncer (do colo do útero, da vagina, da vulva, do pênis ou da orofaringe).”

HPV na mulher: Sintomas

O principal sintoma do HPV são as verrugas, o que, na mulher, pode complicar, uma vez que ela não consegue enxergar, sozinha, o seu próprio colo do útero. “Ela só tem sensibilidade na parte externa da vagina. Na interna, pode haver uma ferida ou então uma verruga e ela só descobrir ao realizar o exame.”

Por isso, independentemente do aparecimento de sinais, é recomendado que elas compareçam ao ginecologista pelo menos uma vez por ano para realizar os exames preventivos. “Enquanto o papanicolau identifica se há alguma célula alterada no colo do útero, a captura híbrida, por exemplo, investiga se há HPV na região.”

Vulva, grandes ou pequenos lábios, ânus, pênis, saco escrotal, lábios, bochechas, língua, céu da boca ou garganta também são regiões onde podem surgir verrugas.

HPV na mulher: O que fazer?

Se os resultados dos seus exames indicarem positivo para o HPV, o médico explica que a primeira coisa a fazer é não se apavorar. Em seguida, é necessário analisar se o vírus está em sua fase latente (com o chamado exame de colposcopia). Se sim, quer dizer que naquele momento não há riscos mais graves, sendo necessário apenas repetir os testes seis meses depois — além de realizar o acompanhamento médico.

Se não, e houver alguma verruga, é preciso tratar a lesão para destruí-la por meio da cauterização, que pode ser feita a laser, com ácidos, via eletrocauterização ou com nitrogênio líquido. Com a lesão destruída, você pode considerar o vírus em fase latente e repetir a colposcopia também em seis meses.

Leia também: Câncer de colo de útero: O que é, diagnóstico e tratamento

HPV na mulher: Como funciona a vacina?

A vacina foi criada para prevenir a contaminação pelo vírus. Atualmente, é oferecida pelo SUS nos postos de saúde, e também vendida em clínicas particulares:

No SUS

A vacina disponível na rede pública, de forma gratuita, é a quadrivalente. Protege contra quatro variações (6, 11, 16 e 18) e são necessárias 2 doses.

É indicada para meninos e meninas dos 9 aos 14 anos, homens e mulheres até 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, e transplantados ou em tratamento contra o câncer.

Protege contra as verrugas genitais, câncer do colo do útero na mulher e câncer do pênis ou do ânus no caso do homem.

Particular

Na rede privada, a vacina pode ser tomada por pessoas com idades superiores. Também por quem faz tratamento ou já teve infecção pelo HPV, já que pode proteger contra outros tipos e prevenir novas verrugas genitais.

Além da proteção quadrivalente, a bivalente e a nonavalente também estão disponíveis. Além disso, os valores ficam a partir de R$500.

Sobre o De Bem Com Você

No podcast da Vitat, Cris Dias conduz conversas descomplicadas com especialistas e convidados para você descobrir como ficar de bem com você. A cada semana, um episódio novo será lançado. Confira os outros temas aqui!

E tem para todos os gostos: os bate-papos também ficarão disponíveis nas plataformas de áudio Spotify, Deezer, Google e Apple.

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