Apojadura do leite materno: entenda o que é e como lidar
Entre as dificuldades das mães de primeira viagem, está a presença de termos técnicos em situações que já são desafiadoras por si só. O processo de apojadura é um exemplo: a complexa expressão significa nada mais, nada menos, que a descida do leite materno após a fase do colostro.
“Durante a gestação, os hormônios produzidos pela placenta impedem a descida do leite. Após o parto, as substâncias placentárias param de bloquear a prolactina e a ocitocina, e a produção do leite começa”, explica a pediatra Honorina de Almeida, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) e da Casa Curumim.
Ainda de acordo com a especialista, a apojadura acontece entre o segundo e quinto dia após o parto. Esse processo pode levar a puérpera a sentir as mamas maiores e sensíveis devido ao aumento da produção de leite, com a temperatura local mais elevada. “A mãe ainda pode ter febre e mal-estar”, completa Honorina.
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E o que é apojadura tardia?
Por sua vez, a apojadura tardia acontece quando a descida do leite vem depois do quinto dia do parto. Isso acontece por razões relacionadas à mãe, ao bebê e também ao tipo de parto.
Por exemplo, mães que sofreram com diabetes gestacional durante a gravidez podem viver a descida do leite tardiamente. Já em relação ao recém-nascido, isso pode acontecer caso ele seja prematuro ou se suas mamadas não esvaziarem os seios completamente. Um exemplo clássico é quando a pega do bebê está incorreta.
Mariana Sena, doula e consultora de amamentação, explica que o nascimento via cesárea eletiva (quando o procedimento é marcado sem necessidade prévia), também pode favorecer a situação. “Pela mãe não estar em trabalho de parto, (a cirurgia) não provoca a liberação hormonal que faz com o corpo entenda que o feto saiu. Ou seja, que o bebê está pronto para nascer”, detalha a especialista.
Dessa forma, se o pequeno não estimular a mama adequadamente nas primeiras horas de vida e nos dias seguintes, a descida atrasada do leite pode ser potencializada.
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Apojadura do leite materno e ingurgitamento mamário
Se a descida do leite não vier conforme o esperado, as puérperas podem sofrer quadros “patológicos”, como é o caso do ingurgitamento mamário. “É quando o leite se acumula nas mamas, fazendo com que elas fiquem duras e a mãe tenha a sensação de que o alimento do bebê ’empedrou’, não saindo porque ele toma a forma de um gel”, esclarece Honorina. O ingurgitamento pode causar:
- Mal-estar.
- Aumento da temperatura corporal.
- Inchaço das mamas.
- Dor.
Para contornar a situação, o primeiro passo é colocar o bebê para mamar logo após o nascimento, não importa o tipo de parto. Além disso, a amamentação deve ser frequente e sempre nas duas mamas, não sendo recomendado pular mamadas.
“Também vale lembrar que as possíveis dificuldades da amamentação devem ser resolvidas. Por exemplo, se a mãe possui uma fissura, a pega do bebê torna-se inadequada, o que atrapalha a retirada do colostro. Em seguida, a regulação na descida do leite será prejudicada, o que pode levar ao ingurgitamento”, detalha a pediatra.
De acordo com a especialista, massagear os locais endurecidos e mudar sempre a posição de amamentação são úteis para driblar o problema. Assim como aplicar compressas geladas de cinco a dez minutos sobre as regiões afetadas.
Ambas as profissionais lembram que pode ser que a mamãe precise de ajuda médica se houver ingurgitamento. Dessa forma, o médico poderá traçar um plano de cuidados específico.