Como lidar com a ansiedade e o estresse na amamentação
Falta de apoio, dificuldade em ajudar o bebê a fazer a pega correta, dor, tarefas acumuladas… Muitos são os fatores que contribuem para o aparecimento de sentimentos como ansiedade e estresse na amamentação. E isso, infelizmente, acaba gerando a sensação de incapacidade na mulher, que opta por desistir do aleitamento materno com receio de não conseguir nutrir o próprio filho adequadamente.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 39% dos bebês brasileiros recebem amamentação exclusiva até os cinco meses de vida. “A cada dia, percebo que as mães, principalmente as de alta renda, têm a tendência de desistir do aleitamento. Realmente, o processo pode não ser fácil, porque o ato demanda paciência e dedicação. Mas a amamentação é tão importante que eu insisto para que as gestantes tentem o tempo que for necessário”, diz a médica Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista.
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Possíveis dificuldades durante a amamentação
Não, amamentar não é algo tão natural quanto imaginamos. E a adaptação da mulher com o recém-nascido, em alguns casos, também não é fácil. “O bebê não nasce sabendo mamar e a mãe também não consegue fazer isso sem treino. Não podemos deduzir que será simples para todo mundo”, explica a especialista.
É comum que, nos primeiros dias, o bebê não pegue o peito – e a mãe se desespere. Mas se ela estiver no hospital, ou então acompanhada de uma equipe de profissionais, deve pedir ajuda — a médica garante que nada de ruim acontecerá. “Em casa, também é preciso insistir, pois o recém-nascido tem instinto de sobrevivência e precisa comer. É hora de alimentá-lo primeiro com a mama, e em seguida, com a fórmula — apenas depois de tentar o método natural, e com orientação do pediatra”, aconselha.
Se a pega da criança for incorreta, pode machucar e causar algumas fissuras no seio. Além disso, o bebê provavelmente vai querer mamar várias vezes ao dia.
Como a ansiedade e o estresse atrapalham a amamentação
A chegada de um novo membro muda completamente a rotina de uma família. Se a mãe não contar com uma boa rede de apoio, pode se sentir sobrecarregada e cansada. Todas essas questões, quando combinadas com a dificuldade de fazer o aleitamento materno exclusivo, podem causar ansiedade e estresse na mulher.
O problema é que aí, começa um ciclo vicioso. Isso porque esses sentimentos aumentam a produção de radicais livres no cérebro. Desse modo, a prolactina — hormônio que estimula a produção de leite — tem sua ação prejudicada, já que também é fabricada por uma glândula localizada no órgão.
Além disso, quando a saúde mental da mulher não está equilibrada, ela provavelmente sofrerá com a desregulação de inúmeros hormônios. Entre eles, estão o estradiol, a testosterona e os hormônios tireoidianos que, em excesso, afetam a prolactina. “Sem contar que a privação de sono aumenta os níveis de cortisol e diminui os de melatonina no organismo, o que também atrapalha o aleitamento”, complementa Mariana Rosario.
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O que fazer para amenizar a ansiedade e o estresse na amamentação
O primeiro passo é garantir que a mamãe tenha uma rede de apoio sólida. “Se ela estiver sozinha, tendo que cuidar da casa e do bebê nesses primeiros meses, vai ficar sobrecarregada. Então, é preciso alguém para ajudar nas tarefas do dia a dia”, recomenda a profissional.
Mas não para por aí. O suporte emocional também é extremamente necessário — seja ele especializado ou não. O ideal é que amigos e familiares acolham a mulher e a estimulem a buscar um psicólogo se sentir necessidade. Ademais, para ajudar na pega correta, uma consultoria é sempre válida. “Hoje, enfermeiras e doulas fazem isso. Elas dão dicas valiosas para as mães se sentirem mais confiantes.”
Por fim, os especialistas aconselham a começar a se preparar para a amamentação exclusiva desde a gestação. E deixar o medo de lado: tudo vai dar certo no final.
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Fonte: Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista membro da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP). Ela faz parte do corpo clínico do hospital Albert Einstein.