Anoxia cerebral: o que é, sintomas e tratamento
Anoxia é o nome dado a ausência do oxigênio, também chamada de zona de morte. No caso da anoxia cerebral, ou seja, quando há falta de oxigênio no cérebro, o quadro é ainda mais perigoso, uma vez que pode levar à morte de neurônios e resultar em danos cerebrais irreversíveis.
O que é anoxia cerebral?
Ana Luísa Rosas, neurologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), explica que a anoxia é a ausência ou diminuição da oxigenação no cérebro que pode ocorrer por vários fatores. Assim, se a ausência de oxigênio no cérebro for prolongada, pode resultar em lesão cerebral e levar o paciente a óbito.
Aliás, a anoxia cerebral, conhecida como anoxia cerebral neonatal, é um dos riscos ao nascimento e a principal causa de deficiências mentais nas crianças.
Causas da anoxia cerebral
Existem algumas causas, que estão relacionadas com a anoxia cerebral. Segundo a neurologista, a anoxia pode acontecer devido a qualquer situação onde o cérebro fica sem receber oxigênio após uma parada cardiorrespiratória, como afogamento e enforcamento.
“Quanto maior esse tempo sem oxigênio, mais graves são as consequências da anoxia cerebral”, lembra. Além disso, a médica comenta que a gravidade da lesão também está relacionada à região do cérebro que não tem auxílio de oxigênio.
Sintomas
De acordo com a especialista, os principais sintomas da anóxia cerebral são:
- Tontura;
- Confusão mental;
- Coloração azul dos lábios ou das unhas;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Dificuldade para respirar;
- Perda de consciência;
- Tremores.
Por conta da falta de oxigênio no cérebro, os neurônios começam a morrer, podendo levar a danos cerebrais irreversíveis, deixando o paciente em coma e, até mesmo, levando à morte cerebral. Portanto, quando mais tempo o cérebro ficar sem receber oxigênio, piores são as consequências.
A anoxia cerebral pode acontecer logo após o nascimento, a asfixia neonatal, além de acometer pessoas mais velhas, principalmente aquelas que possuem maior risco de ataque cardíaco ou Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Leia mais: Macrossomia fetal: o que é e principais consequências para mãe e bebê
Diagnóstico da anoxia cerebral
Existem algumas maneiras de confirmar o diagnóstico da anoxia cerebral. A médica explica que, se estivermos nos referindo à possível causa da anoxia neonatal, o pediatra utiliza logo após o nascimento o boletim de Apgar.
“O índice de Apgar é uma nota de 0 a 10, baseado em 5 parâmetros clínicos. Essa avaliação da possível presença da anóxia neonatal é de suma importância para auxiliar a decidir rapidamente quais as medidas de reanimação que devem ser usadas”, informa.
Tratamentos
O principal objetivo do tratamento para a anóxia cerebral, segundo a neurologista, é restaurar os níveis de oxigênio no cérebro o mais rapidamente possível.
Alguns estudos com células-tronco embrionárias estão sendo realizados para conseguir reverter algumas das consequências da anoxia cerebral, como dificuldade de concentração, perda da memória de curto e longo prazo, cegueira parcial, temporária ou permanente e incapacidade mental.
Entretanto, ainda precisam ser realizados outros estudos para que a terapia com células-tronco embrionárias se torne uma alternativa de tratamento para esse tipo de condição.
O que fazer para aumentar a oxigenação do cérebro?
A anoxia cerebral ainda pode estar relacionada com uma hemorragia ou uma parada cardiorrespiratória, por exemplo. Nesse caso, quando um médico está diante de uma parada cardiorrespiratória, Ana informa que é preciso iniciar as manobras de ressuscitação.
Esse tipo de reanimação cardíaca possui um passo a passo. Veja:
- Primeiramente, estique os braços e entrelace os dedos;
- Em seguida, coloque o calcanhar da mão no centro do tórax;
- Por fim, faça compressões fortes e rápidas, com a frequência de 100 por minuto (ou seja, 5 compressões a cada 3 segundos), comprimindo o tórax na profundidade de, no mínimo, 5 cm para adultos e crianças e 4 cm para bebês.
Infelizmente, a especialista afirma que a redução do teor de oxigênio presente no sangue pode levar a sequelas de funcionamento neuronal, como dificuldade de concentração, perda da memória de curto e longo prazo, cegueira parcial, temporária ou permanente, e incapacidade mental, além da morte.
Anóxia cerebral tem cura?
Em geral, as lesões que acontecem pós-anoxia são permanentes, informa a neurologista: “isso porque o sistema nervoso central dificilmente se regenera”. Assim, é fundamental que o tratamento se inicie assim que houver a constatação da anoxia, com o intuito de restaurar os níveis de oxigênio no cérebro e, assim, prevenir complicações.
“Devido à falta de oxigênio no cérebro, as células neuronais começam a morrer o que pode levar, assim, a danos cerebrais irreversíveis, podendo levar a pessoa ao coma e, até mesmo, morte cerebral”, relembra.
Além disso, Ana Luísa comenta que não existe um número exato que defina quanto tempo o cérebro pode ficar sem oxigênio. “De modo geral, o cérebro pode sobreviver por no máximo de 5 a 6 minutos após o coração parar de bater”, complementa.
Por isso, a médica reforça a importância de aprender a realizar a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP), pois se as manobras forem iniciadas dentro desse período, o cérebro ainda poderá ter alguma chance de sobreviver à falta de oxigênio.
Qual a diferença da anoxia e da hipoxia?
Existem diversas dúvidas em relação às diferenças da anóxia e hipoxia. Entenda quais são as características que as diferenciam:
- Anoxia: ausência de oxigênio. É um estado de privação total do oxigênio nos tecidos ou dos órgãos;
- Hipoxia: baixo teor de oxigênio. É uma circunstância onde os tecidos não estão sendo oxigenados adequadamente, geralmente devido a uma insuficiente concentração de oxigênio no sangue.
O que é anoxia cerebral neonatal?
Por fim, a neurologista comenta que a anoxia neonatal é uma condição de falta ou diminuição da oferta de oxigênio ao cérebro dos recém-nascidos a termo e pré-termo, podendo evoluir para Encefalopatia Hipóxico-Isquêmica (EHI).
Essa condição pode ser desencadeadas por alguns mecanismos. Por exemplo:
- Interrupção do fluxo umbilical por compressão ou obstrução do mesmo;
- Insuficientes trocas de gases através da placenta (como ocorre em casos de descolamento placentário);
- Perfusão materna inadequada (mães que sofreram com hipotensão grave, parada cardíaca ou hipoventilação durante a anestesia);
- Relaxamento uterino para o enchimento placentário ineficaz devido à utilização de ocitocina em excesso;
- Comprometimento do feto durante a gestação (quadros de retardo do crescimento intrauterino);
- Incapacidade pulmonar de inflar logo após o nascimento.
Fonte: Ana Luísa Rosas, neurologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).