Alimentação minimalista: “da terra para a mesa”, define nutricionista
No caminho contrário ao da cultura consumista e acelerada, o minimalismo preserva a ideia de viver com o suficiente e dar valor às coisas que realmente importam. Ele começou como um movimento artístico no início dos anos 1960 em Nova York. A ideia era produzir arte com poucos elementos. O processo passou a ser incorporado como um estilo de vida baseado no desapego. Assim, pessoas adeptas ao movimento começaram a se desfazer de roupas, móveis, acessórios e utensílios “desnecessários” e se comprometeram a viver com o mínimo. Nessa busca pelo desprendimento do que é excedente, a alimentação também sofreu transformações. De acordo com a nutricionista Thaise Lange, a alimentação minimalista prioriza o que vem “da terra para a mesa”, além de conter apenas o essencial.
As pessoas que seguem uma alimentação minimalista são bastante guiadas pelos próprios sentidos, ou seja, não existem horários certos para comer. Na realidade, é a fome que vai determinar o momento das refeições. A nutricionista ressalta que se refere à fome real, e não emocional. “Aquela que faz a barriga roncar”, diz.
Além disso, as porções são determinadas conforme a necessidade de cada um, sempre tendo em mente a ideia de consumir apenas o necessário para nutrir e saciar o corpo. Também prioriza-se a ingestão de alimentos naturais, por exemplo, hortaliças, tubérculos e raízes. Acima de tudo, o caminho para entender os fundamentos da alimentação minimalista, segundo a profissional, é voltar um pouquinho no tempo: “Se você estivesse na natureza lá nos primórdios, sozinho, o que conseguiria comer? Não seria nada industrializado. Então, a gente adota uma alimentação bem natural.”
Por que adotar a alimentação minimalista?
Os benefícios relacionados à alimentação minimalista são diversos, mas o objetivo de adotá-la é individual. Tal escolha está muito ligada a crenças e valores pessoais, uma vez que o minimalismo é considerado um estilo de vida. Entretanto, as mudanças positivas causadas por essa prática podem ser sentidas em diversos âmbitos, principalmente, no físico e no financeiro.
Thaise conta que os pacientes costumam procurá-la com o intuito de melhorar a saúde. Isso porque a alimentação minimalista, justamente por ser baseada em alimentos naturais e ter um controle em relação às quantidades, traz uma série de melhoras no funcionamento do corpo, como: aumento de energia, disposição, maior bem-estar e boa composição corporal.
Entretanto, não é somente o corpo que agradece — o bolso também. “A alimentação minimalista reflete em uma diminuição de gastos. A gente acaba comprando só o que precisa, ou seja, bem menos coisas no mercado e ainda não tem gastos com suplementos, já que a natureza oferece tudo o que precisamos”, esclarece.
Há, ainda, um menor impacto para meio ambiente, já que, além de consumir somente o necessário, incentiva-se a compra de itens de pequenos produtores e, quando possível, o cultivo de hortas, galinhas e vacas em casa.
Por onde começar?
A base da alimentação minimalista são os ingredientes naturais que você consegue produzir em casa — ou comprar em feiras, por exemplo. Assim, Thaise defende que o primeiro passo é tirar os industrializados do cardápio. Óleo de soja, por exemplo, é uma coisa que a gente não inclui na alimentação minimalista, porque para fabricá-lo, existe um processo muito trabalhoso, não dá pra fazer em casa, então a gente usa um óleo de coco ou azeite de oliva”, exemplifica.
Opções como salgadinhos e bolachas recheadas também não fazem parte da dieta dessas pessoas. Por outro lado, ovos, frutas da época e vegetais podem ser consumidos sem preocupações.
A ideia, de acordo com a profissional, é ingerir tudo cujo acesso seja mais fácil, que está na natureza. “Na alimentação natural e minimalista, não precisamos de nenhum rótulo para te falar se é sem glúten, sem lactose, zero açúcar, ou se é um alimento saudável. Ninguém precisa te convencer disso, porque a gente sabe que é saudável por si só”, afirma.
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Quais alimentos incluir
Base:
- Frutas;
- Vegetais;
- Hortaliças;
Complementos:
- Feijão;
- Grão-de-bico;
- Leguminosas;
- Amendoim;
- Oleaginosas (castanhas, nozes, etc);
- Proteínas: Carnes em geral, peixes e ovos.
O que evitar
- Alimentos ultraprocessados;
- Suco de pacote/caixinha;
- Salgadinho;
- Farináceos,
- Açúcar.
Cardápio de alimentação minimalista
Não existem contraindicações associadas à alimentação minimalista. Por isso, ela pode ser adotada por gestantes, crianças, adultos e idosos, o importante é sempre buscar acompanhamento e orientação antes de começar o processo. Além disso, tal dieta procura retornar às raízes e manter refeições intuitivas e saudáveis.
“Remete à alimentação dos nossos avós, que plantavam, por exemplo, batata-doce, mandioca, aipim, tinham abóbora no quintal, galinhas criadas soltas, tiravam o leite da vaquinha. Além disso, eles comiam realmente quando tinham necessidade de comer, não seguiam horários e não consumiam fast-food como hoje em dia”, conta.
Café da manhã
- Batata-doce assada com a casca em vez de pão com farinha branca;
- Ovo;
- Frutas da época (por exemplo, banana, mamão, abacate).
Almoço
“É importante ter, sobretudo, sempre uma proteína, um carboidrato e uma porção de salada verde”, explica.
Lanches
- Amendoim;
- Coco em lascas;
- Castanhas;
- Frutas (tangerina, laranja, etc).
Jantar
- Ovos mexidos;
- Caldo de vegetais;
- Legumas;
- Grão-de-bico refogado;
- Polenta de milho verde com ovinho.
Fonte: Thaise Lange, nutricionista estética e esportiva