Tireoidite pós-parto: O que é, diagnóstico e tratamento

Gravidez e maternidade Saúde
16 de Dezembro, 2021
Tireoidite pós-parto: O que é, diagnóstico e tratamento

Se tornar mãe é um momento muito especial na vida de algumas mulheres, mas essa também é a hora de cuidar da saúde e do bem-estar. Afinal, durante e após a gestação, o corpo feminino passa por muitas mudanças. Por isso, a mulher precisa estar atenta aos sinais que o corpo produz. Um desses sinais, por exemplo, pode estar relacionado à tireoidite pós-parto, um distúrbio comum no primeiro ano após a gestação. Saiba mais a seguir:

O que é tireoidite pós-parto?

Rosália Padovani, Diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP, contou que a tireoidite pós-parto também é conhecida como tireoidite destrutiva com infiltração linfocitária na glândula tireoide.

Além disso, a médica explicou detalhadamente o que é essa doença que acomete as mulheres após a gestação: “a tireoidite pós-parto (TPP) é uma doença autoimune que ocorre no primeiro ano após o parto em mulheres sem história de doença da tireoide antes da gravidez”, ensina.

De acordo com Rosália, a prevalência e a frequência dessa tireoidite específica são de 8% e 1,1% a 16,7% das gestações, respectivamente.

A TPP pode causar doença tireoidiana transitória ou permanente. Três apresentações clínicas têm sido sugeridas para tireoidite pós-parto e são as seguintes, de acordo com a especialista:

  • Hipertireoidismo transitório (32% das pacientes);
  • Hipotireoidismo transitório (43% das pacientes);
  • Hipertireoidismo transitório seguido por hipotireoidismo e, em seguida, recuperação, que é a forma clássica (25% das pacientes).

Leia também: Tireoide e depressão: Conheça a relação

Sintomas da tireoidite pós-parto

É importante que as mamães fiquem atentas aos sinais e sintomas que podem ser fundamentais para que o diagnóstico do médico possa descobrir a tireoidite pós-parto.

A endocrinologista da SBEM-SP esclarece que existem duas situações que a mamãe pode passar durante a evolução clássica da tireoidite pós-parto. Veja quais são elas:

Primeiros sintomas

De acordo com Padovani, os primeiros sinais e sintomas geralmente ocorrem de 1 a 4 meses após o parto e duram de 1 a 3 meses.

A médica explica que, inicialmente, a inflamação e a liberação de hormônios tireoidianos podem causar sinais e sintomas leves de hipertireoidismo, incluindo:

  • Ansiedade;
  • Irritabilidade;
  • Batimento cardíaco rápido ou palpitações;
  • Perda de peso inexplicável;
  • Maior sensibilidade ao calor;
  • Fadiga;
  • Tremor e Insônia.

Sinais posteriores

A endocrinologista da SBEM-SP informa que os sinais posteriores, geralmente, começam de 4 a 6 semanas após a resolução dos sintomas de hipertireoidismo e podem durar de 6 a 12 meses.

Ademais, ela explica que, posteriormente, à medida que as células da tireoide ficam comprometidas pelo processo inflamatório, pode ocorrer uma redução da produção dos hormônios tireoidianos, levando ao aparecimento de sinais e sintomas de hipotireoidismo. São eles:

  • Falta de energia;
  • Maior sensibilidade ao frio;
  • Constipação;
  • Pele seca;
  • Ganho de peso e depressão.

“Nas formas clássicas, a glândula acaba por posteriormente recuperar a sua função e a paciente volta ao seu estado de eutireoidismo”, informa a especialista.

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Como observar os sinais da tireoidite pós-parto?

De acordo com a endocrinologista, poucas mães conseguem identificar que esses sintomas podem ser por conta de alguma disfunção tireoidiana.

Realmente não é fácil observar esses sinais e supor que indicam a tireoidite pós-parto. “Nesse período é comum a mulher estar com sua atenção 100% voltada ao bebê, sentindo-se mais cansada e, algumas vezes, ansiosa ou ligeiramente deprimida”, lembra a Dra. Padovani.

Por isso, todos os sinais e sintomas devem ser comunicados ao médico mesmo após a gestação, possibilitando o diagnóstico da tireoidite pós-parto com mais rapidez.

Tireoidite pós-parto e amamentação

As mamães que forem diagnosticadas com tireoidite pós-parto podem ficar despreocupadas quanto à amamentação dos seus filhos. Isso porque a médica informa que a amamentação não é contraindicada para mulheres diagnosticadas com o problema.

Portanto, mulheres com tireoidite pós-parto, mesmo em tratamento, também podem amamentar com orientação de seu médico. O ideal é nunca suspender ou modificar a amamentação sem a orientação de um médico especialista.

Tireoide durante a gestação

Muitas gestantes se preocupam com o desenvolvimento de distúrbios da tireoide durante a gestação. Essa preocupação é válida, afinal, as gestantes podem desenvolver tanto hipertireoidismo, quanto hipotireoidismo. “É importante, portanto, que as gestantes sejam acompanhadas durante esse período e fiquem atentas aos sinais e sintomas da doença”, instrui a especialista.

Tratamento para a tireoidite pós-parto

Apesar de muitas pessoas acreditarem que existem tratamentos para a tireoidite pós-parto, Rosália explica que, na verdade, a TPP não tem tratamento. “O tratamento, quando realizado, é utilizado para tratar os sintomas da doença e não ela mesma”, informa.

Como a tireoidite pós-parto (TPP) é uma doença autolimitada, na maioria dos casos não requer tratamento. Isto é, uma doença autolimitada possui uma duração específica e limitada, com começo, meio e fim. “Os sintomas, quando ocorrem, geralmente são leves. Contudo, em alguns casos com sintomas clinicamente significativos de tireotoxicose, o uso de beta-bloqueador pode ser útil”, indica a médica especialista.

No entanto, o ideal é sempre estar em dia com as consultas médicas para monitorar e verificar a tireoide, principalmente entre 4 e 8 semanas após o diagnóstico.

Leia também: O que acontece com a tireoide na gravidez?

Tireoidite pós-parto pode evoluir para hipotireoidismo?

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP, a tireoidite pós-parto pode evoluir para hipotireoidismo e acomete até 10% das gestantes.

A porcentagem é baixa porque para a maioria das mulheres que desenvolvem tireoidite pós-parto, a função tireoidiana retorna ao normal — normalmente 12 a 18 meses após o início dos sintomas, segundo Padovani. “No entanto, algumas mulheres não se recuperam da fase de hipotireoidismo e evoluem para um estado de hipotireoidismo permanente.”

A médica alerta que as pacientes com anticorpos antitireoidianos positivos têm mais chance de ter tireoidite pós-parto. “O médico endocrinologista precisa, portanto, acompanhar de perto essas pacientes e avaliar se o quadro vai evoluir para um hipotireoidismo permanente ou se ele será recorrente em uma eventual gestação posterior”, sinaliza a médica.

Tratamento para hipotireoidismo

Mulheres que não se recuperam da fase de hipotireoidismo e evoluem para um estado de hipotireoidismo permanente podem recorrer a tratamentos.

A indicação de Padovani para pacientes que evoluem com hipotireoidismo permanente é o uso de levotiroxina. “O tratamento com levotiroxina (LT4) também deve ser considerado no estado de hipotireoidismo transitório, caso a paciente apresente sintomas ou queira engravidar novamente”, aconselha. Por isso, pacientes com hipotireoidismo precisam procurar um médico especialista para tratar essa doença continuamente.

Leia também: Exame TSH: Por que ele é importante para a tireoide

Fonte: Rosália Padovani, Diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP.

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