Suplementos alimentares: o que são, para que servem, indicações e mais

Alimentação Bem-estar Movimento
04 de Julho, 2022
Vanessa Fontes Losano Reis
Revisado por
Nutricionista • CRN-3 34283
Suplementos alimentares: o que são, para que servem, indicações e mais

Ganhar massa magra, ter mais energia durante o treino, melhorar o processo de emagrecimento, aumentar a imunidade e até controlar a insulina: os benefícios dos suplementos alimentares são muitos, o que explica a grande procura por eles em todas as partes do mundo.

De acordo com uma pesquisa encomendada pelo grupo Saudifitness em 2016, o Brasil é um dos maiores consumidores de suplementos no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e Austrália.

A maior parte desse público é do sexo masculino, entre idades de 15 a 20 anos. Ainda de acordo com a pesquisa, de 3 a 7% dos brasileiros consomem algum tipo de suplemento, enquanto nos EUA esse número varia de 50 a 55%.

Leia também: Suplementos para pele e cabelo funcionam?

Para que servem os suplementos alimentares

Como o próprio nome já diz, suplementos alimentares são substâncias que servem para complementar a dieta e adequar a ingestão de nutrientes importantes como vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos essenciais e/ou aminoácidos, entre outros.

Assim, em algumas ocasiões os suplementos podem fazer parte das refeições, mas jamais substituir os alimentos naturais.

Vale ressaltar, ainda, que eles apenas um médico ou nutricionista devem indicar seu uso . Estes profissionais estão aptos a adequar o uso de acordo com suas necessidades individuais.

Tipos de suplementos alimentares

  • Hipercalórico: para engordar
  • Proteicos: para ganhar massa muscular
  • Termogênico: para emagrecer
  • Antioxidante: contra o envelhecimento
  • Hormonal: regularizar o sistema hormonal

Como os suplementos alimentares funcionam

Eles funcionam em diversas vias metabólicas. Isso porque são nutrientes concentrados para suprir uma necessidade específica do organismo.

“Podem ser usados para auxiliar no ganho de massa muscular, na suplementação alimentar, no aumento de peso, no aumento da ingestão de proteínas, na termogênese, na melhora do foco e da atenção”, explica a nutricionista Carla Simonelli, do Rio de Janeiro.

Os suplementos mais comuns são proteínas do soro do leite (Whey Protein), creatina, vitamina D, BCAA, L-Carnitina e óleo de peixe, como ômega 3, 6 e CLA.

Eles podem ser compostos de todas as vitaminas e minerais  – e por isso são conhecidos como multivitamínicos – ou podem conter apenas determinadas substâncias, como ocorre no caso da creatina e da spirulina, que são indicados especialmente para quem pratica algum tipo de atividade física.

Eles podem substituir a alimentação?

Apesar de poderem oferecer inúmeros benefícios para a saúde, incluindo órgãos como coração, rins e fígado, por exemplo, os suplementos não substituem as vitaminas encontradas nos alimentos, nem qualquer tratamento médico específico.

Lembre-se: a função dos suplementos é complementar e não substituir.

Indicações

Existem situações que apenas o alimento não consegue garantir a oferta adequada de nutrientes. Por isso, a necessidade de suplementar a dieta. “É indicado, por exemplo, para pessoas com monotonia alimentar e sem refeições diversificadas; atletas que têm um alto gasto energético; gestantes que precisam de nutrientes específicos para o feto; idosos que começam a ter uma mudança no metabolismo e na absorção de nutrientes ou para pacientes acamados com dificuldade de deglutição”, diz a especialista. 

Cada suplemento possui características diferentes e interagem de diversas formas no organismo.

Diferença entre os suplementos

Cada suplemento possui uma determinada finalidade. Dessa forma, as recomendações variam.

Os suplementos para emagrecer, por exemplo, são indicados para pessoas que possuem o metabolismo lento e sentem mais dificuldade de perder gordura apenas com alimentação saudável e exercícios físicos.

Já os suplementos para ganhar massa muscular também são eficientes. E assim como os medicamentos manipulados são produzidos conforme a sua necessidade específica, há a possibilidade de manipular também os suplementos — eles são feitos com fórmulas personalizadas, de acordo com a prescrição médica.

Suplementos alimentares mais famosos

Ômega-3

O ômega 3 não é produzido pelo organismo e, por isso, precisa ser consumido. Sua suplementação, contudo, é válida quando a alimentação não consegue ofertar a quantidade ideal de um nutriente. É aí que as cápsulas entram.

Isso porque esse tipo de gordura é essencial para a saúde, sobretudo a do coração.

Vale ressaltar, contudo, que o suplemento nunca deve substituir a fonte natural, que é por meio da alimentação: o ideal é que os peixes façam parte do cardápio ao menos 2 vezes na semana.

Já para pessoas vegetarianas ou veganas, uma opção é usar óleo de algas, de semente de linhaça ou de semente de chia, que podem ser consumido pelo menos uma vez ao dia.

Leia também: Tudo que você precisa saber sobre o ômega 3

Vitamina D

A vitamina D é fundamental para o desenvolvimento de ossos firmes e fortes.

As melhores formas de consumí-la são através de peixes gordurosos e alimentos fortificados, além de gemas de ovo, queijo e fígado bovino, que também contêm quantidades, porém menores.

Estas fontes, contudo, correspondem a apenas 10 a 20% da quantidade necessária de vitamina D para os seres humanos. O restante, por sua vez, é obtido através da exposição solar e com o uso de suplementos.

São três tipos de suplementos:

  • Em gotas

Suplemento oleoso, manipulado ou vendido pronto em farmácia. Cada gota pode ter a partir de 200 UI de vitamina D. É indicado contra a deficiência e na prevenção de osteoporose.

  • Em cápsulas

Cada uma delas pode ter a partir de 200 UI da substância e os usos são similares ao da versão em gotas. Além disso, idosos tendem a consumir mais o nutriente, já que eles têm maior dificuldade do produzir a vitamina.

  • A superdose

É administrada em gotas ou cápsulas, a partir de 10 mil UI por dia, e tem sido receitada para doenças mais graves. Exige, sobretudo, acompanhamento criterioso do médico.

Leia também: Afinal, o que é e para que serve a vitamina D?

Colágeno

O colágeno é um tipo de proteína de origem animal importante para o organismo, pois desempenha diversas funções, entre elas os famosos benefícios de beleza: manter uma pele mais firme, cabelos mais bonitos e unhas mais fortes.

Encontrada em aves, porcos e bois, sendo a pele, cartilagens e tendões os membros mais ricos no nutriente,  a proteína é fornecida atualmente em três tipos diferentes no mercado:

  • Colágeno tipo 2

Ele é predominante nas cartilagens e mais difícil de encontrar. Por isso, existem alguns suplementos com uma fórmula específica para estimular sua produção. Além disso, é um ótimo suplemento para quem tem problemas nas cartilagens e articulações.

  • Colágeno hidrolisado

Tipo mais famoso e no qual o organismo faz melhor aproveitamento. Uma pesquisa da USP avaliou os efeitos desse tipo de colágeno em mulheres de 45 a 60 anos por 90 dias. Dessa forma, o estudo descobriu a melhora na firmeza e na elasticidade da camada mais profunda da pele das voluntárias. Disponível em pó ou em cápsulas.

  • Pepto colágeno

É um tipo que chega aos peptídeos de colágeno (conjunto de aminoácidos), que são moléculas ainda menores e de mais fácil absorção. Também, muitos estudos mostram que o pepto colágeno possui benefícios potencializados.

Vale ressaltar que a dose recomendada pode variar, mas o consenso é de 10 gramas por dia. Entretanto, só o nutricionista pode avaliar a quantidade adequada às suas necessidades. Afinal, o colágeno em excesso pode causar sobrecarga renal.

Leia também: Vale a pena tomar colágeno em pó?

Vitamina C

A vitamina C está presente em uma série de alimentos. Ainda assim, não é de hoje que ela marca presença em qualquer prateleira de farmácia, uma vez que seu benefício mais conhecido é fortalecer a imunidade.

Tipos de suplemento: pastilhas efervescentes, balinhas de goma, comprimidos e líquido.

Vale ressaltar que não há necessidade de receita médica para comprá-los.

Conheça aqui os benefícios da vitamina C para o organismo.

Leia também: Vitamina C ajuda a evitar a perda muscular com a idade

Recomendações antes de tomar suplementos alimentares

Antes de comprar qualquer suplemento alimentar, é importante entender para o que serve cada um e quais são as recomendações. Portanto, veja abaixo:

  • Compre suplementos de lojas e marcas conhecidas e certificadas pela ANVISA;
  • Confira as advertências, recomendações e restrições. Por exemplo, pessoas com problemas cardíacos devem checar se o suplemento não faz mal ao coração;
  • Tenha cuidado ao tomar vários suplementos ao mesmo tempo;
  • Verifique testes clínicos que tenham sido feitos com uma parcela da população semelhante à sua (em termos de idade, sexo, etc.);
  • Leia o rótulo, pois grande parte dos suplementos encontrados no mercado possuem muitos aditivos químicos (corantes, adoçantes, conservantes, estabilizantes…);
  • Pessoas que ingerem suplementos como o Whey Protein devem aumentar o consumo de água para não sobrecarregar os rins;
  • Para cuidar de sua alimentação e, se necessária, da suplementação, procure um nutricionista especialista na área de exercício físico e esporte.

Afinal, todo mundo precisa?

O que muitos não sabem é que nem todo mundo precisa de suplementação alimentar. Isso porque uma boa dieta, balanceada e bastante diversificada já fornece todos os nutrientes que precisamos.

O suplemento tem um papel importante, sim, mas em casos específicos, como um coadjuvante de um tratamento nutricional.

Contraindicações

Primeiramente, apenas um profissional nutricionista ou médico deve julgar a necessidade do uso do suplemento alimentar.

“Só ele pode dizer se a pessoa tem indicação para tomar um suplemento específico e qual é a dose correta. Cada pessoa tem uma necessidade e uma individualidade bioquímica. Por isso é importante ter indicação profissional. Um simples whey protein, por exemplo, que é muito comum hoje em dia, pode trazer problemas reais se consumido em excesso”, garante a nutricionista..

Segundo a especialista, os riscos de se consumir suplementos por conta própria são diversos. “Pode trazer problemas para o fígado e rins, aumento do colesterol, taquicardia, ganho de peso excessivo. Se a pessoa faz uso de algum remédio com prescrição por exemplo, o suplemento pode interagir com esse fármaco, aumentando ou diminuindo a sua absorção”.

Para pessoas que já tratam um câncer, por exemplo, o conselho é ainda mais vital. Assim, estudos descrevem que o excesso de certos nutrientes pode atrapalhar a ação de quimioterápicos e até mesmo potencializar seus efeitos colaterais.

Sobre o autor

Amanda Figueiredo
Amanda Figueiredo é nutricionista clínica pela USP (Universidade de São Paulo), pós-graduada em Saúde da Mulher e Reprodução Humana pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e especialista em emagrecimento e nutrição estética CRN-3 77456 Também é jornalista e editora-chefe da Vitat.

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