Sleeve gástrico: o que é, vantagens, riscos e recuperação

Saúde
27 de Maio, 2022
Bárbara Shibuya Alves
Revisado por
Enfermeira • Coren-SP 752311
Sleeve gástrico: o que é, vantagens, riscos e recuperação

A cirurgia bariátrica é um procedimento médico muito procurado pelas pessoas que lutam contra a obesidade, sofrem de alguma doença metabólica ou precisam perder muito peso por motivos de saúde. Uma das técnicas dessa cirurgia é o sleeve gástrico.O que é sleeve gástrico? 

De acordo com o Dr. Admar Concon Filho, cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista, o Sleeve, também conhecido como gastrectomia vertical, é uma das técnicas de cirurgia bariátrica mais utilizadas no Brasil e no mundo. “É uma técnica restritiva para tratamento da obesidade, ou seja, o paciente vai restringir a quantidade de alimento ingerida devido ao tamanho do seu estômago após o procedimento”, explica.

Nessa técnica, a grande curvatura do estômago, que também atinge o fundo gástrico, é retirada do paciente. O estômago que fica, no formato de um tubo, passa a ter cerca de 80 ml, contra quase um litro antes da cirurgia.

Como é feita a cirurgia com sleeve gástrico?

O cirurgião bariátrico explica que a cirurgia é feita em centro cirúrgico com anestesia geral, que dura, em média, 2 horas. Contudo, é comum que a pessoa fique internada no hospital por, pelo menos, 3 dias.

“Geralmente, conseguimos realizar essa cirurgia por videolaparoscopia, aqueles furinhos na barriga, e sem necessidade de um corte do abdome. Nós cortamos parte do estômago e retiramos do corpo do paciente. A parte que fica é grampeada para poder ser feita a cicatrização”, conta o especialista em cirurgia do aparelho digestivo.

Benefícios

Existem várias vantagens ao optar pela cirurgia com a técnica do sleeve gástrico: “nós não mexemos no intestino, portanto, a absorção de alguns nutrientes continua sendo normal”, comenta o médico endoscopista.

No entanto, segundo o Dr. Admar Concon Filho, o paciente precisará fazer a reposição de vitaminas por toda a vida. 

Essa técnica também permite a avaliação endoscópica do todo o estômago e do trato digestivo alto, mesmo após a cirurgia.

Portanto, podemos considerar as principais vantagens do sleeve gástrico são:

  • Não é feito nenhum implante;
  • Baixo índice de complicações pós-cirúrgicas;
  • Transforma a gastrectomia em bypass gástrico, caso seja necessário;
  • Costuma apresentar eficácia satisfatória para o controle da hipertensão arterial;
  • Ajuda os pacientes a conseguirem comer menos, sem prejudicar o processo digestivo normal;
  • O intestino não sofre alterações. Por isso, não prejudica a absorção de elementos importantes para a saúde, como ferro, cálcio e vitaminas do complexo B.

Em quais casos o sleeve gástrico é indicado? 

O sleeve gástrico é uma técnica ainda pouco utilizada entre os profissionais brasileiros, devido a vários motivos diferentes, entre eles, o próprio desconhecimento sobre o método.

Porém, especialistas que conhecem essa técnica tendem a seguir padrões internacionais, assim como são em todos os tipos de cirurgia bariátrica.

De acordo com o especialista consultado, para indicar o sleeve gástrico, o paciente precisa ter IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 40 Kg/m2 ou IMC maior que 35, possuir doenças associadas à obesidade e ter tentado emagrecer por mais de 2 anos sem sucesso. 

Contraindicações

O cirurgião bariátrico contou quais são as principais contraindicações do sleeve gástrico. Veja a seguir: 

  • Doença do refluxo gastroesofágico, já que essa é uma técnica que tende a piorar o problema; 
  • Diabetes tipo 2 porque a mudança metabólica, que ajuda a controlar a diabete, é menor que no bypass; 
  • pacientes com perfil beliscador e que gostam muito de doce, pois isso pode afetar a perda e a manutenção do peso.

Desvantagens do sleeve gástrico

Quanto às desvantagens, o médico especialista no aparelho digestivo cita alguns pontos: 

  • A perda de peso é um pouco menor, em relação ao método bypass;
  • Os índices de recidiva da obesidade são um pouco maiores;
  • É uma técnica irreversível, já que é retirada uma parte do estômago que não será mais utilizada;
  • Alguns pacientes podem desenvolver refluxo após a cirurgia. 

O Dr. Admar Concon Filho ressalta que os índices de recidiva da obesidade não são números significativos, mas é preciso considerar o perfil de cada paciente.

Possíveis riscos da cirurgia

Como toda cirurgia, o sleeve gástrico tem seus riscos, no entanto, de acordo com o especialista, é importante destacar que os riscos de uma cirurgia bariátrica reduziram muito nos últimos anos, principalmente, devido à evolução das técnicas e da melhoria da qualidade dos equipamentos e produtos utilizados.

Os riscos de uma cirurgia bariátrica são comparáveis ao de uma cesárea ou de uma retirada da vesícula, isso significa que os riscos de o paciente permanecer obeso são muito maiores.

“Falando particularmente do sleeve, apesar de ser raro, se o paciente tiver uma fístula, a dificuldade para fechá-la é maior que no bypass gástrico”, compara.

Leia também: Cirurgia bariátrica: O que é, para que serve e diferentes tipos

Pré-operatório do sleeve gástrico

No pré-operatório, o paciente terá de passar por um processo, que pode ser diferente de um plano de saúde para outro, já que alguns planos exigem participação em um grupo específico por até 2 anos. 

“De forma geral, o paciente deverá apresentar autorização e laudos de uma equipe multidisciplinar para poder fazer a cirurgia bariátrica”, informa o cirurgião bariátrico.

Entre os profissionais que deverão autorizar o procedimento, estão os endocrinologistas, cardiologistas, pneumologistas, psicólogos, psiquiatras e nutricionistas. 

Segundo o especialista em cirurgia do aparelho digestivo, com todas essas autorizações em mãos, o paciente é aprovado e o procedimento é agendado: “também é recomendado que ele perca peso antes da cirurgia. Se for o caso, é indicada uma dieta líquida, para reduzir ainda mais os riscos cirúrgicos”, complementa.

Quantos quilos se perde com a cirurgia bariátrica sleeve?

É possível perder com cirurgia bariátrica sleeve entre 30% e 35% do peso inicial. Então, se um paciente pesar 100 quilos, ele deve perder de 30 a 35 quilos. No bypass, a perda de peso pode chegar a 40% ou até mais. 

“Mas se o paciente se comprometer com a mudança de vida e seguir as orientações da equipe multidisciplinar, ele pode emagrecer até mais do que o previsto. Esses índices são apenas uma média”, ressalta o médico endoscopista.

Bypass ou sleeve: qual é a melhor cirurgia?

Esses dois métodos são ótimos, seguros e utilizados no Brasil e no mundo. De acordo com o Dr. Admar Concon Filho, a indicação normalmente é em comum acordo entre paciente e cirurgião, após considerar o perfil de cada paciente. 

“Para pacientes com diabete tipo 2, por exemplo, a bypass é a técnica indicada pelas mudanças metabólicas que ela causa e que favorecem o controle da doença”, ensina o especialista. 

Dessa forma, o médico precisa avaliar qual a perda de peso necessária, histórico de doenças pré-existentes e o perfil do paciente para fazer a indicação do método que acredita ser mais eficiente para o caso.

Fonte: Dr. Admar Concon Filho, cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. 

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