Retinoblastoma: Tiago Leifert fala novamente sobre tumor da filha

Saúde
16 de Setembro, 2022
Retinoblastoma: Tiago Leifert fala novamente sobre tumor da filha

No ano passado, o ex-apresentador do BBB Tiago Leifert e sua esposa, a jornalista Daiana Garbin, revelaram que sua filha Lua, de 1 ano, foi diagnosticada com retinoblastoma em estágio avançado. “É um câncer que acontece nas células da retina. Elas acabam tendo um crescimento desordenado e formando tumores. No caso da nossa filha, é bilateral. É muito difícil descobrir esse câncer e é por isso que estamos gravando esse vídeo”, explicou Garbin ao divulgar a notícia em suas redes sociais. Após a descoberta, a pequena iniciou um tratamento com quimioterapia, radioterapia e braquiterapia.

Apesar dos altos e baixos nesse período, o casal informou em entrevista ao jornal O Globo que o retinoblastoma está calcificado e sem sinais de progressão há três meses. No entanto, é necessário realizar um acompanhamento rigoroso, pois a condição pode se tornar nociva em qualquer momento. “Vamos ter muitos anos pela frente de muita tensão, porque ela é uma doença que de fato vai estar sempre perigoso de ela se manifestar”, falou Daiana ao Globo.

O que é o retinoblastoma?

Trata-se de um raro tumor intraocular (ou seja, dentro do olho) especialmente comum em crianças de até cinco anos de idade. Dessa forma, quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores são as chances de cura, sobretudo se o tumor ainda estiver restrito à região interna do olho. “Esse tipo de câncer corresponde a cerca de 3% de todas as neoplasias pediátricas e não possui formas de prevenção, pois trata-se de uma doença exclusivamente genética”, explica o oftalmologista Felipe Petermann Choueiri Bugalho.

Quais são as causas da doença?

A princípio são duas as causas para o surgimento do retinoblastoma. Na maioria deles, ou seja, em torno de 90%, a doença aparece de repente, sem aviso prévio, não estando associado a fatores externos. Nesse caso, uma célula sofre mutação e passa a se multiplicar descontroladamente. Essa forma de retinoblastoma geralmente aparece em crianças com mais de 1 ano de idade. 

A hereditariedade é apontada como a segunda principal causa. Nesse caso, a criança tem uma mutação num gene que é herdada de um dos pais, embora possa ser também uma mutação nova que comece com o paciente, que vai transmiti-la aos descendentes. Nesses casos, o retinoblastoma se desenvolve no bebê, antes de 1 ano de idade.

“É possível descobrir se os pais são portadores da mutação por meio do sequenciamento genético. Em casos positivos, dá para realizar o planejamento familiar para que os genitores sejam adequadamente orientados a respeito do risco de um filho desenvolver a doença”, diz o médico.

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Os tipos de retinoblastoma 

Existem três tipos de retinoblastoma. O retinoblastoma unilateral afeta um olho e representa entre 60% e 75% dos casos. Destes, 85% são da forma esporádica da doença, e os demais são casos hereditários. O retinoblastoma bilateral – justamente o que atingiu a filha de Tiago Leifert e Daiana Garbin – afeta os dois olhos, quase sempre é hereditário e costuma ser diagnosticado bem mais cedo que o unilateral. O retinoblastoma PNET (tumor neuroectodérmico primitivo) ou retinoblastoma trilateral, por outro lado, ocorre quando um tumor associado se forma nas células nervosas primitivas do cérebro e só atinge crianças com retinoblastoma hereditário bilateral.

Sintomas do retinoblastoma

Tiago Leifert contou que foi ele quem notou os primeiros sintomas da doença na filha, que passou a olhá-lo de lado. Além disso, um dos olhos da menina parecia sempre instável. A mulher do apresentador, Daiana, explicou que os dois decidiram levar Lua ao médico quando viram uma luz branca no olho dela.

Essa luz branca, ou “olho de gato”, está presente em 90% dos casos. A leucocoria, que é o reflexo branco na pupila, indica que uma fonte luminosa está incidindo sobre a superfície do tumor e impedindo a passagem de luz. Sem a passagem de luz, as vias óticas para o centro da visão, no cérebro, não se desenvolvem e atrofiam. 

De acordo com o oftalmologista, enquanto os olhos saudáveis podem parecer vermelhos em fotos tiradas com flash, pessoas com retinoblastoma têm os olhos brancos na mesma situação. Isso também é perceptível o sob luz artificial ou quando a pupila estiver dilatada. “Outros sintomas muito comuns e mais evidentes são o estrabismo, a vermelhidão, a deformação do globo ocular, a indicação de baixa visão e até mesmo traços que simbolizam dores oculares”, explica o oftalmologista.

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O aparecimento da leucocoria, no entanto, indica que a doença já está em estágio avançado e as chances de salvar o olho da criança são menores. Por isso, é extremamente importante que, ao notar qualquer anormalidade nos olhos da criança, procurar um médico o quanto antes. O diagnóstico precoce possibilita o tratamento adequado e aumenta as possibilidades de preservar a visão e a vida da criança acometida pela doença.

Como diagnosticar?

O diagnóstico precoce do retinoblastoma é indispensável para o sucesso do tratamento. Dessa forma, pode ser realizado por um neonatologista ainda na maternidade, ou nos exames de rotina pelo oftalmologista nos primeiros anos de vida da criança, utilizando o Teste do Reflexo Vermelho, conhecido como o teste do olhinho.

O exame deve ser realizado logo após o nascimento do bebê e periodicamente até os cinco anos, faixa etária mais atingida pela doença. O teste é simples e pode detectar qualquer alteração visual, levantando a suspeita da existência de um tumor, que pode ser confirmado pelo exame de fundo de olho. Além do retinoblastoma, o exame pode detectar outras doenças, como catarata e glaucoma congênito, cuja identificação precoce possibilita o tratamento no tempo adequado.

O levantamento do histórico familiar, o exame de fundo do olho e o ultrassom também fornecem elementos importantes para confirmar o diagnóstico. Além disso, de acordo com o especialista, em caso de histórico na família, são necessárias consultas de avaliação da saúde ocular do pequeno antes dos três anos de idade.

Tratamento da retinoblastoma

A boa notícia é que o retinoblastoma tem cura, o que acontece na grande maioria dos casos. Para isso, é necessário realizar o tratamento, que pode incluir sessões de quimioterapia e radioterapia, além de tratamento oftalmológico e à laser. “Situações mais graves, contudo, podem demandar uma cirurgia de enucleação. Isto é, a retirada cirúrgica do globo ocular.”

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Como evitar o avanço da retinoblastoma 

Embora não seja possível evitar o surgimento do retinoblastoma, quando diagnosticado precocemente, é possível evitar o avanço do tumor. Dessa forma, inicialmente, procure saber se a criança passou por avaliação oftalmológica na maternidade, incluindo o teste do olhinho. Caso não tenha passado, procure um oftalmologista para realizar a avaliação enquanto a criança ainda é um bebê.

Além disso, antes da criança completar três anos de idade, leve-a novamente ao oftalmologista para uma reavaliação. A visita ao profissional também deve ocorrer caso a criança apresente sintomas, como olhos vermelhos, reflexos brancos na pupila ou sinais de estrabismo, por exemplo.

Por fim, verifique se há outros casos de retinoblastoma na família. Se houver, vale a pena consultar um especialista em doenças genéticas hereditárias sobre a possibilidade de o retinoblastoma afetar outros membros da família.

Fonte: Felipe Petermann Choueiri Bugalho, médico oftalmologista com título de especialista reconhecido pelo MEC e CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia).

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