Como contar para a criança que o bichinho de estimação morreu?

Bem-estar Equilíbrio
21 de Março, 2022
Como contar para a criança que o bichinho de estimação morreu?

Se você é pai ou mãe e tem filhos pequenos, provavelmente já se questionou como abordar assuntos delicados — como perdas de entes queridos, de animais de estimação, entre outros. Alguns temas complexos precisam ser tratados com carinho e atenção, para que as crianças tentem assimilar — da melhor forma — o que aconteceu. Confira, então, o que dizer a eles quando um pet morre:

Luto na infância

De acordo com a psicóloga Victoria Kimmelmann, o luto faz parte da vida. E não importa a idade: evitá-lo pode ser pior do que conseguir elaborá-lo.

“Esse comportamento deve ser adotado, inclusive, no caso das crianças, porque, apesar de terem reações e percepções diferentes em relação ao luto, é preciso que seja enfrentado, justamente para os desenvolvimentos cognitivo e emocional”, diz a psicóloga.

De acordo com o site da Sociedade Brasileira de Psiquiatria (SBP), antes dos três anos, a criança percebe a morte apenas como ausência e falta. Entre três e cinco anos, a morte assemelha-se a um estado de sono. Neste momento, a criança passa a incluir o sentimento em suas fantasias, acreditando que pensamentos, desejos e palavras podem causar ou evitar a morte. “Neste período é comum que surjam sentimentos de culpa diante da morte, pois os pequenos associam a ausência a desejos e pensamentos agressivos”, revela Victoria.

No período de cinco a sete anos, a criança consegue entender a morte como fator “irreversível e inevitável”. Ou seja, como o destino de todos e como um estado em que todas as funções do corpo humano param de funcionar. Já dos 10 aos 11 anos, os pequenos passam a ter uma compreensão da morte de maneira mais abstrata e formulam hipóteses sobre a causalidade.

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O que dizer aos filhos quando um pet morre

Nesse caso, Victoria diz que é comum que sentimentos de culpa apareçam, e isso é sinal de amadurecimento. O apoio deve ser realizado em etapas, principalmente ouvindo o que a criança tem a dizer. “O desenvolvimento [do luto] pode ser adiantado ou atrasado, mas nunca subestimado”, alerta a psicóloga. “No caso do luto por animais de estimação, muitas famílias encontram a solução substituindo por outro animal ou dizendo que o pet foi roubado ou fugiu”, diz.

Esse comportamento acontece porque, segundo a psicóloga, os próprios pais não estão preparados para enfrentar a notícia ou acham que não darão conta de dizer a verdade às crianças. “A mentira nunca é o melhor caminho, porque, além de não obter transparência, gera uma série de comportamentos e desconfianças em relação aos pais. A criança pode e deve saber que todos os seres vivos morrem. Além disso, em termos psicológicos, a todo momento vivemos pequenos lutos, mesmo que estes não se refiram a mortes de pessoas ou animais, mas, sim, de fins e recomeços.”

Quando um pet morre, como contar para as crianças?

“Falar de luto para a criança pode ser interessante. Uma função dos papéis maternos e paternos é dar ‘suporte’ e ensinar a criança a nomear suas emoções e necessidades”, diz Victoria. “A criança poder aprender a indicar o que sente desde cedo é vantajoso”, completa.

A psicóloga reforça que utilizar métodos complementares pode ser uma boa alternativa. “Usar filmes e livros pode ser muito interessante. Maurício de Souza, junto com a psicopedagoga e arteterapeuta especialista em Neuropsicopedagogia e Contos Infantis Paula Furtado, lançaram em 2019 uma coleção de livros sobre sentimentos para crianças. Os livros falam sobre sentimentos complexos como ansiedade, luto, tristeza, medo e raiva. Mais especificamente sobre luto, o livro ‘Para sempre no meu coração’ aborda o tema através das personagens da Turma da Mônica”, diz.

Contudo, procurar a ajuda de profissionais é sempre uma boa alternativa, já que eles podem auxiliar no atendimento infantil e acolher tanto as crianças quanto os pais. “Muitas vezes, há a necessidade de cuidar dos pais para que estes possam cuidar da criança, pois cada pessoa sente e significa as coisas de um jeito. É preciso respeitar a dor de cada um.”

Apesar das dicas, no entanto, Victoria reforça que a perda de um animal de estimação pode deixar um vazio tão grande quanto a perda de uma pessoa. “Não há certo e errado ao falar de luto, apenas deixe a pessoa se expressar de sua maneira particular”, reforça.

Fonte: Victoria Kimmelmann, psicóloga.

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