Muitas pessoas, especialmente as que perderam seus cabelos, temem que o sol possa prejudicar o couro cabeludo. De acordo com o Dr. Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri), o sol pode causar dois tipos de câncer nessa parte do corpo. Por isso, é importante se precaver. Mas afinal, pode usar protetor solar na cabeça? Confira a resposta do especialista.
Leia mais: Você sabe o que significa o número de FPS do protetor solar?
Ainda de acordo com o especialista, os protetores solares químicos (os cosméticos que usamos para corpo e rosto) não são indicados para o couro cabeludo, pois podem obstruir os poros, causando irritações como dermatites de contato, dermatites químicas, foliculites (infeções da raiz do cabelo) e até complicar outras doenças, como micoses ou contaminações bacterianas.
Por isso, o especialista recomenda usar e abusar dos acessórios de proteção, inclusive na água. “Costumo dizer que o melhor protetor solar é a sombra. Mas, na ausência dela, o couro cabeludo deve ser protegido com chapéus confeccionados com tecido de proteção solar UVA e UVB. Pessoas de pele preta também precisam se preocupar com essa exposição, já que também são suscetíveis ao câncer de pele”, alerta o médico e tricologista.
Sendo assim, é fundamental a proteção da cabeça com bonés, chapéus ou bandanas confeccionados com tecido de proteção 100% UV. Os guarda-sóis também devem ter este tipo de tecido, já que os tecidos sintéticos ou de algodão filtram a radiação no máximo em 30%.
“Se você é careca, não utilize filtro solar na cabeça. Mesmo que o couro cabeludo seja pele, essa parte do corpo não deve receber o filtro, porque ele não é indicado para esse tipo de pele e pode causar alergias em algumas pessoas”, completa o especialista.
Além do sol, a água do mar é mais um agravante, conforme explica o especialista em saúde capilar. “Os cristais do sal contido na água do mar funcionam como micro lentes de aumento, provocando queimaduras nos fios. Por isso, é fundamental enxaguar bem os fios a cada mergulho”, ensina.
Nas piscinas, a presença de substâncias químicas, como o cobre e o cloro, pode deixar os fios esverdeados. “Quem descolore os fios precisa se atentar a esse detalhe, procurando o cabeleireiro para proteger os cabelos antes da exposição. Esses cabelos são mais sensíveis e necessitam de cuidados extras, porque podem se quebrar também. É melhor prevenir do que remediar”, diz.
Você já ouviu falar em câncer no couro cabeludo? A doença, chamada melanoma, costuma acometer principalmente as pessoas de pele branca e com ascendência asiática, mas também pode surgir nas de pele preta. “Existem basicamente dois tipos de câncer que acometem a pele da cabeça, o couro cabeludo: Melanona e Carcinoma Baso Celular. Ambos têm causas e diagnósticos idênticos, mas prognósticos diferentes”, diz o Dr. Luciano.
Conforme ele explica, o Melanona é um câncer de pele muito invasivo. No couro cabeludo, é difícil de ser visualizado, bem como no autoexame, sendo que mesmo os médicos, muitas vezes, não conseguem percebê-lo. “Existe uma predisposição genética para este câncer e ele é desencadeado pelos raios solares”, comenta.
Quando o melanoma ocorre no couro cabeludo, o prognóstico não costuma ser bom, já que este câncer é invasivo e só percebido tardiamente. “O diagnóstico é realizado por meio de um exame clínico especializado, com o uso de equipamentos de diagnóstico tricológico não invasivos, como o scanner de couro cabeludo que aumenta até 30 mil vezes a imagem de sua superfície. O diagnóstico de certeza do tumor e a classificação de sua invasão é feito pela biópsia”, detalha o presidente da SBTri.
Já o Carcinoma Baso Celular também é um tumor que pode aparecer no couro cabeludo e é mais comum que o melanoma, porém é bem menos invasivo. Conforme explicado anteriormente, tem causas e diagnóstico idênticos aos do Melanoma.
A melhor prevenção contra os cânceres de couro cabeludo é a utilização de chapéus ou bonés confeccionados com tecido de proteção 100% UV, especialmente para pessoas que perderam seus cabelos, têm histórico de câncer familiar ou pele clara ou, ainda, para aquelas que serão expostas ao sol. “Não é recomendada a utilização de filtro solar no couro cabeludo, mesmo em pessoas carecas”, finaliza Barsanti.
Fonte: Dr. Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia (SBTri).