Perda de peso involuntária: quais são as causas e quando procurar ajuda?
A prática de atividade física é essencial para mantermos a saúde em dia. Mas você sabia que, em excesso e sem supervisão, o hábito pode causar perda de peso involuntária? Embora a palavra “emagrecer” seja frequentemente relacionada a algo positivo para o corpo, nesse caso pode trazer riscos. Outras situações também podem levar ao emagrecimento não intencional, como efeitos colaterais de medicações ou distúrbios mentais e psicossomáticos. Por exemplo, estresse, ansiedade, bulimia e anorexia, no qual há redução de calorias ingeridas. Mas afinal, quais são as causas e quando é hora de procurar ajuda médica?
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O que pode causar perda involuntária?
De acordo com a Dra. Anastácia Stievano, clínica geral da Santa Casa de São José dos Campos, são várias as causas, além das citadas anteriormente:
- Abuso de substâncias químicas, como álcool e drogas;
- Diarreia crônica;
- Desnutrição;
- Uso de determinados medicamentos, como anfetaminas;
- Abuso de laxantes e medicamentos para tireoide;
- Tratamento com quimioterapia;
- Distúrbios graves do sono, como insônia;
- Doenças como câncer, hipertireoidismo e AIDS;
- Úlceras orais;
- Uso de aparelhos odontológicos, que dificultam a alimentação;
- Perda de dentes e cáries dentárias;
- Tabagismo.
Perda de peso involuntária em idosos
A incidência de perda de peso involuntária aumenta com o envelhecimento e chega a 50% entre os residentes de casas de repouso. Isso porque os distúrbios que podem a condição são mais comuns entre os idosos. Além disso, há mudanças normais relacionadas à idade que contribuem para a perda de peso:
- Sensibilidade reduzida a certos mediadores estimulantes de apetite, e sensibilidade aumentada a certos mediadores inibidores do apetite;
- Uma taxa reduzida de esvaziamento gástrico (prolongamento do sentimento de enchimento);
- Sensibilidades reduzidas ao gosto e ao cheiro;
- Perda de massa muscular (sarcopenia).
Além disso, o isolamento social é comum nos idosos, o que tende a reduzir a ingestão de alimentos. Depressão e demência são fatores contribuintes muito comuns, particularmente entre residentes de asilos.
Perda de peso involuntária em grávidas
A perda de peso na gravidez não é uma situação normal, mas pode ocorrer, sobretudo, quando a gestante tem muitos enjoos e vômitos. Isso porque, explica a especialista, no início da gravidez, é comum não conseguir ter uma alimentação adequada, o que leva a uma perda de peso não intencional, chamada de hiperemese gravídica.
“Perder peso na gravidez pode ser normal na fase inicial, quando perder ou manter o peso anterior à gestação não influencia na saúde nem no desenvolvimento do bebê. Contudo, a partir do 2º trimestre, o bebê precisa de nutrientes suficientes para engordar a um ritmo constante e regular”, afirma a Dra. Anastácia.
Além do emagrecimento, quais outros sinais o corpo dá?
Pessoas com perda de peso involuntária apresentam certos sintomas e características que são preocupantes. São eles: febre e sudorese noturna, dor óssea, falta de ar, tosse que pode incluir sangue, sede excessiva, aumento da frequência urinária, dor de cabeça e na mandíbula ao mastigar, distúrbios da visão (por exemplo: visão dupla, visão embaçada ou pontos cegos), insônia, palpitação e alteração do humor. Mas quando é a hora de procurar ajuda médica?
De acordo com a especialista, a consulta médica é recomendada quando há uma perda de peso não intencional maior do que 5% do total, nos últimos meses. “Além disso, é necessário se atentar a possíveis outros sintomas que possam surgir em conjunto para se realizar diagnósticos diferencias”, completa a Dra. Anastácia.
Diagnóstico da perda de peso não intencional
Inicialmente, os exames indicados para diagnosticar a perda de peso involuntária dependem de quais distúrbios o médico suspeita. “Então, quando o histórico e o exame físico não sugerem causas específicas, alguns médicos fazem uma série de exames, incluindo radiografia do tórax, exames de sangue diversos e de urina, para tentar descobrir a causa. Esses exames são seguidos por outros mais específicos, caso necessário, como os de imagem”, explica a médica.
Tratamento
Antes de iniciar o tratamento da perda de peso não intencional, é necessário tratar a doença primária. Em seguida, a especialista recomenda algumas medidas comportamentais para aumentar o apetite. Por exemplo, estimular a pessoa a comer, ajudá-la nas refeições, oferecer seus alimentos favoritos ou com sabor acentuado, além de sugerir o consumo de porções pequenas.
“Se essas medidas forem ineficazes, complementos alimentares altamente nutritivos podem ser testados. A alimentação por meio de um tubo inserido no estômago é um último recurso (sonda nasoenteral) e é válida apenas em certas situações específicas”, alerta a especialista.
No caso de idosos, o consumo desses suplementos também pode ajudar a corrigir deficiências de vitamina (por exemplo, de vitamina D e B12). No entanto, eles devem ser administrados entre as refeições e na hora de dormir, senão podem diminuir o apetite na hora da refeição.
Por fim, a especialista alerta sobre a importância de se buscar ajuda médica ao apresentar perda de peso sem que haja a intenção de emagrecer. “Pessoas que possuem sinais de alerta devem procurar um médico imediatamente”, finaliza.
Fonte: Dra. Anastácia Stievano, clínica geral da Santa Casa de São José dos Campos e pós-graduada em Endocrinologia e Metabologia.