Peeling de fenol: tratamento para rugas pode afetar coração, fígado e rins
O peeling de fenol é há tempos uma opção para quem busca acabar com as rugas do rosto, conseguindo com apenas uma sessão rejuvenescer a pele em anos.
Apesar de parecer uma mágica, contudo, o tratamento se tornou bem polêmico. Isso porque o ácido fénico é uma substância muito agressiva e que pode causar uma série de problemas de saúde caso seja aplicada da maneira errada.
Para entender como o método funciona e quais são os seus riscos, consultamos o dermatologista Bruno Lages, de São Paulo. Confira!
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O que é o peeling de fenol?
O peeling de fenol, segundo Lages, é um peeling químico que age de modo profundo na pele, através de uma aplicação única do ácido fénico.
Por ser uma substância bastante corrosiva, sua ação causa uma descamação intensa, com a formação de crostas no rosto para a troca por uma pele nova.
“Como atinge a derme, o fenol estimula a formação de novos colágenos e a renovação celular. Portanto, ele é indicado apenas para peles muito envelhecidas e claras, ou quando outros procedimentos mais leves não fizeram efeito”, ele explica.
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Desta forma, o profissional reforça que o método só deve ser feito após a indicação de um dermatologista ou cirurgião plástico, e apenas se outros tipos de tratamentos menos invasivos não tenham surtido efeito.
“É imprescindível procurar um profissional especializado na técnica antes de fazer.”
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Como o peeling de fenol é feito?
Trata-se de um procedimento bem delicado e, por isso, é preciso que seja feito em uma clínica ou em um hospital.
“Nesses espaços, há equipamentos para acompanhar as condições do coração do paciente, já que a substância pode causar arritmia cardíaca”, ressalta o dermatologista.
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Antes de iniciar a aplicação do ácido, o rosto precisa estar limpo e sem gordura para receber o produto.
“Ele é aplicado com uma espátula ou uma gaze, em movimentos controlados. Isso porque, se a substância penetrar muito rápido na pele, ela pode causar uma intoxicação”, diz Lages.
E completa: “O fenol é passado em áreas divididas no rosto e a cada aplicação é preciso esperar até 20 minutos para que a substância seja metabolizada”.
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Riscos do procedimento
De acordo com o médico, o peeling de fenol é um procedimento muito agressivo, pois atinge as camadas mais profundas da pele. Sendo assim, o ácido pode causar alterações no coração, no rim e no fígado.
“São casos incomuns, decorrentes de um procedimento feito por um profissional não qualificado e de forma inadequada”, afirma o médico.
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Por ser um método delicado, é necessário que o paciente se prepare física e psicologicamente antes do tratamento, além de ter um acompanhamento médico e monitoramento cardíaco durante todo o processo, para o caso de possíveis complicações.
“A pessoa pode levar até três meses para ter uma recuperação. Nesse período, a pele fica vermelha, com sensação de queimação e com inchaço. Além disso, podem surgir infecções, manchas temporárias e cicatrizes queloides”, aponta Lages.
“Já os resultados podem demorar até seis meses para começarem a aparecer. Isso porque, mesmo após a descamação da pele, a face pode continuar sensível e com aspecto de vermelhidão por um tempo.”
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Contraindicações
O procedimento é contraindicado para pacientes com problemas no coração, nos rins, no fígado ou que tenham doenças autoimunes graves, além de pessoas com tendência a terem cicatrizes queloides ou que estejam com infecções ou lesões na pele.
“Ele também não é bom para pessoas com tendências ao estresse físico e mental. Por isso, a avaliação é essencial antes de fazer o procedimento, inclusive para definir se não existem alternativas menos invasivas”, explica o médico.
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Cuidados antes e depois do peeling
Antes de partir para o peeling, o paciente terá que usar cremes à base de ácido retinóico, hidroquinona e corticoide leve.
“Ele também terá que tomar antivirais por via oral, pois o ácido remove a camada da pele para que nasça uma nova e, nesse processo, há o risco de infecções e de aparecimento de herpes”, alerta Lages.
Além disso, outro cuidado bem importante é evitar passar por qualquer procedimento estético e não fazer esfoliação na pele.
Já após a sessão do tratamento, o médico diz que é recomendado fazer o uso de antibióticos e anti-inflamatórios, além de ficar em casa no primeiro mês, enquanto a pele está em processo de cicatrização.
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“A alimentação saudável também é muito importante para melhorar a imunidade durante esse processo longo e doloroso de recuperação.”
Por fim, em todo o percurso do procedimento, deve-se evitar a exposição ao sol e sempre usar o protetor solar no rosto, porque após o procedimento a pele fica mais fina e sensível.
“E não se esqueça: o ideal é procurar um profissional para avaliar e ver se há necessidade de passar pelo procedimento, assim como passar as devidas orientações para seu caso”, finaliza.
Fonte: Bruno Lages, médico dermatologista da Clínica Dr. Otávio Macedo & Associados, de São Paulo.