Nutrição de precisão: como a ciência pretende criar dietas cada vez mais individualizadas
Você já ouviu falar na nutrição de precisão? O conceito, em teoria, trata da busca pela customização máxima de uma conduta nutricional. Ou seja, seria aquela dieta feita “sob medida” para o paciente, levando em conta diversos fatores, como sexo, idade, preferências alimentares, condições socioeconômicas, doenças existentes…
Mas, recentemente, o assunto foi destaque no encontro anual da Sociedade Norte-Americana de Nutrição (ASN, em inglês) justamente porque os cientistas pretendem ir além. Utilizando métodos como machine learning (aprendizado de máquina) e análises de DNA, os pesquisadores procuram individualizar ainda mais as dietas.
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Nutrição de precisão no futuro
Uma das iniciativas apresentadas no evento que vão ao encontro da nutrição de precisão é o projeto All Of Us (todos nós, em tradução livre). O objetivo é montar um enorme banco de dados sobre mais de um milhão de estadunidenses. Quem quiser participar, precisa concordar em compartilhar informações médicas, ter 18 anos ou mais e fornecer amostras de sangue, urina e saliva para que sejam feitos exames laboratoriais e de DNA.
Desse modo, será possível conhecer a biologia dessas pessoas, bem como seus estilos de vida e ambientes onde vivem. Assim, quanto maior a diversidade do material, mais precisos serão os tratamentos formulados.
O próximo passo será, então, desenvolver algoritmos capazes de mapear padrões dietéticos e prever respostas individuais aos alimentos. “Vamos usar todos os tipos de biomarcadores e daremos sequência a um estudo de três fases sobre desafios alimentares e intervenções de precisão. Serão recomendações individualizadas para moderar ou otimizar esses biomarcadores”, afirmou Holly Nicastro, coordenadora do programa.
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Exemplos
Um bom exemplo do futuro da nutrição de precisão foi divulgado em outro estudo recente, feito com seis mil adultos. Nele, os pesquisadores descobriram que existem genes ligados à percepção de sabor, e eles são determinantes para a escolha alimentar de uma pessoa.
Assim, se fosse possível prever essas características em um consultório, daria para indicar quais temperos e alimentos o paciente precisa combinar para evitar a rejeição, e, consequentemente, tornar o cardápio mais diversificado e nutritivo.
“Sabemos que o sabor é um dos fatores fundamentais do que escolhemos comer e, por extensão, da qualidade da nossa dieta”, disse Julie E. Gervis, uma das autoras do artigo. “Considerar a percepção do sabor pode ajudar a tornar a orientação nutricional personalizada mais eficaz, identificando os motivos das más escolhas alimentares e ajudando pessoas a minimizá-los”, finalizou.