Mal de Pott: sintomas, causas e tratamentos
O mal de Pott (MP) é uma das doenças mais antigas de que se tem conhecimento. Também conhecida como tuberculose vertebral, ela foi documentada em restos da coluna vertebral da Idade do Ferro, na Europa e em antigas múmias do Egito e da costa do Pacífico da América do Sul.
De acordo com o Dr. Marcello Zaboroski, médico ortopedista e traumatologista do Hospital São Luiz, Hospital Alvorada e diretor clínico do Instituto Ortopédico Santa Maria, o mal de Pott e é uma patologia que afeta a coluna vertebral, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, denominado Bacilo de Koch.
“A tuberculose geralmente afeta os pulmões, mas também pode ser extrapulmonar afetando a coluna vertebral, ossos longos de carga (membros inferiores) ou órgãos internos. Quando o bacilo penetra na corrente sanguínea (via hematogênica) pode se alojar na vértebra, causando sua destruição óssea devido à necrose tecidual”, acrescenta.
Quais as causas do mal de Pott?
O mal de Pott é causado pela inalação do bacilo de Koch, agente causador da tuberculose, segundo o médico traumatologista.
Dessa maneira, a inalação do bacilo de Koch ocorre quando ele entra no organismo pelo sangue. Com a sua passagem pelo corpo, ele se aloja na coluna vertebral, dando início ao processo de destruição óssea.
“Isso pode ocorrer pela falta de imunização (BCG) ou em casos de pacientes imunodeprimidos, imunossuprimidos, uso excessivo de corticoides, uso de drogas endovenosas, insuficiência renal ou hepática e em casos de cirurgia prévia de coluna”, complementa.
Quais os sintomas do mal de Pott?
A doença do mal de Pott pode causar alguns sintomas bastante variáveis e que, muitas vezes, se confundem com uma simples dor nas costas. Portanto, confira os principais:
- Dor nas costas, podendo irradiar para os membros inferiores (quando afeta a região toraco-lombar). Isso ocorre devido à fratura patológica, compressão nervosa, instabilidade e presença de hérnia de disco;
- Rigidez na coluna;
- Espasmos musculares;
- Massa palpável;
- Formação de giba ou outras deformidades;
- Hiperestesia no local acometido;
- Febre, geralmente baixa;
- Perda de peso;
- Mal-estar;
- Fraqueza;
- Sudorese noturna.
Diagnóstico
De acordo com o Dr. Marcello Zaboroski, quanto antes o diagnóstico for feito, menor a probabilidade de deformidades e sequelas.
“Durante a anamnese (conversa com o paciente), deve-se indagar sobre o contato com pessoas doentes ou visitas às áreas endêmicas de tuberculose, e pedir exame de sangue com marcadores de processo infeccioso (VHS e PCR). Assim, no caso de suspeita, solicitar o teste tuberculínico (PPD), que pode confirmar a infecção pelo bacilo de Koch”, expõe o médico.
Ademais, exames de imagem como radiografias de coluna, tomografia computadorizada, ressonância magnética também são solicitados.
“Ao ter uma imagem sugestiva, pode ser realizada a biópsia guiada por tomografia, na presença de massa local, pode ser realizada a punção com a cultura de tecidos e fluidos”, acrescenta.
Tratamento para mal de Pott
O tratamento do mal de Pott apresenta uma grande controvérsia em relação à duração, segundo o médico traumatologista.
“Geralmente, o tratamento dura de 6 meses a 1 ano, e segue o esquema da tuberculose pulmonar, realizado pelo RIPE, que consiste em Rifampicina, Pirazinamida, Isoniazida e Etambutol”, diz.
No entanto, já o tratamento cirúrgico consiste na drenagem e limpeza das vértebras acometidas e consequente fixação das vértebras, para correção das deformidades e compressões neurológicas, quando possível.
Além disso, é importante que o mal de Pott seja identificado e tratado conforme a orientação médica, que pode indicar o uso de antibióticos, para eliminar a bactéria, e sessões de fisioterapia, para evitar o agravamento da infecção, que pode causar rigidez total.
Como evolui o mal de Pott?
Para o Dr. André Giglio Bueno, médico infectologista, na maioria dos casos, a evolução é boa, mas depende bastante do tempo que demorou para se chegar ao diagnóstico.
“Se houver atrasos para diagnosticar e começar a tratar a doença os riscos de complicações aumentam”, alerta o médico.
Mal de Pott é contagioso?
Existem alguns mitos que cercam a doença de mal de Pott, como por exemplo, a crença sobre ser uma doença contagiosa.
Mas o infectologista consultado tranquiliza que essa enfermidade não é contagiosa. Porém, só haverá risco de transmissão para outra pessoa se o paciente tiver tuberculose no pulmão ou laringe: “é possível que o paciente tenha tuberculose em mais de um lugar ao mesmo tempo”, lembra.
Possíveis complicações
Nos casos mais graves, quando não há resposta adequada ao tratamento, o Dr. André Giglio Bueno aponta que a principal complicação é a ocorrência de compressão medular, ou seja, a inflamação nos ossos da coluna pode levar à ocorrência de fratura, desvio e risco de compressão da medula espinhal.
Assim, nesse estágio, o mal de Pott pode levar a quadros de dor intensa e dificuldade para mover ou sentir as pernas.
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Tuberculose na coluna tem cura?
Na revisão de literatura médica, o mal de Pott é um tipo de tuberculose extrapulmonar que afeta a coluna vertebral.
Por isso, o infectologista assegura que a tuberculose na coluna tem cura, sim. “Quanto mais cedo o paciente descobrir a doença, mais simples será o tratamento, que poderá ser feito somente com os medicamentos por via oral por pelo menos um ano. Em algumas situações pode ser necessário realizar cirurgia na coluna para complementar o tratamento”, finaliza.
Fonte: Dr. Marcello Zaboroski, médico ortopedista e traumatologista do Hospital São Luiz, Hospital Alvorada e diretor clínico do Instituto Ortopédico Santa Maria. Dr. André Giglio Bueno, médico infectologista.