Hipotireoidismo em crianças pode causar sequelas cognitivas e déficit de crescimento

Saúde
17 de Agosto, 2021
Hipotireoidismo em crianças pode causar sequelas cognitivas e déficit de crescimento

Ao lado de seu exército de hormônios, a glândula tireoide — localizada no pescoço — controla funções importantes para o metabolismo. Ela age diretamente em órgãos como coração, cérebro e fígado, regulando diversas atividades, entre elas batimentos cardíacos, ciclos menstruais, temperatura e peso corporal. E apesar de desempenhar um trabalho essencial para o equilíbrio do funcionamento do organismo, pode acontecer dessa glândula deixar de produzir uma quantidade suficiente de hormônios. Nesse caso, ocorre o chamado hipotireoidismo, que provoca uma lentidão em diversas funções. Como frequência cardíaca, intestino e até no crescimento, além de sintomas como dificuldade na capacidade da memória, cansaço, dores musculares e nas articulações, sonolência, entre outros. Essa condição afeta muitos adultos, mas também há a possibilidade de ocorrer o hipotireoidismo em crianças.

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Como acontece o hipotireoidismo em crianças

De acordo com Lorena Lima Amato, endocrinologista doutora pela Universidade de São Paulo, nos pequenos essa disfunção pode ser congênita. Ou seja, eles nascem sem a glândula tireoidiana — situação rara e muitas vezes de origem genética. Em outros casos, a glândula vai deixando de funcionar com o passar do tempo.

“O hipotireoidismo em crianças pode ser classificado em primário, quando o problema está na glândula tireoide; e secundário, quando está na hipófise, glândula localizada no sistema nervoso central que libera hormônios responsáveis por estimular a tireoide”, explica. “Entre os pequenos, é mais comum que ocorra após os quatro anos de idade. E a causa mais comum no Brasil nessa faixa etária é a tireoidite de Hashimoto, doença autoimune que leva ao mau funcionamento da glândula.”

Além disso, o hipotireoidismo costuma acontecer devido à deficiência de iodo, seja durante a gestação, seja no caso de crianças com alergias alimentares ou que seguem dietas muito restritivas sem acompanhamento médico e nutricional. Outras causas menos frequentes são tratamentos de radioterapia da cabeça e pescoço e uso de alguns medicamentos que contêm lítio ou amiodarona, por exemplo.

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Principais sintomas e consequências

A médica esclarece que a criança com hipotireoidismo pode apresentar, além de sonolência excessiva e redução na velocidade de raciocínio (semelhantes aos adultos), sintomas como atraso no crescimento, podendo até evoluir para uma puberdade precoce. “Já no hipotireoidismo congênito, por outro lado, se não tratado rapidamente, isso pode levar a um grave déficit cognitivo no sistema nervoso central que pode ser permanente (é a causa mais comum de deficiência mental passível de prevenção)”, alerta.

Estabelecer o diagnóstico e iniciar o tratamento precocemente é, portanto, fundamental para prevenir sequelas, principalmente neurológicas. “No recém-nascido, o hipotireoidismo congênito costuma ser assintomático, com manifestações inespecíficas e de instalação lenta, o que torna o diagnóstico clínico difícil. Mas a avaliação através da dosagem do hormônio TSH no programa de triagem neonatal (Teste do Pezinho) possibilita o tratamento em tempo hábil, evitando o retardo mental”. Em relação à doença adquirida, o diagnóstico é confirmado a partir de dosagens hormonais no exame de sangue.

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Tratamento para hipotireoidismo em crianças

Lorena ressalta que, quando adequadamente cuidada, a criança pode levar uma vida completamente saudável. O tratamento é relativamente fácil, feito essencialmente com a reposição do hormônio tireoidiano, assim como é realizado em adultos. Na maioria das vezes, a chance de efeitos colaterais é bastante baixa.

No entanto, a endocrinologista diz que é preciso atenção para fazer essa reposição hormonal de forma correta, pois o medicamento deve ser ingerido em jejum e respeitando 30 minutos antes da primeira refeição do dia. “A partir de exames laboratoriais é possível deixar a dosagem hormonal em níveis adequados para permitir um desenvolvimento normal da criança”, finaliza.

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Fonte: Lorena Lima Amato, endocrinologista doutora pela Universidade de São Paulo.

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