O nível muito baixo de glicose no sangue é conhecido como hipoglicemia. Trata-se de uma complicação aguda mais frequente em indivíduos com diabetes tipo 1, e mas também pode atingir quem tem o tipo 2 da doença, sobretudo em pacientes tratados com insulina. Entenda mais sobre a condição.
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A hipoglicemia é um distúrbio provocado pela baixa concentração de glicose no sangue. Geralmente, o organismo mantém o nível de glicose entre 70 a 110 mg/dl, mas pessoas com a condição não atingem esse valor. A condição não é comum entre pessoas sem diabetes, já que uma de suas principais causas são os efeitos colaterais dos medicamentos para tratar a doença.
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A causa mais comum da hipoglicemia são os medicamentos tomados para controlar o diabetes. Mais raramente, a causa também pode ser outros medicamentos, além de doença crítica ou insuficiência de órgão, reação a carboidratos (em pessoas suscetíveis), tumor produtor de insulina no pâncreas ou alguns tipos de cirurgia bariátrica (para perda de peso).
Quando a quantidade de açúcar no sangue vai para baixo de 70mg/dL, é sinal de hipoglicemia. Assim, é caracterizada quando a glicemia é menor que 55 mg/dl com sintomas ou menor que 45 mg/dl sem sintomas. Nesse sentido, existem dois tipos principais: a hipoglicemia de jejum e a pós-prandial (ou reativa). As causas de cada tipo são:
A hipoglicemia pós-prandial ou reativa ocorre por volta de 3 a 5 horas depois das refeições, como resultado do desequilíbrio entre os níveis de glicose e de insulina no sangue. Em geral, ela se manifesta em pessoas predispostas depois da ingestão de alimentos ricos em açúcar, nos pacientes submetidos à cirurgia do estômago e naqueles em fase inicial da resistência à insulina. No entanto, esse tipo de reação é raro.
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Os sintomas raramente se manifestam antes de o nível de glicose no sangue ter caído para menos de 60 mg/dl (3,3 mmol/l). Além disso, algumas pessoas manifestam sintomas quando o valor fica ligeiramente mais alto, especialmente quando os níveis de glicose no sangue diminuem rapidamente, e algumas não apresentam sintomas até que os valores estejam muito baixos.
Níveis muito baixos de glicose no sangue podem interferir no funcionamento de determinados órgãos. O cérebro, por exemplo, é particularmente sensível aos baixos níveis de glicose, pois o açúcar é sua principal fonte de energia. Para evitar que os níveis de glicose no sangue caiam muito abaixo do intervalo habitual, o cérebro responde estimulando a liberação de adrenalina (epinefrina), cortisol, glucagon e o famoso hormônio do crescimento.
Todos esses hormônios fazem com que o fígado secrete glicose no sangue, mas ainda é insuficiente para superar a hipoglicemia. Ou seja, se o nível de glicose no sangue permanecer muito baixo, o cérebro não recebe energia suficiente, o que resulta em confusão, convulsões ou perda de consciência. Além disso, eu sua forma mais grave e prolongada, pode causar danos permanentes ao cérebro.
O diagnóstico toma por base a presença de níveis baixos de glicose no sangue enquanto a pessoa está apresentando sintomas. Assim, exames de sangue são necessários para medir o nível de glicose. Outros exames podem ser solicitados quando a relação entre os sintomas e o nível de glicose no sangue permanecer incerta em uma pessoa que não tem diabetes.
Frequentemente, a etapa seguinte é a medição do nível de glicose no sangue após um período de jejum em um hospital ou em outro ambiente rigorosamente supervisionado. É possível que exames mais abrangentes também sejam necessários.
Em caso de sintomas dessa doença, a recomendação é se consultar com um endocrinologista para receber a orientação sobre o diagnóstico e tratamento.
O tratamento da hipoglicemia inclui o consumo de açúcar para aumentar o nível de glicose no sangue, mudança nas doses do medicamento, bem como na alimentação, que deve incluir pequenas refeições durante o dia e, por fim, cirurgia para remover um tumor. Durante a crise de hipoglicemia, o tratamento recomendado é a ingestão de 15 gramas de carboidrato na forma de sucos, glicose pura ou doces.
Os sintomas de hipoglicemia melhoram poucos minutos após a ingestão de açúcar em qualquer uma de suas formas, tal como doces, comprimidos de glicose ou bebidas doces, como um copo de suco de frutas. Porém, quando a hipoglicemia for grave ou prolongada e não for possível ingerir açúcar por via oral, o médico administra rapidamente glicose por via intravenosa para evitar danos cerebrais.
As pessoas com risco conhecido de episódios de hipoglicemia grave devem ter à mão glucagon para ser usado em caso de emergência. Isso porque seu uso estimula o fígado a liberar grandes quantidades de glicose. Ele é administrado por injeção ou por meio de um inalador nasal e geralmente normaliza os níveis de glicose no sangue no prazo de cinco a 15 minutos.
Se o medicamento estiver causando hipoglicemia, deve-se ajustar a dose ou trocar o medicamento. As pessoas que não apresentam diabetes, mas com predisposição para hipoglicemia, frequentemente podem evitar episódios pela ingestão frequente de pequenas refeições em vez das três habituais refeições diárias.
A limitação da ingestão de carboidratos, especialmente açúcares simples, é às vezes recomendada para evitar a hipoglicemia que ocorre após a refeição (denominada hipoglicemia reativa). Inibidores da alfa-glicosidase, como a acarbose, que retardam a velocidade de absorção dos carboidratos, também têm sido utilizados com sucesso em pessoas com hipoglicemia reativa e hipoglicemia pós-cirurgia bariátrica.
Sim. Para isso, basta o paciente consumir de 15 a 20g de carboidratos simples.
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Referências: MSD Manuals e Sociedade Brasileira de Endocrinologia.