Hipoacusia: veja sintomas e tratamentos da perda auditiva
Você sabia que a perda auditiva, ou seja, a diminuição da capacidade de detectar os sons, se chama, na verdade, hipoacusia? Essa condição, que pode ser parcial ou total, é bastante frequente: somente no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, acomete 2,2 milhões de pessoas. Já o primeiro Relatório Mundial sobre Audição, publicado em 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), prevê que 1 a cada 4 indivíduos (cerca de 2,5 bilhões de pessoas) terá algum grau de perda auditiva em 2050.
Tipos e causas de hipoacusia
De acordo com o Dr. Lucas Bevilacqua Alves da Costa, otorrinolaringologista, existem três principais tipos de perda auditiva:
- Neurossensorial: o comprometimento da audição está localizado na cóclea (órgão da audição) ou no nervo coclear;
- Condutiva: o comprometimento da audição está localizado na orelha externa, conduto auditivo externo e/ou orelha média;
- Mista: os comprometimentos neurossensorial e condutivo ocorrem ao mesmo tempo.
O sistema auditivo é complexo e delicado, por isso, a hipoacusia pode ter origem nos mais diversos fatores. “No caso das perdas auditivas do tipo neurossensorial, elas se dividem em: congênitas, ou seja, quando a pessoa nasce com perda auditiva; e adquiridas, quando, ao longo da vida, fatores ambientais ou exposição à substâncias nocivas levam à perda da audição”, detalha. Já a hipoacusia do tipo condutiva pode se desenvolver a partir de infecções e traumas, por exemplo.
Entre as causas mais comuns da hipoacusia estão:
- Envelhecimento
- Alterações genéticas
- Excesso de cera no ouvido
- Exposição constante e prolongada a ruídos altos (como usar fone de ouvido com volume acima do ideal)
- Determinados medicamentos
- Infecções no ouvido médio, como otite
- Lesões na cabeça
- Alguns problemas de saúde, como a síndrome de Ménière, que entope os canais do ouvido interno
Além disso, vale ressaltar que o grau de hipoacusia é classificado como leve, moderado, severo ou profundo.
Sintomas da perda auditiva
“Os sintomas da hipoacusia variam, dependendo da faixa etária do indivíduo. Nos adultos, a principal queixa se dá por meio de relatos de dificuldade para compreender o que familiares ou amigos estão dizendo. Já nas crianças, se manifesta, principalmente, com falta de atenção e atraso no desenvolvimento de fala e linguagem”, observa Lucas.
A pessoa pode também apresentar uma necessidade de falar mais alto, aumentar o volume de aparelhos como celular ou televisão, solicitar que os outros repitam informações e ter uma sensação de que os sons estão mais distantes ou menos claros.
De acordo com o médico, é preciso buscar ajuda assim que surgirem dificuldades na realização de atividades diárias e, no caso das crianças, quando o responsável notar atrasos no desenvolvimento ou desafios na escola.
Para o diagnóstico da hipoacusia, o fonoaudiólogo ou o otorrinolaringologista são os profissionais mais indicados. Além da análise clínica, serão solicitados exames que analisam as diferentes habilidades auditivas, sendo o mais comum a audiometria.
Tratamento e prevenção de hipoacusia
Lucas afirma que o tratamento da hipoacusia depende, essencialmente, da causa etiológica, ou seja, do que levou o indivíduo a ter uma diminuição da audição. Também é preciso avaliar o grau da condição.
Há casos em que uma simples lavagem do ouvido, que retira o excesso de cera, pode resolver. Por outro lado, pode ser recomendado o uso de um aparelho auditivo ou até mesmo uma cirurgia, sobretudo quando o trauma atinge o ouvido médio.
É possível ainda que a perda auditiva evolua e chegue ao nível de surdez. “Denominamos a surdez completa de um dos ouvidos (unilateral) de anacusia. Quando é nos dois ouvidos (bilateral), a denominação é que o indivíduo está cofótico.”
A principal dica de Lucas para prevenir a hipoacusia é o monitoramento da audição. “Dessa forma, é importante evitar a exposição aos fatores de risco, tais como ruído de alta intensidade, além da manipulação e/ou uso de produtos ototóxicos.”
Para pessoas que trabalham em ambientes com ruídos constantes e/ou muito altos, é fundamental o uso de equipamento de proteção individual apropriado para atenuar a intensidade sonora. “Também é importante orientar adolescentes e crianças sobre o uso dos fones de ouvido”, conclui o médico.
Fonte: Dr. Lucas Bevilacqua Alves da Costa, médico otorrinolaringologista do São Cristóvão Saúde, doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e membro do Fellowship em Otologia.