Quem tem diabetes já deve conhecer a hiperglicemia, que nada mais é do que a glicemia elevada, isto é, acima dos níveis normais. Contudo, o que pouca gente sabe é que a hiperglicemia não faz parte só da vida de quem tem diabetes.
Em alguns casos de saúde, ela pode aparecer e não significar o diagnóstico da doença. Por isso, vamos entender melhor os valores de referência que caracterizam uma hiperglicemia, os seus sintomas e em quais casos ela pode surgir. Confira!
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As nossas taxas de açúcar no sangue variam ao longo do dia de acordo com a alimentação, horário, sono e prática de exercícios físicos. Dessa forma, entender isso ajuda a compreender os valores de referência da glicemia.
Quando ela está acima desses valores, é considerada uma hiperglicemia: ou seja, o açúcar no sangue está mais elevado do que deveria. Por outro lado, a hipoglicemia é o oposto: ocorre quando o nível de açúcar está mais baixo do que o ideal.
De olho nisso, os valores considerados normais de glicemia são:
Valores aleatórios de até 180 mg/dL são considerados normais para todas as idades, mas acima disso, é considerado hiperglicemia e pode indicar diabetes.
De acordo com a Associação Nacional de Atenção ao Diabetes (ANAD), as crises hiperglicêmicas ocorrem devido à falta de efeito da insulina ou à deficiência dela. O infarto do miocárdio também pode precipitar hiperglicemia e cetoacidose diabética por meio do aumento dos hormônios, como a epinefrina, por exemplo. Uma isquemia silenciosa pode ocorrer em até um em cada cinco pacientes diabéticos tipo 2 maiores de 50 anos de idade. Certos medicamentos e acidentes vasculares cerebrais também podem precipitar uma resposta similar.
Outros distúrbios que podem precipitar a hiperglicemia incluem pancreatite e uso de drogas ilícitas. Em mulheres em idade reprodutiva, os médicos devem considerar a possibilidade de ela ocorrer durante a gravidez (diabetes gestacional). Além disso, também pode ocorrer em:
Primeiramente, isso dificilmente acontete em pessoas que não têm diabetes. “Ele pode ter um pequeno pico de glicemia, que rapidamente o corpo corrige”, explica Augusto. Contudo, o especialista destaca que esse pico de glicemia, em geral, não passa de 140 mg/dl. “Valores acima disso não confirmam o diagnóstico de diabetes, mas indicam um sinal de alerta para o risco.”
Por isso, diante de qualquer aumento da glicemia, o mais importante é buscar ajuda médica para investigar e ter um correto diagnóstico.
Nem sempre a hiperglicemia causa sintomas. Às vezes, os sintomas podem ser discretos e passarem despercebidos. Contudo, geralmente, em valores mais altos os sintomas ficam mais evidentes. Por exemplo:
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Ao constatar a elevação da glicemia, o médico pode solicitar exames laboratoriais para confirmar ou não o diagnóstico de pré-diabetes ou diabetes. “Se a pessoa tiver uma glicemia de jejum acima de 126 mg/dL, ou hemoglobina glicada acima de 6,5% ou glicemia acima de 200 mg/dL após o teste oral de tolerância à glicose pode indicar o diagnóstico de diabetes”, explica o endocrinologista Augusto Santomauro da BP.
Além disso, a medida de glicose em pessoas com sintomas de hiperglicemia, acima de 200 mg/dL, a qualquer hora do dia, também pode confirmar o diabetes. Contudo, esses valores precisam ser confirmados, ou seja, é necessário que o paciente apresente pelo menos dois valores alterados para confirmação do diagnóstico.
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Ainda que a principal causa do aumento do açúcar no sangue seja o diabetes, nem toda hiperglicemia confirma o diagnóstico da condição. “Existem situações de estresse onde a produção de alguns hormônios podem elevar a glicemia, como também pode ocorrer na gestação”, explica o endocrinologista Roberto Raduan.
Além do diabetes, outra possível causa é a pancreatite aguda, uma inflamação no pâncreas. “Neste caso a destruição das células beta, produtoras de insulina podem levar ao diabetes”, explica o médico.
Além disso, existem situações em que o paciente pode desenvolver uma hiperglicemia chamada transitória, ou seja, que acontece por um período e depois normaliza. “A gente teve um grande número de casos por conta da infecção de Covid-19. O paciente não tem diabetes, mas por conta do estresse inflamatório e dos medicamentos, como o corticoide, ele desenvolve uma hiperglicemia transitória”, explica o endocrinologista Augusto Santomauro.
O especialista também destaca que em casos de internação grave como infarto, derrame, embolia pulmonar, mas também outras infecções podem levar a esse aumento da glicemia temporário.
Os pilares do tratamento da hiperglicemia são a administração de insulina, de fluidos, correção de anormalidades eletrolíticas e monitoramento rigoroso. A administração de fluidos isotônicos visa restaurar a perfusão renal. A terapia com insulina é tipicamente administrada por via intravenosa, embora casos leves a moderados não complicados possam ser tratados com insulina subcutânea.
Em casos mais graves, os eletrólitos, a glicose, o nitrogênio ureico no sangue, a osmolaridade,
a creatinina e o pH arterial ou venoso devem ser medidos a cada 2-4 horas para monitorar as respostas dos pacientes à terapia e para permitir a titulação de insulina e fluidos.
O tratamento da hiperglicemia também envolve mudança de hábitos de vida, como a prática de atividade física regular e dieta. Em alguns casos, medicamentos orais e/ou insulina também são utilizados para o controle dos níveis da glicemia. Por outro lado, o esquema terapêutico, as doses e horários de administração de medicamentos são definidos para cada paciente individualmente, de acordo com o tipo de diabetes e padrão de gasto energético. Além disso, a conscientização dos pacientes em relação às complicações do descontrole dos níveis glicêmicos é fundamental para a adesão ao tratamento.
Por fim, a avaliação médica em conjunto com a nutrição e a educação em diabetes serão necessárias de forma mais precoce e mais frequentes na tentativa de evitar novos episódios e persistência de hiperglicemia.
De acordo com a Dra. Flávia Oliveira, médica do estilo de vida, a vasoconstrição causada pelo frio pode dificultar a ação da insulina no corpo do paciente, ou seja, a insulina presente no sangue pode não ter efeito esperado e possíveis hiperglicemias.
“Chamo atenção também à hipoglicemia, que pode ser mascarada pelas baixas temperaturas, uma vez que os sintomas podem ser confundidos com a própria sensação de frio como tremores, palidez, aumento de apetite e formigamentos nas extremidades”, explica Dra. Flávia.
Por isso, e dias frios, é muito importante que a pessoa que vive com diabetes se mantenha aquecida, use roupas adequadas e proteja, especialmente, as extremidades do corpo como pés e mãos. “E não deixe a temperatura baixa impactar a sua rotina de exercícios. Antes de iniciar qualquer atividade física, faça um aquecimento para evitar lesões e meça a glicemia”, orienta a médica.
Segundo a Dra. Flavia, a recomendação é que exercícios ao ar livre ocorram nos horários mais quentes do dia. “A atividade física é um dos pilares do tratamento do diabetes, juntamente com a alimentação equilibrada e saudável. Hidrata-se, mesmo que no inverno a sensação de sede diminua”, explica a médica.
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