Herpes-zóster: o que é a condição de Fernanda Keulla, sintomas e como tratar
Na segunda-feira (25/07), a apresentadora e ex-BBB Fernanda Keulla compartilhou em seu perfil nas redes sociais que ficou internada por cinco dias tratando a herpes zóster. De acordo com a influencer, as dores causadas por esse vírus são insuportáveis. Agora, o tratamento seguirá em casa. Mas, afinal, o que é a herpes zóster?
As herpes são comuns e conhecidas, no entanto, a herpes labial e genital são diferentes da herpes zóster. Esse, então, é uma doença infecciosa provocada pelo vírus Varicella-Zoster (Human Herpesvirus-3 – HHV-2), o mesmo que causa a catapora, como explica o dermatologista Felipe Chediek.
“Na infância, quase todos temos contato com esse vírus, que por anos fica ‘escondido’ no sistema nervoso (raiz dos nervos na medula espinhal), onde fica ‘adormecido’, ou seja, controlado pelo nosso sistema imune. A manifestação da doença geralmente surge quando há uma quebra na nossa barreira imunológica”, diz.
Causas da herpes zóster
Além da queda do sistema imunológico, de acordo com a dermatologista Fabiana Seidl, a reativação do vírus também pode acontecer por uma doença subjacente ou medicação. A idade também vira um fator de risco: maiores de 50 anos têm mais chances de apresentar o quadro.
O estresse físico e mental também são fatores importantes para esse diagnóstico.
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Sintomas
Assim como Fernanda Keulla relatou, a herpes zóster pode vir acompanhada de muita dor. Clarissa de Paula, dermatologista parceira da Iron Saúde Digital, explica que a dor acontece pelo surgimento das vesículas. “São lesões na pele, parecendo pequenas bolhas em uma determinada região delimitada da pele. Pode ter coceira, formigamento, dor de cabeça, febre e sintomas sistêmicos”, explica.
As lesões formam uma faixa em apenas um lado do corpo. Além disso, outros sintomas também podem surgir, como:
- Hipersensibilidade;
- Formigamento;
- Prurido;
- Queimação;
- Pontadas.
Os especialistas afirmam ainda que as bolhas, dependendo da localização, podem até mesmo simular um infarto. As lesões podem aparecer por todo o corpo, porém são mais comuns pelo tronco e face. Felipe Chediek alerta que cerca de 20% dos pacientes podem não manifestar lesões de pele, sendo assim, apresentam apenas dor e sensibilidade local, o que torna o diagnóstico mais difícil.
Grupos de risco
A condição pode surgir em qualquer faixa etária, entretanto, é mais comum em maiores de 55 anos. Pessoas com o uso de imunossupressores, como pacientes que receberam transplantes de órgão, pessoas com HIV ou doenças crônicas como diabetes, crianças e adultos que nunca tiveram catapora, gestantes, pessoas em tratamento de câncer ou com doenças reumatológicas.
Como é feito o diagnóstico da herpes zóster?
O diagnóstico é feito pelo exame clínico das lesões. “Podendo ser feito também alguns exames quando precisamos fazer diagnóstico diferencial com casos graves, por exemplo: testes sorológicos”, afirma a dermatologista Juliana Corpa. Caso necessário, o médico também pode solicitar coleta do material da lesão para análise.
Tratamentos
Em alguns casos, a crise pode durar por semanas, por isso, é importante realizar o tratamento de forma rápida, de preferência, 72 horas após o início dos sintomas. Assim, remédios antivirais ajudam a diminuir os sintomas e parar a multiplicação do vírus no corpo. Por exemplo: aciclovir, valaciclovir, fanciclovir.
Geralmente, todo o tratamento dura em torno de 7 dias. A terapia analgésica também é aplicada em pacientes que tenham queixas de dor. Por fim, em alguns casos é sugerido o uso de corticoides.
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Possíveis complicações
Algumas complicações podem acometer o paciente que sofre com a condição. Caso as lesões fiquem muito perto do globo ocular, ela ameaça a visão. A neuralgia pós- herpética é uma das mais comuns complicações, consistindo em dor e queimação fortes que podem permanecer mesmo após meses das lesões. Veja outras complicações:
- Infecção bacteriana secundária;
- Meningoencefalite;
- Necrose aguda da retina;
- Síndrome de Ramsey Hunt: quando o vírus leva a dor ao ouvido;
- Paralisia facial;
- Lesões no conduto auditivo;
- Ataxia cerebelar aguda: afeta o equilíbrio, fala, deglutição e movimentos em mãos, pernas, dedos e braços;
- Trombocitopenia: queda das plaquetas;
- Síndrome de Reye: desencadeado pela infecção viral e uso de aspirina, causando vômitos, confusão mental, agitação;
- Infecção fetal: varicela congênita, malformações;
- Varicela disseminada ou hemorrágica.
Como prevenir?
A prevenção deve vir, principalmente, a partir da vacinação contra a catapora. Manter uma vida saudável, sempre cuidando da imunidade, evitar se encontrar com pacientes internados até a fase de bolhas melhorar e isolar crianças com a catapora também são meios de prevenção. Aqui, a higiene é primordial, por isso, lave sempre as mãos!
“Ela se apresenta eficaz na população acima de 50 anos e reduz em até 70% o risco de um novo episódio. Além de ser efetiva na prevenção, os pacientes que mesmo vacinados acabam desenvolvendo Herpes Zoster apresentam uma taxa de complicações bem mais baixa que a população não imunizada”, conta a dermatologista Fernanda Nichelle.
Qual profissional procurar?
Neste caso, o ideal é procurar um dermatologista, assim, ele indicará o tratamento ideal para cada tipo de caso. Se a dor estiver forte, também é aconselhado visitar uma unidade de pronto atendimento. A dermatologista Juliana Corpa informa ainda que na rede privada de saúde há vacina contra a herpes zóster.
Perguntas frequentes sobre a herpes zóster
Há um tratamento caseiro para herpes zóster?
Não há nenhum tratamento comprovado como eficaz para a herpes zóster, no entanto, o dermatologista Felipe Chediek conta que algumas artimanhas ajudam a aliviar os sintomas, acalmar a inflamação e ajudar no processo de recuperação. Dessa forma, usar a camomila através de compressas pode ajudar a acalmar a pele.
A herpes zóster tem cura ou pode voltar?
Os vírus da herpes não têm cura. Portanto, os episódios podem, sim, voltar a acontecer. Depois de uma crise, o vírus adormece novamente, mas ainda habita o corpo.
O vírus é contagioso?
“Sim. As vesículas contêm partículas do vírus varicella zoster, então pessoas que nunca tiveram catapora ou não foram vacinadas contra catapora não devem ser expostas às lesões. Da mesma forma, pacientes imunocomprometidos e gestantes também não devem ser expostas. A recomendação é que o indivíduo acometido mantenha as lesões cobertas e evite contato com as pessoas do grupo de risco até que a infecção esteja resolvida”, explica a dermatologista Fabiana Seidl.
Fontes: Clarissa de Paula Rocha Santos, dermatologista em parceria com Iron Saúde Digital (CRM SC 23423); Felipe Chediek, dermatologista de Santa Catarina (CRM-SC 26050); Fabiana Seidl, dermatologista do Rio de Janeiro (CRM RJ 5287852-9); Juliana Corpa, dermatologista (CRM 129.755); Fernanda Nichelle, dermatologista da Clínica Fernanda Nichelle (CREMERS 36168 e CREMESP 154072).