Gravidez após os 40 anos: conheça os riscos e cuidados

Gravidez e maternidade Saúde
11 de Abril, 2022
Gravidez após os 40 anos: conheça os riscos e cuidados

A mudança de século mostrou diversas alterações na sociedade em que vivemos. Se antes nossas mães engravidavam jovens, atualmente, cada vez mais mulheres estão tendo bebês mais tardiamente. Mas será que existem riscos para quem opta, por exemplo, pela gravidez após os 40 anos?

O avanço da medicina mostra que não. Recentemente, a cantora Britney Spears anunciou que está esperando o terceiro filho. A norte-americana de 40 anos já é mãe de Sean, de 16 anos, e Jayden, de 15. “Eu perdi tanto peso antes da minha viagem a Maui, e depois ganhei tudo de novo. Eu pensei ‘nossa, o que aconteceu com a minha barriga?’, e meu marido disse ‘não, bobinha, você só comeu demais’. Então eu fiz um teste de gravidez. Bem… Vou ter um bebê”, escreveu a cantora no Instagram.

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Riscos da gravidez após os 40 anos

É importante destacar que, após os 40 anos, as chances de engravidar diminuem. Trata-se de uma consequência natural da queda na quantidade de óvulos. Assim, qualquer  gestação acima dos 35 anos é considerada de alto risco. “Engravidar nessa idade pode deixar a mulher mais propensa às complicações da gestação como aborto espontâneo, hemorragia puerperal, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e hipotireoidismo gestacional. Além disso, também pode agravar doenças pré-existentes, como obesidade, hipertensão arterial, doenças da tireoide, diabetes, doenças do coração, trombose, entre outras”, explica Stephanie Chagas Feitosa, ginecologista e obstetra da Cia da Consulta.

Já em relação aos bebês, a médica revela que aumentam os riscos de malformações e alterações genéticas, como a Síndrome de Down. Há ainda maiores taxas de parto prematuro, macrossomia (peso do bebê ao nascer acima de 4 kg), anomalias placentárias, gestação múltipla, óbito fetal e crescimento intrauterino restrito.

Vantagens da gravidez tardia

Apesar desses fatores de risco, uma gestação após os 40 anos também apresenta benefícios. “Em geral, são mulheres que tiveram mais tempo para concluir os estudos e se estabelecer profissional e financeiramente. Com isso, conseguem se planejar para a gestação, o aleitamento exclusivo e para a construção da família”, analisa Stephanie.

Elis Nogueira, ginecologista e obstetra, membro da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (SOGESP) e parte do corpo clínico dos hospitais Albert Einstein e Sírio Libanês, concorda que, nessa faixa etária, em geral, a mulher está mais madura e tem outra visão do que é ser mãe. “A gravidez pode ser melhor planejada, desejada e curtida pelos pais”, avalia.

Cuidados antes da gravidez

“A mulher pode engravidar após os 40 anos, mas é fundamental ter um planejamento reprodutivo, seja para evitar uma gestação ou para planejá-la”, alerta a médica da Cia da Consulta. Assim, se o desejo for, de fato, engravidar com essa idade, o primeiro passo é buscar um estilo de vida saudável. Ou seja, sem oscilação de peso, livre de infecções sexualmente transmissíveis e sem uso abusivo de álcool, café e cigarro. “Investigar doenças pré-existentes ajuda a controlá-las melhor no período gestacional.” 

Por vezes, o ginecologista também recomenda suplementos que podem ajudar a diminuir o risco de doenças congênitas. Como é o caso do uso do ácido fólico, que previne defeitos do sistema nervoso.

Cuidados durante a gravidez

É fundamental que a gestante faça o pré-natal, ou seja, uma série de consultas e exames físicos, laboratoriais e ultrassonográficos para garantir uma gestação saudável e um correto seguimento do desenvolvimento do bebê. Aliás, o pré-natal depois dos 40 anos tem algumas particularidades. Especialmente por conta dos riscos e complicações que a mulher pode apresentar. As consultas, por exemplo, são realizadas em intervalos menores e os exames são mais constantes e específicos. 

“A prevenção de diversas complicações e investigação ativa de comorbidades se faz necessária. Além disso, realizamos a investigação de alterações fetais pelas ultrassonografias morfológicas de primeiro, segundo e terceiro trimestre. Todas essenciais para o acompanhamento dessas gestantes. Um outro exame possível e cada vez mais solicitado é o NIPT (sigla em inglês para teste pré-natal não invasivo). Ou seja, um exame de sangue que nos ajuda a investigar alterações genéticas fetais e detecta o sexo fetal a partir de 9 semanas de gestação”, indica Stephanie.

Por isso:

  • Faça todos os exames solicitados pelo seu médico;
  • Tenha uma rotina saudável. Assim, ajuste a alimentação com a ajuda de um nutricionista para ter refeições mais nutritivas, exercite-se com moderação e evite situações de estresse;
  • Embora não seja uma realidade acessível para todas as pessoas, faça o possível para sempre ter acompanhamento de uma equipe multidisciplinar;
  • Cada gravidez é única, por isso, compartilhe todos os seus sintomas com o médico.
  • Tente viver a sua vida normalmente. Muitas mulheres que engravidam depois dos 35 têm receio de fazer várias atividades para não prejudicar o bebê e a gestação, mas com orientação médica, é possível ter uma gravidez tranquila.

Gravidez após os 40 pode ocorrer naturalmente?

Sim, é possível. Porém, uma mulher com 40 anos tem chance de 50% de engravidar dentro de um ano. Aos 43 anos, esta chance cai para 1%. Depois de 45 anos fica quase impossível engravidar a partir dos seus próprios óvulos. Assim, o ideal é que a mulher fala o exame anti-mulleriano para descobrir como está sua reserva ovariana.

Se você está tentando engravidar:

  • Seja paciente e não se culpe se ainda não deu certo, pois não temos controle sobre o relógio biológico do nosso corpo;
  • Procure acompanhamento psicológico para se fortalecer emocionalmente;
  • Saiba que o risco de aborto pode ocorrer com qualquer mãe em qualquer idade, mas a gravidez após os 40 anos aumenta essa probalidade;
  • Tenha uma conversa franca com seu médico sobre as dificuldades e possíveis cenários. O suporte é fundamental para lhe ajudar na realização desse sonho.

Fonte: Stephanie Chagas Feitosa, ginecologista e obstetra da Cia da Consulta, Elis Nogueira, ginecologista e obstetra, membro da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo e Ana Paula Mondragon, médica ginecologista e obstetra da Clínica Premium Life, em Santo André (SP).

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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