Glaucoma: conheça as causas, tratamentos e prevenção

Saúde
13 de Abril, 2022
Glaucoma: conheça as causas, tratamentos e prevenção

O glaucoma é uma doença oftalmológica que acomete cerca de 3% dos adultos com mais de 40 anos. Para tratá-la, utilizam-se remédios de fácil aplicação (colírios), mas que podem trazer sérios efeitos colaterais, exigindo acompanhamento médico. Além disso, o maior problema para o diagnóstico do glaucoma é ser uma doença assintomática em seus estágios iniciais. E, se não for tratada a tempo, pode levar à perda da visão.

Como é uma doença sem cura e assintomática nos estágios iniciais, a acadêmica Giovanna Bingre, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, alerta para fatores como idade, miopia elevada, hipertensão intraocular e afrodescendência, que predispõem ao aparecimento da doença nos olhos.

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O que é o glaucoma?

Segundo a acadêmica, “glaucoma é uma doença crônica, sem cura e caracterizada pelo dano das fibras do nervo óptico”. Assim, ocorre pelo aumento da pressão intraocular, com acúmulo de líquido dentro dos olhos. Mas afinal, o que é essa pressão?

A pressão intraocular é uma medida dos olhos que, quando alterada, pode indicar glaucoma. Trata-se, então, da quantidade de “humor aquoso”, isto é, líquido interno do olho. Dessa forma, quando a pressão intraocular é elevada a níveis muito altos, as células nervosas do nervo óptico se comprimem, danificando-as e podendo causar a morte dessas células nervosas, ou seja, o indivíduo pode perder parcialmente ou totalmente a visão. Por isso, é importante medir a pressão dos olhos regularmente em uma visita ao médico oftalmologista, pois quanto antes seja descoberto uma alteração, pode ser feito o tratamento.

A pressão deve manter-se dentro de determinados limites, à volta dos 15 mm Hg (pressão normal do olho), oscilando entre 10 e 22 mm Hg (valores limite), sendo uma condição essencial para garantir o correto funcionamento do olho. Dessa forma, complementa a acadêmica, em estágio mais avançado, o glaucoma pode causar sintomas como vermelhidão e dor nos olhos, dor de cabeça e náuseas. Assim, não é uma doença contagiosa e pode atingir os dois olhos ao mesmo tempo, surgindo após traumas ou até ser congênita, quando já se nasce com o problema.

Tipos de glaucoma

Glaucoma primário de ângulo aberto

Considerado o tipo mais comum, o glaucoma de ângulo aberto é causado por uma lenta e progressiva obstrução dos canais de drenagem do olho, causando aumento na pressão intraocular. Também chamado de primário ou crônico, a doença tem tendência para aparecer em vários membros de uma mesma família e é mais comum entre pessoas com diabetes e com miopia, de acordo com o Instituto de Oftalmologia do Rio de Janeiro.

Sintomas

Inicialmente, esse tipo de glaucoma não apresenta sintomas. No entanto, a pressão intraocular sobe lentamente (quase sempre em ambos os olhos), e a córnea se adapta sem apresentar sinais de que alguma coisa está errada. Assim, o nervo óptico é lesionado provocando uma lenta, mas progressiva perda da visão. A perda da visão começa nos extremos do campo visual e, se não for tratada, acaba por se estender por todo o resto do campo visual e, finalmente, provoca cegueira.

Glaucoma primário de ângulo fechado

Uma possibilidade menos comum é o glaucoma de ângulo fechado. Nele, a pressão aumenta abruptamente quando a saída de humor aquoso é bloqueada de maneira repentina. Há uma tendência de que esta seja uma doença hereditária, mais comum em indivíduos descendentes de asiáticos e também em pessoas com hipermetropia.

Sintomas

Causa sintomas imediatos que exigem cuidados emergenciais. Do contrário, pode implicar na perda da visão de maneira definitiva. Em geral, os sintomas incluem dor de cabeça intensa, perda repentina de visão e sensação de pressão muito intensa no olhos. Em casos mais raros, pode ser necessário fazer procedimentos complexos de emergência para permitir o escoamento do canal.

Glaucoma de pressão normal

Nesse tipo de glaucoma, o dano ao nervo óptico e o estreitamento da visão lateral ocorrem inesperadamente em pessoas com pressão intraocular normal. Tanto nos casos de glaucoma de ângulo aberto como de pressão normal, raramente o paciente apresenta sintomas bem definidos, como dor nos olhos ou ao redor deles e alteração da visão, por exemplo.

O glaucoma pode levar meses e até anos para se desenvolver, sem apresentar qualquer alteração. Na maioria dos casos, a doença progride lentamente, sem que o paciente note a perda gradual da visão periférica. Normalmente, a visão vai piorando das laterais para o centro do campo visual.

Glaucoma secundário

Geralmente, o glaucoma é causado por fatores hereditários e acontece ao longo da vida. Porém, o secundário acontece por fatores externos, como o uso de alguns tipos de remédios. Dessa forma, este tipo de glaucoma pode ocorrer em casos de catarata e diabetes avançado, ou pelo uso de certos medicamentos como corticoides, entre outros.

Como efeito adverso, um determinado remédio pode dificultar o escoamento do humor vítreo, levando ao desenvolvimento da doença devido ao aumento da pressão intraocular de maneira contínua. Ele também pode decorrer de cirurgias oculares que possuam algum tipo de problema em sua execução.

Glaucoma neovascular

O glaucoma neovascular é um subtipo de glaucoma secundário, de difícil tratamento e prognóstico. As causas mais comuns desse tipo de glaucoma são: Diabetes Mellitus (DM), oclusão da veia central da retina e oclusões das artérias carótidas. O mecanismo de aparecimento deste tipo de glaucoma está relacionado à condição isquêmica que as causas citadas produzem na retina.

Dessa forma, tais fatores promovem a formação de novos vasos, que se desenvolvem de forma errática, formam uma membrana fibrovascular, que ao envolver o ângulo da câmara anterior (área de escoamento do humor aquoso), causa elevação da pressão intraocular. Os principais sintomas são dor ocular e redução da clareza visual.

Glaucoma congênito

Sintomas

Crianças com a doença – que pode ser diagnosticada a partir do teste do olhinho – costumam lacrimejar mais do que o normal, ter fotossensibilidade globo ocular aumentado.

Considerado o tipo mais raro, o glaucoma congênito acomete crianças que já nascem com a doença, causada pelo aumento da pressão intraocular ainda na formação do feto.

Quais são as causas do glaucoma?

A princípio, vale explicar que o olho humano contém um líquido transparente, isto é, o humor aquoso. Produzido constantemente pelo corpo ciliar e drenado pela malha trabecular, o líquido circula continuamente no olho. Quando a área de drenagem do olho fica obstruída, o humor aquoso tende a se acumular, provocando um aumento da pressão intraocular. Quanto maior a pressão, maior o risco de ocorrer uma lesão do nervo óptico. Além dessa causa, outras também são apontadas:

  • Congênita (conforme foi descrito nos tipos acima, em alguns casos, crianças podem já nascer com glaucoma)
  • Hereditariedade
  • Idade avançada
  • Uso de alguns tipos de medicamentos, como corticoides
  • Doenças, como catarata e diabetes

Sintomas do glaucoma

Geralmente, o glaucoma não apresenta sintomas, o que faz com que as pessoas demorem a perceber que estão doentes. Mas, com o passar do tempo, começam a ter dificuldade em relação à leitura e a várias atividades do dia a dia, como dirigir ou até andar. Além disso, outros sinais de alerta são:

  • Dificuldade para focar objetos;
  • Visão embaçada com halos nas luzes;
  • Dificuldade para enxergar no escuro;
  • Diminuição da visão periférica, desconforto ou dor nos olhos.

Estes sintomas não são específicos do glaucoma, mas a presença de qualquer um deles exige uma consulta com o oftalmologista. Somente o diagnóstico precoce, preciso e o tratamento estabelecido pelo médico podem deter o avanço da doença, evitando a cegueira.

Como diagnosticar?

O médico oftalmologista é o único profissional que poderá fazer com segurança o diagnóstico de glaucoma, pois ele tem condições de indicar os testes mais específicos, de acordo com cada caso.

Alguns dos exames abaixo talvez não sejam necessários, porém o oftalmologista saberá determinar quais serão os mais indicados para cada caso. O médico também poderá solicitar a repetição de alguns testes regularmente para acompanhar o estágio do glaucoma, o efeito da medicação utilizada e, assim, evitar maiores danos ao nervo óptico com o passar do tempo.

Principais exames para detecção do Glaucoma

  • Tonometria de Aplanação: Técnica usada para medir a pressão intraocular. Deve ser realizada rotineiramente, principalmente após os 40 anos.
  • Biomicroscopia de fundo: Através deste exame, que avalia o nervo óptico, pode ser possível detectar uma lesão ocasionada pelo glaucoma.
  • Campimetria computadorizada: Permite a avaliação da visão em diversos pontos centrais e periféricos, e avalia indiretamente a presença de doenças da retina, do nervo óptico e até do sistema nervoso central. É um auxílio importante para avaliar o estágio do glaucoma e sua progressão
  • Curva tensional diária: Exame que consiste na medição da pressão intraocular em diferentes horários ao longo do dia, auxiliando tanto no diagnóstico quanto no acompanhamento do tratamento do glaucoma.
  • Estereofotografia de Papila: Exame capaz de realizar uma avaliação tridimensional do disco óptico, permitindo uma comparação anatômica durante o acompanhamento do paciente e uma análise qualitativa do nervo óptico.
  • Gonioscopia: É o exame do ângulo de drenagem do olho, para avaliar se o glaucoma é de ângulo aberto, de ângulo fechado, pigmentar ou secundário a outra patologia. Detecta olhos com predisposição ao fechamento angular, mesmo ainda sem ter desenvolvido o glaucoma.
  • Paquimetria de córnea: permite determinar a espessura da córnea, pois esta pode ter influência nas medidas da pressão ocular.
  • Prova de Sobrecarga Hídrica: é um teste provocativo, com intuito de reproduzir a pressão máxima, estimar o pico de pressão ocular, para estabelecer adequadamente o tratamento, graduar seus resultados e avaliar o risco de piora.
  • Retinografia simples: É a documentação fotográfica do fundo do olho, especialmente da retina, nervo óptico, vasos sanguíneos e da camada de fibras nervosas.
  • Tomografia de coerência óptica (OCT): É um exame não invasivo que auxilia no diagnóstico precoce do glaucoma e avalia a progressão do dano estrutural.

Glaucoma tem cura?

O glaucoma não tem cura, mas ele precisa e deve ser tratado. Para isso, é preciso reduzir a pressão intraocular, buscando estabelecer um nível mais seguro da pressão, evitando que ela avance e prejudique a sua visão.

O glaucoma é a maior causa de cegueira irreversível, uma doença crônica que dura toda a vida, e é necessário que o paciente mantenha a continuidade do tratamento para reduzir a pressão intraocular e evitar a perda de visão. Quanto mais rápido se descobrir e iniciar o tratamento, menor será a perda de visão.

Como é feito o tratamento para o glaucoma?

A forma mais usada é a de colírio. A medicação pode agir de duas formas: “diminuindo a produção do líquido que temos nos olhos ou ajudando na drenagem”, informa Giovanna. O remédio mais utilizado é o maleato de timolol, que age reduzindo a produção de líquido intraocular. “Sem o acúmulo dele, não tem resistência na drenagem e, logo, há diminuição da pressão nos olhos”, diz.

Contudo, conta a acadêmica, existem diversas opções de medicamentos e algumas pessoas podem necessitar de combinar mais de um colírio no tratamento, a depender da severidade do glaucoma. Em alguns casos é necessária a intervenção cirúrgica ou a laser.

Medicamentos e colírios

O tratamento mais usual é o uso de colírios que atuam na redução ou estabilização da pressão intraocular. Dessa forma, em alguns casos eles podem ser combinados com o uso de medicamentos de via oral.

Porém, embora seja o tratamento inicial e mais utilizado, o uso de colírios para tratar o glaucoma pode não ser tão eficaz principalmente pela aderência ao tratamento. Isso porque muitos pacientes se esquecem do uso regular. Em muitos casos, não aplicam da forma adequada e até mesmo se esquecem do uso, o que pode causar a ineficácia do tratamento, levando a progressão do glaucoma. Confira os principais tipos de colírios:

  • Beta-bloqueadores: Essas gotas são usadas duas vezes por dia. Reduz a quantidade de fluido produzido no olho. Em pessoas com asma ou coração estas gotas são contra-indicadas.
  • Prostaglandina: gotas administradas uma vez por dia à noite. São relativamente novas e muito eficazes. Aumentam a drenagem do humor aquoso.
  • Agonistas alfa: administrado duas vezes por dia, diminui a produção de humor aquoso, ao mesmo tempo que facilita a sua saída do olho.
  • Parassimpatomimético: eles são uma das primeiras gotas usadas para o tratamento de glaucoma, mas agora são menos utilizados por causa das vantagens maiores que outras mais recentes, já mencionadas. Pode-se usar quatro vezes por dia, aumentando o fluxo de fluido para fora do olho, além de reduzir o tamanho da pupila.

Cirurgia a laser

Outra forma de tratamento é a Trabeculoplastia Seletiva a laser (SLT). O procedimento busca drenar o humor aquoso, reduzindo a pressão intraocular. Assim, o paciente deixa de ter que usar colírios diariamente, permitindo uma grande melhora na qualidade de vida. Trata-se do tratamento mais moderno e avançado para o glaucoma. Além disso, o procedimento é bastante rápido e não invasivo, totalmente indolor para o paciente.

A SLT é indicada para pacientes com glaucoma de ângulo aberto. A indicação do tratamento deverá ser feita pelo médico oftalmologista especialista em glaucoma, que deve classificar o caso do paciente. Outro ponto importante nesse tratamento é que, o tipo de laser utilizado emite uma quantidade menor de energia durante a aplicação, o que permite melhor cicatrização e uma recuperação mais rápida e confortável, estimulando uma resposta natural de cura no olho. O efeito da SLT geralmente dura de 1 a 5 anos. Ela reduz a pressão intraocular por volta de 30% quando usada como terapia inicial. 

Os riscos de abandonar o tratamento do Glaucoma

Custo do colírio e falsa crença de que pressão ocular está sob controle podem fazer alguns pacientes desistirem do tratamento. Porém, a baixa adesão ao tratamento agrava a doença em 65% dos pacientes – 45% por descontinuidade do uso de colírio e 20% por interrupção da medicação.

Esta piora da doença faz com que o paciente perca visão periférica inicialmente e com o tempo haja o risco até de cegueira. É o que aponta levantamento feito em instituições brasileiras. Dos pacientes analisados, o desperdício de medicação respondeu por 76% da descontinuidade do tratamento e o uso abaixo da recomendação médica por 24%.

Efeitos colaterais dos tratamentos

Entre os efeitos negativos do uso do maleato de timolol, relata Giovanna, estão alterações cardiovasculares e reações na pele. Além disso, há pessoas que podem sofrer episódios de hipotensão e precisam associar outros colírios ao tratamento. Esses medicamentos, avisa a acadêmica, também podem ser contraindicados para quem sofre com doença obstrutiva pulmonar, asma brônquica, insuficiência cardíaca e hipersensibilidade à droga.

Pelos riscos, Giovanna adianta que estas medicações só devem ser usadas com prescrição e acompanhamento médico, pois são remédios de fácil administração, apenas colírios, mas “o mal uso pode levar a consequências muito graves, incluindo danos a órgãos e em casos muito extremos, à morte”.

Mudanças necessárias no estilo de vida:

  •  Prática de exercícios: estudos sugerem que pacientes com Glaucoma Primário de Ângulo Aberto (GPAA) que se exercitam regularmente – pelo menos 3 vezes por semana – podem ser capazes de reduzir sua pressão intraocular em até 20%. Porém, Yoga e outros exercícios que envolvem posições de cabeça para baixo podem ser prejudiciais. 
  • Alimentação: a dieta não interfere no desenvolvimento do glaucoma, no entanto é preciso tomar alguns cuidados. Monitore, por exemplo, a quantidade de café que você toma por dia. Isso porque, segundo estudos, o consumo de cafeína pode elevar a pressão do olho por até 3 horas; além disso, fique atento à hidratação. Isso porque a ingestão de grandes quantidades (um litro ou mais) de qualquer líquido dentro de um curto período de tempo, cerca de 30 minutos, parece aumentar a pressão intraocular. Assim, pacientes com glaucoma não devem se abster da uma boa hidratação, mas devem fazer a ingestão de líquidos em pequenas quantidades, ao longo do dia
  • Óculos de sol: O glaucoma pode deixar os olhos mais sensíveis à luz e ao brilho do sol. Os óculos de sol resolvem essa questão. O mais importante é escolher óculos de sol ou lentes de contato com proteção UV e UVA.
  • Evite remédios naturais e suplementos Uma série de remédios naturais e ervas têm sido anunciados como “bons para o tratamento do Glaucoma”. Porém, não há evidências científicas de que o mirtilo (blueberry) – fitoterápico popular para distúrbios oculares – seja eficaz na prevenção ou no tratamento, assim como o ginkgo biloba.
  • Reduza o estresse: O glaucoma de ângulo fechado, por exemplo, tem como uma de suas principais causas o estresse.

Diferentes especialidades médicas envolvidas nos cuidados

A melhor maneira de prevenir o glaucoma é consultar um médico oftalmologista pelo menos uma vez por ano. Por isso, confira as principais perguntas que você pode fazer ao especialista na hora da consulta.

O que perguntar para o médico na consulta

Quem corre maior risco de ter glaucoma?

A prevalência de glaucoma aumenta com a idade. Assim, todos os indivíduos com mais de 35 anos de idade devem ser submetidos a um exame oftalmológico, bem como irmãos de um indivíduo com glaucoma, já que correm maior risco. Além disso, a descendência africana pode estar em maior risco de glaucoma de ângulo aberto, assim como a descendência chinesa, que tem maior risco de desenvolver glaucoma de ângulo fechado. Por fim, indivíduos com miopia ou hipermetropia podem ter maior risco de glaucoma, além de indivíduos com pressão intraocular elevada.

Ter a pressão intraocular aumentada quer dizer que a pessoa tem glaucoma?

Apesar de a pressão intraocular normal ser considerada no intervalo entre 10-21mmHg, valores acima disso não indicam, necessariamente, glaucoma. Uma pessoa é diagnosticada com a doença somente se o nervo óptico estiver danificado. Além disso, se a sua córnea for mais espessa, a pressão ocular pode ser superestimada pelo instrumento de medida. Por outro lado, se você tiver pressão intraocular aumentada, mas não existir dano ao nervo óptico, você não tem glaucoma, mas está em risco aumentado de desenvolvê-lo. Nesse caso, o acompanhamento deve ser discutido com seu oftalmologista. Essa condição é conhecida como hipertensão ocular.

A idade é um fator de risco importante para o glaucoma?

Pense em alguém que você conheça que tem glaucoma. As chances de que essa pessoa seja um idoso são grandes, pois a doença afeta mais de 2,2 milhões de americanos com mais de 40 anos de idade, com a maior incidência de casos a partir dos 70 anos ou mais. De acordo com a Sociedade Brasileira de Glaucoma, existem cerca de 900 mil portadores da doença no Brasil. Nesse sentido, dentre os fatores de risco conhecidos para a doença, a idade é responsável pelo aumento considerável da incidência e da prevalência de glaucoma.

Além do desafio do diagnóstico precoce, o glaucoma é uma doença de difícil manejo?

O glaucoma é uma doença que apresenta desafios para o paciente e para o oftalmologista, mas quando é tratado em seus estágios iniciais, a perda da visão pode ser prevenida. No entanto, os estudos mostram que mais da metade dos pacientes com glaucoma não aderem aos planos de tratamento prescritos devido a fatores que incluem dificuldades em aplicar colírios, falta de educação sobre a medicação e esquecimento.

Muitos pacientes lutam diariamente para aderir ao tratamento do glaucoma, especialmente os que estão gerenciando outros problemas de saúde ao mesmo tempo. Mas, para cada dificuldade, há uma solução, que pode ser desenvolvida para cada paciente. Não tenha medo de perguntar ao oftalmologista tudo o que você precisa saber sobre o tratamento do glaucoma.

O uso dos óculos de sol é essencial para o paciente com glaucoma?

O glaucoma pode deixar os olhos mais sensíveis à luz e ao brilho do sol. Medicamentos para melhorar este sintoma podem agravar o problema. Os óculos de sol resolvem a questão e são importantes para a prevenção da catarata e de outras doenças da retina. É importante lembrar que os óculos escuros não precisam ser caros. O mais importante é escolher óculos que bloqueiam pelo menos 99% dos raios UVB e 95% dos raios UVA.

Os pacientes com glaucoma podem realizar cirurgia refrativa?

Pacientes com glaucoma frequentemente perguntam sobre elegibilidade para passar por cirurgia refrativa, como LASIK ou PRK. Apesar de não existir consenso especificamente em quem deve ou não deve passar por cirurgia refrativa, muitos médicos concordam que pacientes com glaucoma severo devem evitar esses procedimentos. Além disso, a cirurgia refrativa pode fazer com que as medidas da pressão intraocular sejam mais difíceis de serem interpretadas.

Para aqueles que não têm diagnóstico de glaucoma, recomendamos visitar um especialista em glaucoma antes do procedimento caso haja histórico familiar de glaucoma (especialmente se houver caso de cegueira na família), se há suspeita de glaucoma ou se há combinação de fatores de risco para a doença.

Ainda posso dirigir com glaucoma?

Pacientes com glaucoma com defeitos de campo visual estão em risco elevado de acidentes com veículos. Apesar de a visão central ser geralmente preservada até estágios avançados da doença, o glaucoma pode afetar a visão periférica em fases iniciais/moderadas. Pacientes com glaucoma podem referir ofuscamentos, visão noturna ruim e sensibilidade baixa ao contraste. Além disso, a visão pode se tornar muito ruim durante a transição do claro para o escuro (por exemplo ao entrar em um túnel).

É recomendado para pacientes com glaucoma e perda moderada/severa de campo visual que se evite ou até que se pare de dirigir, particularmente em situações mais difíceis como à noite ou em condição de neblina. O transporte público deve ser utilizado o máximo possível. Você deve consultar o seu médico para discutir o assunto e as regulações para dirigir das autoridades responsáveis.

A gestação afeta o glaucoma?

É importante entender que qualquer colírio usado para glaucoma pela mãe pode ser absorvido na circulação e pode afetar o feto; além disso, algumas medicações são secretadas no leite materno durante a amamentação. Existem riscos para o feto durante o uso de todas as medicações para glaucoma – especialmente no primeiro trimestre da gestação. Se você tem glaucoma e está planejando começar uma família, você deve consultar o seu oftalmologista e seu médico generalista para discutir o assunto.

Como a família do paciente com glaucoma pode ajudar?

Pacientes que têm perda visual progressiva pelo glaucoma costumam estar sob estresse. Assim, ajudar com as necessidades do paciente pode ser desafiador tanto para o médico quanto para a família. A família pode ajudar de muitas formas:

  • Organize os itens principais da casa, ou seja, aqueles de uso diário. Eles devem ser facilmente localizados e identificados pelo paciente. Assim, uma dica é identificar os itens importantes com etiquetas com grande contraste.
  • Remova todos os itens da casa que possam fazer o paciente tropeçar, como pequenos bancos, mesas e fios soltos, por exemplo.
  • Programe números de telefone importantes como polícia, bombeiros e ambulância para ativação com comando de voz no aparelho telefônico.
  • Coloque um número diferente de elásticos sobre as várias medicações para que possam ser identificadas.
  • Coloque mais luzes em casa, pois uma melhor iluminação promove melhor mobilidade.
  • Carregue uma lista e horários das medicações na sua carteira ou bolsa e mantenha um alarme em seu celular para lembrar o paciente de usar os colírios regularmente.
  • Ajude o paciente levando-o regularmente para o hospital/consultório para revisões.
  • Acima de tudo, forneça suporte moral ao paciente e encoraje-o a participar de programas de reabilitação com treinamento vocacional para superar o impacto da doença.
  • Leve toda sua família para uma consulta oftalmológica a fim de diagnosticar o glaucoma precocemente.
  • Espalhe a mensagem da importância da triagem para o glaucoma na comunidade.

Prevenção do glaucoma

A acadêmica informa que, apesar de não ter cura, o glaucoma se estabiliza com o tratamento, que oferece qualidade de vida aos doentes. Por isso, segundo ela, compensa utilizar os colírios diariamente, seguindo as orientações médicas para diminuir possíveis desconfortos. Mas, adianta, só a prevenção pode evitar o glaucoma e suas complicações. “O exame para detecção da doença é simples, indolor e rápido”, informa, alertando para a importância de realizar periodicamente consultas ao oftalmologista.

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Fonte: Jornal da USP.

Links úteis

Sociedade Brasileira de Oftalmologia
Sociedade Brasileira de Glaucoma
Hospital de Olhos de São Paulo
Instituto de Oftalmologia do Rio de Janeiro
Instituto de Moléstias Oculares
Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães
Biblioteca Virtual em Saúde
World Glaucoma Association

Sobre o autor

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Todos os textos assinados pela nossa equipe editorial, nutricional e educadores físicos.

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