Fome emocional: O que é e como identificar

Bem-estar Equilíbrio
23 de Janeiro, 2023
Fome emocional: O que é e como identificar

Quem nunca cedeu à fome emocional e recorreu ao docinho para aliviar as tensões e o estresse do trabalho no dia a dia, não é mesmo? Não há problemas em comer um doce, mas sim, utilizá-lo como uma ferramenta para combater a ansiedade

Dessa maneira, abrir a geladeira e comer sempre que estiver cansado, estressado, ocioso, com raiva e entediado pode demonstrar uma fuga psicológica para aliviar emoções negativas. E isso não traz nenhum tipo de alívio, pelo contrário: gera mais angústia, raiva, arrependimento, insatisfação e culpa por ter ingerido excesso de calorias.

O que é a fome emocional?

De acordo com a nutróloga Fernanda Cortez, a fome emocional ocorre quando a pessoa se alimenta por ansiedadeestresse ou qualquer outro sentimento. “Não é uma fome real, mas emocional, diferente da necessidade do corpo de calorias e alimentos”, disse.

Assim, o problema surge quando o hábito se torna frequente, além de não contribuir em nada para uma alimentação saudável e em prol da saúde, ele pode evoluir para quadros de compulsão alimentar se a pessoa já tiver predisposição.

Causas

As causas da fome emocional são diversas e, geralmente, estão ligados a fatores psicológicos. Além disso, algumas situações podem contribuir:

  • Estresse
  • Cansaço
  • Ansiedade
  • Tédio
  • Luto
  • Problemas de saúde

Como identificar a fome emocional

Somente um profissional especializado saberá fazer o diagnóstico correto. Portanto, se você acha que anda descontando suas emoções na comida, procure ajuda nutricional e psicológica, principalmente se surgirem os seguintes sintomas:

Anseio por alimentos específicos

Quando bate a fome física, tudo parece bom, você só quer algo rápido. Por outro lado, a fome emocional implora por lanches, pizzas, refrigerantes, doces e nada mais serve. A última coisa que acontece nesse momento é comer alimentos que nutrem o corpo.

Comer sem pensar

Antes que você perceba, você comeu um saco inteiro de batatas fritas sem realmente prestar atenção.

Arrependimento, culpa ou vergonha

Quando você come para satisfazer a fome física, é improvável que se sinta culpado ou envergonhado porque está simplesmente dando ao seu corpo o que ele precisa. 

Se você se sentir culpado depois de comer, é provável que você saiba que não está comendo por razões nutricionais.

Leia também: Quando o estresse vira compulsão alimentar

Diferenças entre fome emocional e distúrbio alimentar

A compulsão alimentar é um distúrbio é caracterizado pela falta de controle na ingestão dos alimentos. Ou seja, quando a pessoa come por vontade de comer e não por fome, e muitas vezes o que come são excessos de alimentos gordurosos ou cheios de açúcar. Além desses indícios, ainda podem ser destacados o hábito de comer escondido, mesmo quando há ausência de fome, ou por comer excessivamente com sentimento de culpa após a alimentação. Por ser um transtorno, é bem mais preocupante.

Dados da Organização Mundial da Saúde  (OMS) de 2017 garantem que o transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) atinge em torno 2,6% da população do mundo. Ainda de acordo com a Organização, 4,7% da população brasileira sofre com esses distúrbios, principalmente jovens mulheres.

Perigos da dieta restritiva

Outro fator que pode incentivar o aparecimento da fome emocional é ter passado por alguma restrição alimentar mais radical. “A restrição em excesso pode fazer mal depois. Isso porque quando a pessoa só ouve ‘não’, como ‘não pode comer pão’, essa proibição fica no subconsciente dela, o que acaba gerando muito mais ansiedade e até causando episódios de compulsão alimentar”, diz a nutróloga.

Fome emocional em crianças

De acordo com estudos, as crianças também “descontam” suas emoções na comida, ou seja, elas também buscam prazer ao comer. No entanto, quando isso ocorre com frequência e se torna o principal mecanismo de controle emocional, acaba virando um impulso. O que pode trazer diversas consequências para a saúde, como a obesidade infantil.

“Desde muito pequenos somos ensinados que comer é prazeroso. A amamentação é nosso primeiro contato com o alimento e é sinônimo de proteção e aconchego. Então é natural a criança buscar conforto no alimento” explica a psicóloga Daniella Dualib, em entrevista anterior à Vitat.

Como minimizar os efeitos da fome emocional nas crianças

Para minimizar os efeitos da fome emocional, os pais devem conversar com os filhos e identificar quais são os gatilhos emocionais que os levam a comer compulsivamente. Para que assim eles possam entender a pandemia e lidar com isso da melhor forma possível.

Veja abaixo algumas dicas da psicóloga que podem auxiliar:

  • Dê o exemplo: A consciência alimentar de uma criança começa com o exemplo dos pais. Assim, para que eles comam legumes e verduras, você deve ter esses alimentos presentes na sua dieta;
  • Não compare os hábitos alimentares de seu filho com os de outra criança, nem mesmo com o próprio irmão: Cada pessoa tem a sua própria relação com a comida. Portanto, não faça comparações sobre necessidades individuais;
  • Nunca use comida como moeda de troca: Essa forma de compensação pode trazer complicações como obesidade infantil, diabetes, entre outros, além de associar a comida a uma recompensa emocional;
  • É importante pontuar sempre que possível, a diferença entre a fome e a vontade de comer: Nem sempre criança tem a clareza de perceber a origem da fome emocional.

Especialidades envolvidas no tratamento da compulsão alimentar

  • Nutricionista: atua com os outros especialista na mudança de hábitos alimentares e criando um cardápio saudável.
  • Psicólogo: cuida das emoções, pensamentos e comportamentos, auxiliando a saúde mental e, por consequência, a física. Através das sessões, o terapeuta identifica as causas da compulsão alimentar e ajuda o paciente a lidar com isso, principalmente em relação à imagem corporal.

Mindful eating para lidar com a fome emocional

O mindful eating uma ótima maneira de lidar com a fome emocional. A técnica visa comer conscientemente, percebendo as sensações envolvidas em todo o processo do ato de se alimentar, tanto física quanto emocionalmente. Desde a fome, a escolha dos alimentos, o preparo do cardápio e a plenitude quando ficamos satisfeitos após o término da refeição. 

A prática traz vários benefícios, reduzindo o risco de transtornos alimentares, compulsões relacionadas à comida, ansiedade, entre outros.

Além disso, é bem fácil de colocar em prática:

  • Treinamento regular: não importa se forem poucos minutos por dia — a constância fará toda a diferença para você conseguir incorporar a prática nas refeições;
  • Medite: reserve cinco minutos ao final do dia para trabalhar a atenção plena (existem ótimos aplicativos que te ajudam com isso);
  • Fique longe dos dispositivos: tente comer em um local sem celulares, TVs, tablets ou qualquer aparelho eletrônico que possa atrapalhar o momento;
  • Comece aos poucos: primeiramente, escolha apenas uma refeição por dia para treinar a atenção plena;
  • Perceba tudo: olhe para as cores do seu prato, sinta o cheiro dos alimentos, repare nas quantidades escolhidas e sinta o sabor e a textura das receitas preparadas.

Dicas para vencer a fome emocional 

O mais importante é buscar ajuda psicológica. Mas existem alguns hábitos que podem ajudar, confira:

  • Se você está deprimido, triste ou solitário, ligue para sua/seu melhor amiga/o, ou para um parente querido que sempre faz você se sentir melhor;
  • Quando o problema é a ansiedade, vista seu tênis e dê uma volta no bairro, ouvindo suas músicas prediletas;
  • Quando bate a exaustão, beba uma xícara de chá quente, tome um banho e vá para a cama cedo;
  • Se você está entediada, leia um bom livro ou então assista a um programa de comédia. Você só não vai conseguir sair desse ciclo vicioso se você desistir!”

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Fontes

  • Adriana Borges: psicóloga clínica especializada em emagrecimento. Em seu consultório, em São Paulo, atende casos como ansiedade e compulsão alimentar;
  • Fernanda Cortez, nutróloga.

Referências

Mayo Clinic e Harvard Health Publishing

Sobre o autor

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