Fast-food: Tem como deixar mais saudável?
Fast-food é uma modalidade alimentar na qual as refeições precisam ser vendidas, preparadas e consumidas em pouco tempo. Ela surgiu na década de 1950 nos Estados Unidos, muito por conta da estratégia fordista das linhas de montagem — por isso, os pratos sempre são padronizados e preparados de forma bem mecânica, priorizando a rapidez.
Você com certeza já viu um restaurante que segue esse estilo: o cardápio é geralmente constituído de lanches, frituras, refrigerantes e sucos prontos, e em aproximadamente meia hora é possível sair de lá com a barriga (muito) cheia. Não há garçons e você não é atendido na mesa — precisa fazer e retirar o seu pedido no balcão.
Em um primeiro momento, a ideia não parece tão ruim, afinal, as pessoas têm cada vez menos tempo para cozinhar e comer hoje em dia. Contudo, o fast-food é muito criticado por nutricionistas e especialistas que prezam pela alimentação saudável. Entenda os motivos:
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Fast-food: Por que ele é considerado um vilão da nossa saúde?
Para conseguir produzir toneladas e mais toneladas de refeições em pouco tempo e conservar melhor os ingredientes, a indústria alimentícia geralmente acrescenta nos alimentos fast-foods conservantes, gordura hidrogenada, açúcar e sódio — também como uma forma de deixar os pratos muito mais saborosos. Essas substâncias, quando consumidas em excesso, podem prejudicar seriamente o organismo.
Um exemplo que mostra claramente essa questão é o documentário Super Size Me (2004), que foi indicado ao Oscar. Nele, o cineasta Morgan Spurlock passou um mês inteiro comendo somente refeições da maior rede de fast-food do mundo. Apesar de completamente saudável no início do experimento, em apenas 30 dias ele ganhou 10 quilos, sofreu um perigoso aumento nas taxas de colesterol ruim, acumulou gordura no fígado, ficou mau humorado (e até teve sintomas de depressão) e relatou disfunção erétil.
Isso aconteceu porque esse tipo de alimento também é conhecido por conter “calorias vazias”: são muito calóricos e gordurosos, mas carregam pouco (ou quase nenhum) nutriente.
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Mas não para por aí: um estudo da Universidade George Washington encontrou pequenas quantidades de produtos químicos nocivos ao corpo em seis marcas populares.
Para chegar à conclusão, os cientistas analisaram 64 itens de fast-food de empresas de hambúrgueres, pizza e comida mexicana. A equipe verificou, nos pratos, a existência de dez tipos de ftalatos, grupo de substâncias usadas para amolecer plásticos.
Além disso, mais de 80% dos alimentos continham DnBP, associado à asma, e 70% possuíam DEHP, ligado a problemas reprodutivos. Mais: 86% apresentavam sinais de DEHT, sintético desenvolvido para substituir os ftalatos — ainda não há estudos sobre os efeitos dele.
Mas é possível deixar a refeição mais equilibrada?
De acordo com o nutricionista Marco Quintarelli, sim. “Comida prática e rápida pode (e deve!) ser saudável”. Com algumas dicas, é possível diminuir o valor calórico do prato e trazer mais saúde para o corpo. Confira como:
- “Evite excesso de gorduras como frituras (principalmente de imersão) e molhos gordurosos”: troque a batata frita que acompanha o seu lanche, por exemplo, por uma salada ou palitinhos de cenoura;
- “Inclua hortaliças e produtos integrais no pedido, como salada e pão integral”: eles carregam fibras, que aumentam a saciedade e melhoram o funcionamento do intestino;
- “Escolha uma proteína com baixo teor de gordura saturada (peito de frango, pescados e queijos light)”;
- Evite os refrigerantes, os sucos prontos e o milk-shake, que são ricos em açúcar.
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Fonte: Marco Quintarelli, nutricionista especialista em Nutrição Integrada.
Referência: Edwards, L., McCray, N.L., VanNoy, B.N. et al. Phthalate and novel plasticizer concentrations in food items from U.S. fast food chains: a preliminary analysis. J Expo Sci Environ Epidemiol (2021). Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41370-021-00392-8#citeas.