Exercício físico regular: apenas 3 em cada 10 paulistas praticam, diz pesquisa
Somente 3 em cada 10 paulistas fazem exercício físico regular, isto é, quatro ou mais vezes na semana, quantidade recomendada pelas sociedades médicas. A pesquisa é da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). A prática regular de exercícios físicos é essencial para melhorar a saúde e a qualidade de vida, já que se trata de uma conduta não farmacológica eficaz na prevenção de várias doenças cardiovasculares e doenças crônicas, como hipertensão, obesidade e diabetes.
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Exercício físico regular: detalhes sobre a pesquisa
Ao todo, a pesquisa da Socesp entrevistou 2.236 pessoas adultas de diversas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital. Os entrevistados foram questionados sobre diversos temas e fatores de risco para desenvolvimento de doença cardiovascular, entre eles, a prática de exercícios físicos.
Os resultados serão apresentados no congresso que a Socesp realizará neste mês e apontam que 41,03% dos paulistas não fazem nenhum exercício, 29,39% fazem exercícios até duas vezes na semana e apenas 29,58% se exercitam quatro vezes por semana ou mais – quantidade mínima ideal preconizada pelos cardiologistas para prevenção de doenças cardiovasculares e de seus fatores de risco.
“É claro que, olhando num contexto nacional, saber que 60% da população do Estado de São Paulo faz algum exercício físico é relativamente bom. O Vigitel [inquérito telefônico realizado anualmente pelo Ministério da Saúde para identificar fatores de risco para doenças crônicas] aponta que temos mais pessoas inativas do que ativas. Mas esses números ainda podem melhorar. A prática regular de exercícios tem efeito direto na saúde cardiovascular”, afirmou Renato Pelaquim, diretor executivo do Departamento de Educação Física da Socesp.
Qual é a recomendação?
A recomendação básica da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que as pessoas pratiquem algum exercício físico pelo menos 300 minutos por semana. É importante ressaltar que exercício físico e atividade física são coisas diferentes.
Isso porque qualquer movimento que você faça com o corpo significa que você está ativo fisicamente (isso inclui levantar-se da cama, lavar a louça, varrer a casa, ir para o trabalho a pé ou de bicicleta, ir ao supermercado, entre outras atividades). Já o exercício físico é a realização de uma atividade física regular e sistematizada, com foco e objetivo a ser alcançado. Pode ser numa academia ou num parque – mas implica em ter uma regularidade.
Exercício físico regular: impactos no coração
Segundo Pelaquim, os exercícios minimizam diversos fatores deletérios para o coração. Por exemplo: praticar atividades aeróbias (caminhar, pedalar, nadar, corrida leve) regularmente (de três a cinco vezes na semana) ajuda a reduzir a hemoglobina glicada em pelo menos 0,5%. Este é um exame fundamental para avaliar risco de diabetes, já que ele estima a média de glicose circulando no sangue nos últimos três meses. Se a pessoa tem a hemoglobina glicada alta, o risco de desenvolver diabetes aumenta.
“Reduzir em 0,5% da hemoglobina glicada pode parecer pouco, mas muitas vezes é o suficiente para termos uma melhora no controle glicêmico e da saúde. Além disso, essa redução pode prevenir o diabetes ou trazer mais qualidade de vida para quem já é portador da doença”, completa Pelaquim.
Os benefícios não param por aí
Outro benefício da atividade física está relacionado com a pressão arterial. Segundo Pelaquim, a literatura médica aponta que há diferenças na resposta dos níveis pressóricos das pessoas que praticam exercícios.
À medida que a pessoa faz atividade física aeróbia, por exemplo, o trabalho do coração aumenta, precisando bater mais rápido para que o músculo do coração mantenha o fluxo de sangue. Ao longo do tempo isso o tornará mais eficiente, pois a longo prazo ele aumentará seu tamanho para bombear mais sangue para o corpo com menos esforço.
Além disso, também ocorre um processo chamado angiogênese (formação de novos vasos sanguíneos), melhorando a circulação e o fluxo sanguíneo. “Quando o coração bate mais rápido, os vasos dilatam e ficam de 48 a 72 horas dilatados. Algumas pessoas podem conseguir normalizar os níveis da pressão e parar de usar medicamentos apenas com os exercícios”, explicou o profissional.
Musculação ou aeróbio?
Os benefícios cardiovasculares da prática regular de atividade física não são consequência apenas dos exercícios aeróbios. Dessa forma, segundo Pelaquim, a recomendação é associar o exercício resistido e de força (como musculação, pilates, treinos funcionais) para potencializar os efeitos benéficos.
“Cronicamente, o exercício aeróbio isolado apresenta maior efeito hipotensor pós-atividade em comparação ao treino de força. Entretanto, a junção das duas modalidades pode causar um efeito ainda mais potente na redução da pressão arterial”, afirmou.
Em resumo: a recomendação é que hipertensos façam tanto o treino aeróbio (três a cinco dias por semana), como exercício de força (pelo menos duas a três vezes por semana), ambos em intensidade moderada.
Os exercícios físicos também ajudam a melhorar o metabolismo, diminuem o risco de aterosclerose (formação de placa de gordura nos vasos), melhoram a qualidade do sono, o desempenho cognitivo e a disposição. “As informações sobre os benefícios da atividade física melhoraram muito, especialmente após a pandemia de Covid-19. Hoje as pessoas passaram a compreender melhor que o exercício físico não é só ir para a academia, e sim uma questão de saúde”, finalizou.
Fonte: Agência Einstein.