É vegetariano? Saiba quais exames você deve fazer com frequência

Nos últimos anos, houve um crescimento do número de pessoas que pararam de consumir alimentos de origem animal. No Brasil, estima-se que 14% das pessoas sejam vegetarianas. Estudos e especialistas já comprovaram que a dieta é saudável e pode ser aderida sem complicações. Entretanto, isso não dispensa a necessidade de ter acompanhamento nutricional e saber quais exames para vegetarianos devem ser feitos com frequência.

Antes de mais nada, vale entender que todas as pessoas precisam fazer exames periódicos – sejam elas adeptas a dietas com restrições ou não. Isso porque é por meio deles que é possível identificar possíveis deficiências nutricionais e contornar a situação antes que haja o desenvolvimento de quadros mais complicados. 

No caso de pessoas veganas e vegetarianas, a nutricionista Tatiane Schallitz explica que as maiores preocupações estão relacionadas à adequação de ferro, zinco, cálcio e vitamina B12 – nutrientes presentes em maior abundância nos itens de origem animal.

Quais nutrientes ficar de olho

Ferro

Segundo a profissional, por meio do hemograma, é possível avaliar a presença de anemia e as possíveis causas. Tal identificação é feita a partir da contagem do número de hemácias e também da qualidade delas (definida por meio da coloração e do tamanho). 

Por exemplo: hemácias pequenas apontam para a existência de uma anemia causada pela deficiência de ferro. Hemácias grandes, por outro lado, significam que há falta de vitamina B12.

Também é necessário estar atento aos estoques de ferro, conhecidos como ferritina. “Mesmo sem anemia, ter ferritina baixa já pode ocasionar sintomas de anemia, como cansaço, por baixos estoques de ferro. Não esperamos a anemia chegar, já corrigimos antes que aconteça”, destaca.

Vitamina B12

Esse é o único nutriente que não está presente em alimentos de origem vegetal e, por isso, precisa ser suplementado por pessoas vegetarianas e veganas. Vale ressaltar, entretanto, que todos precisam verificar os níveis de vitamina B12, mesmo aqueles que consomem alimentos de origem animal, pois alguns indivíduos apresentam má absorção dessa vitamina.

Zinco

A melhor maneira de analisar os níveis de zinco, de acordo com a nutricionista, é por meio da avaliação de fontes alimentares. Isso porque tal nutriente está presente, sobretudo, em alimentos como gergelim, semente de abóbora, amêndoas, amendoim e aveia em flocos. Além disso, é possível realizar exames de zinco eritrocitário e cálcio iônico de forma complementar.

Colesterol

Dentre os exames para veganos e vegetarianos, o de colesterol deve estar presente de forma frequente. “Isso porque é preciso avaliar o perfil lipídico desses indivíduos. O colesterol tende a cair de forma brusca, porém, é essencial pensar em manter bons níveis de HDL (fator protetor). Além disso, avaliando os níveis de triglicerídeos conseguimos ter uma noção de como está sendo a alimentação em questão de qualidade alimentar”, diz.

É interessante entender que a alimentação vegetariana e vegana não é necessariamente saudável. Tudo vai depender das escolhas alimentares de cada um. Caso o indivíduo opte por refeições ricas em carboidratos refinados, por exemplo açúcares e farinha, é possível que aumente os valores de triglicerídeos no sangue – sobretudo se for uma pessoa sedentária. Dessa forma, esse excesso de carboidratos  também aumenta o LDL, conhecido como colesterol ruim. Basicamente, ele se acumula nas paredes dos vasos sanguíneos, como placas de gordura e, assim, aumenta as chances de doenças cardiovasculares como AVC, ataque cardíaco e derrame.

Vitamina D

Tatiane também recomenda  o acompanhamento dos níveis de vitamina D. A melhor forma de absorver tal nutriente é por meio da exposição solar, apesar de também estar presente em alguns alimentos de origem animal.  “Além de seu importante papel na imunidade, a vitamina D otimiza a absorção de cálcio, o que é crucial quando pensamos em manter, principalmente, nossa saúde óssea”, afirma.

Leia mais: Dicas para variar o cardápio vegetariano e deixá-lo mais nutritivo

Exames para vegetarianos: frequência e importância

Recomenda-se a realização de exames para veganos e vegetarianos de 6 em 6 meses quando se trata de um adulto saudável e que não apresente alterações nos exames. Já no caso de pessoas que mostram alterações nos números e precisam corrigi-las por meio de suplementação ou mudanças alimentares, indica-se a realização após dois meses do tratamento.

“Manter os exames em dia garante um maior protagonismo na nossa saúde. Ao identificar alguma alteração, temos o poder em nossas mãos de nos anteciparmos de algum desequilíbrio mais severo na saúde. Além disso, manter a saúde em dia garante qualidade de vida, mais disposição e longevidade”, destaca.

Principais alterações nos exames para vegetarianos

Em vegetarianos e veganos, as principais alterações nos exames estão relacionadas à falta de vitamina B12, já que é a única que não está presente no reino vegetal. 

Além disso, a retirada de carne da alimentação sem um direcionamento nutricional pode ocasionar anemia. Entretanto, esse quadro é completamente evitável, uma vez que o ferro está presente em diversos itens de origem vegetal, como feijões, vegetais verde-escuros e sementes. 

Outros cuidados quando o assunto são exames para vegetarianos

Além de realizar os exames na periodicidade adequada, é importante que pessoas adeptas a uma alimentação vegetariana adotem alguns outros hábitos em nome de uma vida realmente saudável. No que diz respeito aos cuidados com a digestão, Tatiane cita algumas práticas indispensáveis:

• Manter uma boa mastigação e engolir somente quando estiver com consistência de papinha;
• Ter atenção à refeição que faz está fazendo – sem pressa;
• Nutrir-se de bons sentimentos – ter uma boa relação com a comida;

Otimizar absorção de nutrientes

Já quando o assunto é otimizar a absorção dos nutrientes e garantir uma alimentação completa e equilibrada, é necessário:

• Fazer o remolho de pelo menos 12h das leguminosas (feijões, lentilha, ervilha, grão-de-bico, etc);
• Consumir fontes de vitamina C em refeições ricas em ferro – limão, acerola, laranja, tangerina, maracujá;
• Evitar excesso de consumo de cafeína próximo às grandes refeições para melhor absorção de ferro;
• Incluir fontes de cálcio mais concentradas como tahine ou gergelim moído;
• Consumir linhaça e chia moídas para absorção do ômega-3 (não digerimos linhaça inteira) ou na sua forma de óleo (óleo de linhaça);
• Consumir vegetais-verde escuros diariamente (brócolis, rúcula, couve, espinafre, etc);
• Preferir ingerir gorduras de alimentos a óleos para ingestão de zinco e ferro, além de outros benefícios de nozes e sementes (semente de abóbora, semente de girassol, amêndoas).

Priorizar alimentos naturais e frescos, como frutas, verduras, legumes, castanhas e sementes é a primeira grande base para manter uma alimentação vegetariana saudável. Além disso, apostar em proteínas, por exemplo tofu, tempeh, proteína de soja e suplementos proteicos vegetais é importante. 

Por fim, a nutricionista ressalta a relevância de ter, pelo menos no início da transição para o vegetarianismo, acompanhamento profissional. “Ser protagonista da própria saúde não é sinônimo de fazer tudo sozinho, também é sobre aceitar ajuda e orientação para, com autonomia, trilhar o seu caminho em prol da saúde e qualidade de vida que você merece ter”, completa.

Fonte: Tatiane Schallitz, nutricionista da Nutrindo Ideais, graduada pela UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro); experiência em Nutrição Esportiva, Comportamental e Vegetarianismo; CRN-4 21103320

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