Engasgo em bebês e crianças: saiba o que fazer

Gravidez e maternidade Saúde
17 de Março, 2022
Engasgo em bebês e crianças: saiba o que fazer

Provavelmente você já entrou em pânico ao ver uma pessoa se engasgar, não é? A ação pode ser assustadora, principalmente quando o engasgo acontece em bebês e crianças, que precisam de atenção redobrada neste momento. De forma clara e didática, o engasgo nada mais é do que quando um alimento ou objeto vai para o caminho das vias aéreas, enfatiza a endocrinologista pediátrica Ludmilla Rachid. 

Segundo a médica, é uma forma de proteção do organismo para expelir o alimento ou objeto que ‘tomou o caminho errado’, principalmente durante a deglutição do bebê ou da criança. “A cavidade oral faz conexão com o estômago e com as vias aéreas e, assim, temos uma ‘válvula’ que abre e fecha para coordenar a passagem do alimento. O nome disso é a epiglote, que permanece aberta para permitir a chegada de ar nos pulmões e se fecha quando engolimos algo”, explica. 

De acordo com Ludmilla, essa ação [engasgo] acontece para bloquear a passagem do alimento para os pulmões e encaminhá-lo para o estômago. Inclusive, a médica reforça a diferença entre o engasgo do reflexo de GAG. “Esse é basicamente uma proteção das vias aéreas que faz com que o alimento mal mastigado volte para a frente da boca”. Ela salienta que esse, inclusive, é um reflexo natural do organismo e, por isso, não é perigoso para as crianças. 

Riscos do engasgo em bebês e crianças

Para Ludmilla, o engasgo é considerado uma emergência, pois, em casos graves, pode levar a pessoa à morte por asfixia ou deixá-la inconsciente por um tempo. Sendo assim, é importante entender e como agir rapidamente nestes momentos, para evitar complicações sérias. 

“Primeiro, é necessário aprender a identificar o engasgo em bebês e crianças. Os sinais de alerta são: dificuldade súbita para respirar, com tosse, ruído na inspiração, chiado, abafamento da voz e lábios roxos”, alerta Ludmilla. De acordo com a médica, uma vez aprendido o que se deve fazer, a chance de um leigo salvar uma vida é alta.

“Se a criança ou o bebê estiverem engasgados, porém conseguirem tossir, não mexa neles — não chacoalhe, não bata nas costas. Além disso, não vire de ponta cabeça e não tente retirar com os dedos o que você não estiver vendo. Retire com a mão apenas objetos e secreções visíveis. Mantenha a criança em posição confortável para ela. Neste caso, a tosse é a melhor chance de expelir o que causa o engasgo e também significa que há respiração”, diz a médica. 

Manobra de Heimlich

Caso a falta de respiração esteja acontecendo, é preciso acionar a Manobra de Heimlich. “Posicione-se por trás e enlace a vítima com os braços ao redor do abdômen (se for uma criança, ajoelhe-se primeiro), caso ela esteja consciente. Uma das mãos permanece fechada sobre a chamada ‘boca do estômago’ (região epigástrica). A outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a “boca do estômago” para dentro e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão. Por fim, faça movimentos de compressão para dentro e para cima (como uma letra “J”), até que a vítima elimine o corpo estranho”, ensina a médica. 

A reação deve ser diferente em casos que apresentam bebês menores de um ano. “Coloque-o de bruços em cima do seu braço e faça cinco compressões entre as escápulas (no meio das costas). Depois, vire o bebê de barriga para cima em seu braço e efetue mais cinco compressões sobre o esterno (osso que divide o peito ao meio), na altura dos mamilos. Tente visualizar o corpo estranho e retirá-lo da boca delicadamente. Se não conseguir, repita as compressões até a chegada a um serviço de emergência (pronto-socorro ou hospital). Esses procedimentos são válidos somente se a criança ou o adulto engasgado estiverem conscientes. Vítimas inconscientes precisam de atendimento hospitalar rapidamente”, alerta. 

Engasgos em bebês e crianças: evite mal-estar

Segundo a endocrinologista, a principal causa de morte acidental em bebês menores de um ano acontece devido ao sufocamento, que acontece por causa de engasgos. “Para evitá-los, os pais e/ou cuidadores devem estar atentos ao longo do dia — durante a alimentação, sono e brincadeiras”, alerta. 

“Na hora da alimentação, dê atenção ao tamanho e à consistência dos alimentos, que devem ser pequenos e amolecidos. Antes de tudo, ensine seu filho a mastigar bem, a ficar sentado e a comer com a boca fechada. Isso previne que ele coma e fale ao mesmo tempo. Cuidado com uvas, tomates-cereja, salsichas, pipocas, entre outros”, completa. 

“Na hora das sonecas, o berço deve estar sem nada (travesseiros, brinquedos, mantas, protetores), e seguir as recomendações do Inmetro. Lembre-se: a posição segura para o bebê dormir é de barriga para cima e no berço. Assim, não esqueça de colocar o bebê para arrotar antes de deitá-lo”, enfatiza. 

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Engasgos recorrentes precisam de acompanhamento 

Fora os engasgos do cotidiano, ainda há outros recorrentes, que indicam o avanço da doença do refluxo gastroesofágico. Ludmilla orienta que bebês que têm dificuldade para aprender mastigação e deglutição estão mais suscetíveis aos sintomas. “Nesses casos, é preciso de uma avaliação com um fonoaudiólogo e com um otorrinolaringologista.”

Fonte: Ludmilla Rachid, endocrinologista pediátrica

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