Como lidar quando um amigo ou parente tem uma doença crônica?
Quem já teve um amigo ou familiar com uma doença crônica sabe o quão difícil pode ser essa situação. Isso porque, além do peso do problema, acaba sendo inevitável ver a pessoa querida passando por momentos de dor e sofrimento, o que gera sentimentos como tristeza, angústia, medo e até mesmo raiva. O que fazer para tornar tudo isso menos complicado?
A psicóloga, psicoterapeuta e hipnoterapeuta Omni, Sabrina Amaral, explica que as oscilações na forma de lidar com a doença, dependendo do estágio e do nível de gravidade, podem ir da negação à raiva ou resignação. “Não é incomum que as dores emocionais se transformem em sintomas físicos. É o que chamamos de psicossomática”, diz.
Ela explica que os familiares e amigos precisam de espaço para assimilarem tudo isso e falarem sobre seus sentimentos. “Compartilhar a carga emocional de toda a dor que sentem é fundamental, especialmente quando os familiares são também os cuidadores da pessoa enferma, a fim de evitar a ‘Síndrome do Cuidador’, uma espécie de estafa emocional por conta da sobrecarga de sentimentos reprimidos.”
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Mas como ajudar quem tem a doença crônica?
E como ajudar quem está doente sem “pisar em ovos” o tempo todo? Sabrina aconselha que o familiar ou amigo primeiramente se informe sobre a doença, seus sintomas e tratamentos para entender o que está acontecendo. Desse modo, conseguirá identificar os melhores momentos para oferecer ajuda ou mesmo conversar.
“Cuidado para não reduzir a pessoa que está doente meramente à doença ou aos seus sintomas. Ela era um ser humano com identidade e características únicas antes de adoecer, lembre-se disso! Muitos se aproximam querendo ajudar, dando apoio às demandas da doença, mas esquecem de se fazer presente em outros aspectos da vida dela. Fazer companhia, conversar, participar da rotina, socializar são coisas igualmente importantes.”
Converse com as crianças
Se houver crianças convivendo com o doente crônico, é preciso lembrar que elas são dotadas de uma sensibilidade ainda maior que a dos adultos para perceber que algo não está bem. “Os adultos tendem a omitir ou mesmo mentir para criança dizendo que nada está acontecendo”, explica a psicóloga.
“Converse com a criança usando uma linguagem que ela entenda, explique o que está acontecendo, mas não a envolva em detalhes excessivos e desnecessários. Acima de tudo, acolha e abra espaço para que ela possa falar sobre os seus sentimentos, sem receio de retaliações ou de magoar alguém. Existem muitos livros infantis que podem ajudar neste sentido. Mas, para os casos mais delicados (como os de terminalidade), pedir o apoio de um profissional especializado pode poupar sofrimentos”, sugere.
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Tente entender o processo da doença crônica e cuidar de si
Um ponto importante relatado por Sabrina é que os familiares e amigos precisam se lembrar que eles só estarão aptos a cuidar e ajudar se estiverem bem e cuidarem deles próprios primeiro. “As pessoas que estão corajosamente lidando com a doença crônica precisam estar atentas para não se fecharem emocionalmente. Aceite a ajuda de sua rede de apoio e lembre-se: a felicidade está na brevidade de cada momento que é único.”
Ela explica que é muito comum familiares e doentes sofrerem de um ‘luto antecipado’ mediante tudo o que está acontecendo. “Esse luto não significa, necessariamente, a perda de alguém, mas sim a perda de coisas, experiências, situações e status que podemos não ter mais. Procure entender como você lida com esse processo e os sentimentos que ele lhe provoca, em vez de se esforçar para ‘permanecer forte’ o tempo todo.”
Nesse caso, segundo a profissional, buscar ajuda de um psicólogo não é sinal de fraqueza, é sinal de força, pois será possível falar sobre dificuldades, minimizar sintomas de ansiedade e depressão, diminuir medos e ter mais segurança sobre o que pode acontecer e como lidar com isso.
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Fonte: Sabrina Amaral, psicóloga, psicoterapeuta e hipnoterapeuta Omni.