DIU no pós-parto: como funciona, quando colocar e cuidados
O DIU (dispositivo intrauterino) é um método contraceptivo de longa duração, pequeno e em forma de T, que é inserido no útero para prevenir a gravidez. Com alta eficácia, ele oferece uma solução prática para o planejamento familiar após uma gestação. Mas afinal, existe período recomendado para colocar o DIU no pós-parto?
Conversamos com Priscilla Frauches, ginecologista obstetra especialista em assistência integral à saúde da mulher, para entender os principais cuidados quanto ao método contraceptivo, tipos e quando colocá-lo.
Como funciona?
O principal mecanismo de ação do DIU é a transformação do ambiente uterino em um ambiente hostil aos espermatozóides — evitando que eles cheguem até as trompas. Além disso, a presença do DIU altera o muco cervical, tornando-o mais espesso e menos permeável, dificultando a passagem dos espermatozoides.
O DIU (de cobre, especificamente) é tóxico para os espermatozoides. O dispositivo libera íons de cobre que criam um ambiente inflamatório no útero, dificultando a sobrevivência dos espermatozoides e, consequentemente, a fertilização de um óvulo.
Com 99% de eficácia, o DIU pode ficar no organismo por até 10 anos, dependendo do tipo de dispositivo.
Tipos de DIU no pós-parto
O DIU apresenta o formato T, mas pode ser feito de diferentes materiais e, portanto, ter diferentes efeitos no corpo. São eles:
- DIU de cobre: é feito de plástico e revestido com fios de cobre. Ele cria um ambiente hostil no útero para os espermatozóides — o que impede a fertilização.
- DIU hormonal (ou Mirena): é feito em plástico e conta com doses do hormônio levonorgestrel, que vai sendo liberado aos poucos no útero.
Leia mais: DIU hormonal e não hormonal: entenda as diferenças entre ambos
“Se não houver uma indicação específica, como pacientes com endometriose ou adenomiose, por exemplo, a escolha do tipo vai de acordo com o desejo da paciente em menstruar ou não menstruar; usar método com ou sem hormônio, por exemplo”, aponta a ginecologista e obstetra Priscila Frauches.
Quando pode colocar o DIU no pós-parto?
O DIU de cobre é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas alguns estados e municípios também possuem cobertura para o DIU hormonal
Efeitos do DIU no pós-parto para ficar atento
De acordo com Priscilla, dependendo do tipo de DIU utilizado, a lactante pode apresentar alguns efeitos colaterais. Os mais comuns incluem:
- DIU de cobre: aumento do fluxo menstrual e cólicas. Pode haver também sangramento irregular, principalmente logo após a inserção;
- DIU hormonal: pode ocorrer a redução do fluxo menstrual, sangramentos de escape, chamados de spotting. Além disso, pode surgir um quadro de acne, dores de cabeça, pele oleosa, retenção de líquidos, cistos ovarianos e dor nas mamas.
“O efeito colateral mais comum é a expulsão do DIU. Por isso, quando fazemos a inserção do DIU imediatamente após o parto, a paciente precisa estar atenta à ocorrência de cólicas aumentadas e aumento dos líquidos ou conteúdo vaginal com odor”, explica Priscilla.
Além de observar os sintomas, é importante verificar periodicamente se o DIU está no lugar (mensalmente, por exemplo). O acompanhamento regular contribui para prevenir infecções.
A especialista ainda ressalta que o DIU, seja o hormonal ou não hormonal, não interfere no aleitamento e na produção do leite. Além disso, se a pessoa decide engravidar novamente, a remoção do DIU permite um retorno rápido à fertilidade.
Quem não pode colocar DIU?
No geral, quase todas as pessoas podem usar o DIU — independentemente do tipo de parto. Porém, não devem haver contraindicações específicas, como infecções puerperais (relacionadas ao parto) ou complicações durante a gravidez, que impeçam o uso.
Fontes
Dra. Priscilla Frauches, ginecologista e obstetra especialista em assistência integral à saúde da mulher.
Referências
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde