Dissociação: o que é e como tratar o transtorno psicológico

Bem-estar Equilíbrio Saúde
22 de Agosto, 2022
Lívia Barbosa Alves de Souza
Revisado por
Psicóloga • CRP 01/22261
Dissociação: o que é e como tratar o transtorno psicológico

Você já se pegou com a sensação de que está em outro ano ou então, que não está no próprio corpo? A dissociação é um transtorno que afeta boa parte da população pelo menos uma vez na vida, mas em algumas pessoas a condição é frequente e pode atrapalhar o dia a dia.

Existem pelo menos cinco tipos diferentes de transtornos dissociativos, sendo a dissociação um sintoma comum a diferentes transtornos. Ficou curioso? Entenda mais sobre o distúrbio a seguir.

O que é a dissociação?

De acordo com Ivana Cabral, psicóloga, a dissociação é um transtorno que ocorre quando o paciente possui um afastamento súbito da realidade. “É como se a mente não estivesse ali, já que ocorre uma desconexão temporária das ações psíquicas ou motoras. Elas fazem parte do acesso direto do repertório comportamental e da consciência de cada pessoa, além do controle voluntário”, conta. 

Filipe Margarido, psicólogo e professor da Estácio, explica que normalmente todos nós temos um núcleo do ‘eu, do self e a isso que chamamos de personalidade’. Assim, a personalidade conduz nossas ações, pensamentos e consciência

“Porém, as pessoas que sofrem de transtorno dissociativo perdem – parcialmente ou totalmente – a noção de ter uma própria consciência, a noção de ter um eu. Elas eventualmente têm a impressão de não ter uma identidade, sentem-se confusas e às vezes experimentam uma sensação de terem múltiplas personalidades”, afirma. 

Como ela acontece?

A dissociação não acontece apenas com o tempo, mas também com o corpo. Os psicólogos explicam que a sensação de falsa memória faz com que o paciente não consiga ter noção do que está acontecendo ao seu redor. Ou seja, possui a impressão de que o mundo e as pessoas em volta são irreais. A despersonalização acontece quando a pessoa não consegue se reconhecer no próprio corpo, dando uma perspectiva de visão externa. Ele se sente distante ou que não habita o próprio corpo.

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O transtorno afeta o dia a dia?

Como qualquer transtorno, a dissociação tem reflexos no dia a dia de quem sofre com o distúrbio. Margarido conta que a condição afeta todas as dimensões da vida e do cotidiano do indivíduo. Ou seja, na vida familiar, no trabalho, na sociedade, na vida afetiva e em todas as vivências psíquicas dessa pessoa. 

“Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-V, os sintomas dissociativos podem perturbar todas as áreas do funcionamento psicológico. Este diagnóstico inclui o transtorno dissociativo de identidade, a amnésia dissociativa, o transtorno de despersonalização/desrealização, outro transtorno dissociativo especificado e o transtorno dissociativo não especificado”, diz o professor.

Os especialistas afirmam que o transtorno pode, sim, causar alguns riscos ao paciente. Por exemplo: mudanças comportamentais, memória enfraquecida, estresse agudo, angústia crônica e confusão mental.

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Tratamento da dissociação

O primeiro passo para tratar a dissociação é ter a avaliação e acompanhamento de um psicólogo que entenda as necessidades do paciente. “Após essa análise, diferentes tipos de terapia podem ser indicadas, entre elas, a psicoterapia é a mais recomendada para tratar a dissociação”, explica Ivana Cabral.

Visitar um psiquiatra também é importante, pois alguns antidepressivos, ansiolíticos, estabilizadores de humor ou antipsicóticos podem amenizar os efeitos desse transtorno. No entanto, a manipulação e ingestão desses medicamentos só deve ser feita com acompanhamento de um psiquiatra ou psicólogo.

“A hipnose também pode ser empregada como meio de recordar as informações que foram esquecidas. Nota-se que quando o paciente é colocado em estado de relaxamento e sonolência, diminui as inibições mentais e o conteúdo esquecido ressurge na consciência sem que lhe causem medo ou conflito. Muitos profissionais da saúde também empregam as técnicas de meditação como tratamento complementar nos transtornos dissociativos”, comenta Filipe Margarido. 

Por fim, o professor explica que a dissociação não é um diagnóstico único, mas um grupo de diagnósticos com manifestações diferentes para cada paciente. “Suas causas podem estarem relacionados com traumas, mecanismos neurobiológicos, ansiedade, depressão e drogas psicoativas”, finaliza Margarido.

Fontes: Ivana Cabral, psicóloga; Filipe Margarido, psicólogo e professor de psicologia da Estácio.

Sobre o autor

Gabriela Ferreira
Jornalista e Repórter da Vitat.

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