Tudo o que você precisa saber sobre os diferentes tipos de adoçantes
O consumo excessivo de açúcar refinado já foi relacionado a uma série de problemas de saúde¹. Nos Estados Unidos, por exemplo, o alimento tem ligações com o aumento da obesidade², doença que também atinge brasileiros: cerca de 55,7% da população do país sofre com a condição³. Por isso, uma estratégia válida para diminuir o açúcar na dieta é substituí-lo por diferentes tipos de edulcorantes (mais conhecidos como adoçantes), além de ficar atento à quantidade de açúcar presente em alimentos prontos, como sucos, chás e etc. Mas diante de tantos produtos existentes no mercado, qual escolher?
O ideal é consumir o que mais agrada seu paladar, ou seja, o que tem o melhor sabor para você. Saiba tudo sobre os adoçantes para fazer a escolha certa:
Tipos de adoçantes
Os adoçantes são substâncias capazes de conferir sabor doce às preparações e receitas, sendo muitas vezes utilizados como substitutos do açúcar tradicional. Justamente por possuírem pouco ou nenhum valor calórico e geralmente oferecerem índices glicêmicos mais baixos ou zero, eles podem ser indicados para pessoas com diabetes ou para quem está em um processo de emagrecimento, por exemplo.
Os edulcorantes podem ser naturais ou artificiais (sintéticos). O primeiro grupo diz respeito a produtos obtidos a partir de elementos encontrados na natureza que não passam por reações químicas⁴. Já do segundo grupo, fazem parte os adoçantes fabricados por meio de reações químicas.
É sempre bom ressaltar que a inclusão dos edulcorantes na dieta deve ser acompanhada por um médico ou nutricionista. Além disso, é muito importante respeitar a recomendação de ingestão diária da substância, que varia de acordo com o tipo em questão.
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Conheça alguns tipos de adoçantes
Eritritol
Trata-se de um adoçante natural que pertence à família dos polióis e é normalmente encontrado nas fibras de frutas e vegetais, como uva, milho, cogumelos e alimentos fermentados (vinho)⁵. Essa substância ajuda a realçar o sabor doce de bebidas e alimentos, ou seja, não oferece gosto residual.
Mas é claro que os benefícios não param por aí. Ele não possui calorias ou radicais livres, além de ser anticariogênico⁵.
Mais de 90% do eritritol ingerido é eliminado através da urina sem ser metabolizado pelo organismo. O restante segue para o intestino grosso, onde uma parcela é excretada nas fezes e a outra pode sofrer fermentação. Esta característica explica a menor incidência de efeitos colaterais gastrointestinais como diarreia e inchaço — se a substância for utilizada em quantidades adequadas⁶.
O eritritol oferece índice glicêmico zerado, isto é, ele não altera os níveis de insulina e glicose no sangue, sendo uma ótima opção para pessoas com diabetes⁶.
Algumas outras características:
- Pode ser aquecido;
- Perfil de sabor doce e suave;
- Poder de dulçor de 70% do açúcar;
- Zero calorias.
O xilitol foi descoberto há mais de 100 anos e é muito utilizado pela indústria alimentícia. O seu poder adoçante pode ser equiparado ao da sacarose, e apresenta benefícios como baixo teor calórico, baixo potencial de elevar a glicemia (níveis de açúcar no sangue) e perfil de sabor neutro (isto é, não apresenta residual amargo). Além disso, o xilitol:
- É sólido em temperatura ambiente;
- Possui cor branca;
- Não possui aroma;
- Quando submetido a um aquecimento superior a 120°C, passa pelo processo de caramelização (o que pode ser uma ótima opção para receitas como pudim);
- É bastante solúvel em água.
Stevia
A stevia é feita a partir de uma planta chamada Stevia Rebaudiana nativa do Brasil e do Paraguai. A sua descoberta aconteceu apenas em 1931, apesar de nativos já utilizarem a mesma há mais tempo com o objetivo de adoçar chás amargos, bebidas e até medicamentos⁷.
Existem vários glicosídeos de esteviol na mesma folha, que carregam diferentes potenciais de dulçor. No geral, a stevia adoça 300 vezes mais que o açúcar, mas o esteviosídeo, por exemplo, adoça até 125 vezes mais do que o açúcar branco, enquanto o rebaudiosídeo, até 450 vezes⁵!
Entre suas características, podem ser citadas:
- É estável sob altas temperaturas, ou seja, é possível utilizá-la em receitas que vão ao forno ou fogo⁷;
- Não cristaliza⁷;
- Não contém calorias⁷;
- Não gera placa dentária e age contra a formação de cárie⁷;
- Não apresenta nenhum tipo de efeito colateral, desde que seu consumo máximo seja de até 5,5mg por quilo de peso corporal ao dia⁷;
- Residual levemente amargo, característicos da planta⁷.
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Sucralose
Um dos adoçantes mais conhecidos e utilizados atualmente, a sucralose foi descoberta na década de 80, surpreendendo por seu intenso potencial de dulçor e seu sabor muito parecido com o do açúcar de mesa⁸.
Como todo adoçante, a sucralose passa por uma avaliação toxicológica antes de ser comercializada, e seu consumo é considerado totalmente seguro e aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aqui no Brasil⁹ .Confira algumas de suas características:
- Não carrega calorias;
- Não deixa gosto residual nos alimentos;
- Adoça até 600 vezes mais do que o açúcar;
- Pode ir ao fogo⁹;
- Tem origem na cana-de-açúcar.
Sacarina
Uma das substâncias mais antigas, foi descoberta por acaso durante um experimento. Foi o primeiro adoçante usado no Brasil.
- Pode ser aquecida;
- Perfil de sabor com residual metálico;
- Adoça até 300 vezes mais que o açúcar;
- Zero calorias;
- Vem do ácido toluenossulfônico.
Aspartame
Um dos primeiros adoçantes a se tornar popular na mesa das pessoas. Não pode ser usado em receitas que vão ao fogo porque suas propriedades se alteram sob temperaturas elevadas¹⁰.
Pessoas com fenilcetonúria, uma doença genética rara que é caracterizada pelo acúmulo de fenilalanina no organismo, devem evitar o aspartame¹¹. Isso porque esse tipo de adoçante é carregado de fenilalanina, que piora o quadro. Entre seus atributos, podem ser citados:
- Perfil de sabor doce;
- Adoça até 200 vezes mais que o açúcar branco;
- Concentra quatro calorias por grama;
- É originado de aminoácidos.
Referências:
- [¹] – Johnson RK, et al. Dietary sugars intake and cardiovascular health: a scientific statement from the American Heart Association. Circulation. 2009; 120(11):1011-20. Disponível em: https://www.ahajournals.org/doi/10.1161/CIRCULATIONAHA.109.192627. Acesso em: 11/11/2022;
- [²] – World Health Organization (WHO). Obesity: preventing and managing the global epidemic: Report of a WHO Consultation, 2000. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/42330. Acesso em: 11/11/2022;
- [³] – Penido A. Brasileiros atingem maior índice de obesidade nos últimos treze anos. Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/brasileiros-atingem-maior-indice-de-obesidade-nos-ultimos-treze-anos. Acesso em: 11/11/2022;
- [⁴] – LÔBO, Angélica Sousa. Adoçantes Dietéticos: O que é preciso saber? Universidade Federal de Goiás, 2019. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/93/o/Ado%C3%A7antes.pdf?1566299986. Acesso em: 11/11/2022;
- [⁵] – BOESTEN, Danielle M; et al. Health effects of erythritol. Nutrafoods, 2015. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s13749-014-0067-5. Acesso em: 11/11/2022;
- [⁶] – WOLNERHANSSEN, Bettina K; et al. Gut hormone secretion, gastric emptying, and glycemic responses to erythritol and xylitol in lean and obese subjects. Am J Physiol Endocrinol Metab, 2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27117004/. Acesso em: 02/12/2022;
- [⁷] – SILVA, BG. Efeito do consumo crônico do adoçante natural stevia (S. rebaudiana Bertoni) sobre parâmetros metabólicos e atividade mitocondrial do tecido adiposo branco de camundongos obesos hiperalimentados durante a lactação. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2019. Disponível em: https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/12718. Acesso em: 11/11/2022;
- [⁸] – MAGNUSON, Bernadene A; et al. Critical review of the current literature on the safety of sucralose. Food and Chemical Toxicology, 2017. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0278691517302818?via%3Dihub. Acesso em: 02/12/2022;
- [⁹] – ABIAD, Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos e para Fins Especiais. Adoçantes. Disponível em: https://abiad.org.br/wp-content/uploads/2017/02/cartilha-adocantes-abiad.pdf. Acesso em: 11/11/2022;
- [¹⁰] – American Dietetic Association. Position of the American Dietetic Association: use of nutritive and nonnutritive sweeteners. J Am Diet Assoc. 2004; 104(2):255-75. Disponível em: https://www.jandonline.org/article/S0002-8223(03)01658-4/fulltext. Acesso em: 11/11/2022;
- [¹¹] – MARQUI, Alessandra B T. Fenilcetonúria: aspectos genéticos, diagnóstico e tratamento. Rev Soc Bras Clin Med. 2017; 15(4):282-8. Disponível em: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/01/877193/154282-288.pdf. Acesso em: 11/11/2022.