Diabetes Atlas 2021: aumenta número de casos de diabetes tipo 1 

Saúde
26 de Agosto, 2022
Diabetes Atlas 2021: aumenta número de casos de diabetes tipo 1 

A International Diabetes Federation (IDF) divulgou recentemente o Diabetes Atlas 2021, um estudo completo sobre a incidência e prevalência da doença ao redor do mundo. Desde a primeira edição em 2000, a prevalência estimada de diabetes em adultos de 20 a 79 anos mais do que triplicou, passando de 151 milhões (4,6% da população global na época) para 537 milhões (10,5%) hoje. 

O diabetes tipo 2, que é o tipo mais prevalente, responsável por 90% dos casos, sem dúvida é o que mais aumenta no mundo todo. Mas um outro dado chama atenção: o número de casos do tipo 1, que é autoimune, também vem crescendo de forma expressiva. O que estaria levando a esse aumento no número de casos?

Para levantar algumas respostas, conversamos com Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes, que também é paciente: ele convive com o diabetes tipo 1 há mais de 40 anos. Confira!

Leia mais: Destaques do ADA 2022: novidades no tratamento do diabetes

Diabetes Atlas: Covid-19 pode ter influenciado

O diabetes é uma das doenças que mais aumenta anualmente no mundo todo. Ainda que alguns países tenham apresentado taxas mais estáveis, a doença ainda assim segue em crescimento. E são vários os motivos que estão levando a esse quadro. 

A IDF prevê um crescimento de 16% da prevalência de diabetes devido ao envelhecimento da população. Além disso, os maus hábitos de vida, no caso do diabetes tipo 2, ainda seguem como principais fatores. Contudo, a Covid-19 também está entre os principais fatores. “Temos visto um aumento expressivo de casos de diabetes após a infecção pelo vírus da Covid-19”, conta Levimar. E esse aumento acontece não só em casos do tipo 2, mas também no tipo 1, que é a versão autoimune da doença. 

Covid-19 pode ser a explicação do aumento de casos de diabetes tipo 1

Inicialmente, no começo da pandemia, os especialistas viram despontar o número de casos de diabetes tipo 2 após o quadro de Covid-19. Contudo, agora casos de tipo 1 também têm chamado a atenção. “Existe uma teoria que é justamente o efeito do vírus da Covid sobre as células betas do pâncreas, que produzem insulina”, explica o presidente da SBD. “Além disso, alguns fatores ambientais podem interferir na genética e levar ao quadro de DM1”, complementa.

Ainda não se sabe ao certo as causas que levam o corpo a atacar as próprias células do pâncreas, causando o diabetes tipo 1. Mas, de acordo com o especialista, até mesmo a mudança nos hábitos alimentares poderia influenciar a genética.

Por outro lado, pessoas com diabetes vivem mais

Um dos dados positivos do estudo é que aumentou a prevalência de diabetes, porque hoje as pessoas vivem mais com a doença. Em grande parte, o avanço se deve a melhoria dos tratamentos que vem evoluindo bastante nos últimos anos, com novos medicamentos mais modernos. “Além da monitorização contínua com os sensores de glicose, temos medicações mais eficazes, que ajudam não só no controle do diabetes, mas também a emagrecer”, conta o endocrinologista. As insulinas também estão mais modernas e purificadas, diminuindo episódios de hipoglicemia.

O endocrinologista, que convive com o diabetes tipo 1 há mais de quatro décadas, relembra e celebra a evolução do tratamento. “Eu media a glicemia usando tubo de ensaio, de lá para cá passamos pelas fitinhas que usavam a urina, depois os glicosímetros que utilizam a gotinha de sangue, agora temos os sensores e a bomba de insulina. Evoluímos muito nos últimos anos e, por isso, estamos vivendo mais.”

https://www.youtube.com/watch?v=ftIHSprosIo

Aumento de diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes

Outro destaque do Diabetes Atlas foi o aumento do diabetes tipo 2 em crianças e adolescentes. Até então, a doença era mais prevalente em adultos. Isso porque os maus hábitos de vida são fatores importantes para levar ao quadro. “O aumento do sedentarismo, com uma alimentação rica em gordura e carboidratos levam a obesidade, o principal fator de risco para a doença”, faz o alerta. Por outro lado, a influência do cortisol também é importante. “O estresse eleva o cortisol que favorece o acúmulo de gordura, especialmente na região abdominal.”

Leia mais: Resistência à insulina é pior em adolescentes? Especialista explica

45% das pessoas com diabetes tipo 2 não sabem quem tem a doença, diz Diabetes Atlas

Por não ter sintomas tão agudos quanto o diabetes tipo 1, muitas pessoas que possuem o tipo 2 da doença não sente sintomas. Por isso, é considerada em muitos casos uma doença silenciosa. Com isso, muitos pacientes descobrem a condição quando já há alguma complicação de saúde. Para o primeiro presidente que é também paciente de diabetes da SBD, Levimar a saída é simples e pode ser feita pelo SUS. “A primeira glicose que se altera é pós refeição. E hoje uma coisa que a gente pode fazer é a dosagem de hemoglobina glicada. Se der entre 5,7 e 6,4% pode indicar o pré-diabetes. Já a glicemia de jejum é a última que se altera, por isso não podemos esperar que ela aumente”, conta.

Fonte: Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes

Sobre o autor

Beatriz Libonati
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em diabetes e obesidade.

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