Dermatites e assaduras no bebê: sintomas, causas e como prevenir

Gravidez e maternidade Saúde
04 de Maio, 2022
Dermatites e assaduras no bebê: sintomas, causas e como prevenir

A pele dos pequenos é bem delicada e, por isso, precisa de atenção especial — principalmente durante os primeiros anos de vida. Contudo, mesmo com todos os cuidados necessários, não é incomum o aparecimento de assaduras e dermatites em bebês. Os problemas geram desconfortos para a criança, atrapalhando até o sono da mesma e preocupando a família toda.

A boa notícia é que, na maioria dos casos, é possível prevenir e tratar os quadros de forma simples e em casa. Saiba mais:

O que são as dermatites em bebês?

De acordo com o médico dermatologista José Roberto Fraga Filho, dermatite é o termo utilizado para descrever um padrão de reação inflamatória da pele, que pode acometer pessoas de todas as idades. “Em crianças, as principais causas são uso de fraldas (contato da urina e das fezes com a pele) e suor em áreas de dobras”, explica o profissional.

Esse caso específico de dermatite é conhecido popularmente como assadura, mas existem outros tipos. Todos eles pedem tratamentos adequados. “Isso porque a região fica avermelhada e sensível, podendo haver uma quebra da barreira protetora e até uma infecção bacteriana”, alerta o médico. Confira todos os tipos de dermatites em bebês e o que fazer:

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Tipos de dermatites em bebês

Dermatite de fraldas (ou assaduras)

Como já explicado, a dermatite de fraldas, também chamada de assadura, é a mais comum até os dois anos de idade — chega a atingir, em média, 50% dos bebês. “A pele fica irritada e vermelha em regiões como nádegas, partes genitais, virilha e abdômen”, afirma Daniela Balizardo, dermatologista da Clínica Vanité, em São Paulo. Também podem aparecer lesões e descamações.

Grande parte dos quadros são leves e podem ser resolvidos em poucos dias, mas geram incômodo ao pequeno — que se traduz em irritabilidade, choro mais frequente e alterações do sono.

O problema acontece porque o uso da fralda proporciona o contato direto da pele com a urina e as fezes. O acessório também retém o suor, a umidade e a temperatura, o que pode piorar o quadro e até favorecer infecções secundárias por bactérias ou fungos. Para prevenir as assaduras, a dermatologista recomenda:

  • Fazer trocas frequentes da fralda: “Se possível, imediatamente depois da eliminação da urina e/ou das fezes”;
  • Evitar o uso de lencinhos umedecidos: “Deixe-os somente para situações que não permitam uma limpeza bem feita da região. Prefira um algodão úmido (com água) ou a própria água corrente”;
  • Secar bem a região: “Com suavidade, lembre-se de secar bem as dobrinhas para não deixá-las úmidas”;
  • Usar um creme de barreira: “Ele tem a função de proteger a pele dos agentes irritantes. Por isso, deve ser usado em todas as trocas”. Produtos com óxido de zinco são os mais utilizados no tratamento de assaduras, além de garantirem uma sensação refrescante;
  • Optar por pó secativos: Outra opção para o alívio da dermatite de fraldas, o pó secativo deve ser aplicado três a cinco vezes ao dia. Ele potencializa a cicatrização da pele e age como uma barreira protetora.

Em casos mais graves, um especialista deve ser procurado. O tratamento pode incluir medicamentos tópicos antifúngicos ou anti inflamatórios (como corticoides), e o acompanhamento com um profissional é essencial.

Miliária (ou brotoejas)

Outra condição dermatológica muito frequente na infância — especialmente nas primeiras semanas de vida. “É caracterizada pela obstrução parcial dos ductos sudoríparos, e se manifesta por pequenas vesículas e pápulas em áreas de maior transpiração: dobras, região cervical, face, couro cabeludo, tórax e região da fralda”, explica Daniela Balizardo.

As famosas “bolinhas” podem ser transparentes, avermelhadas ou amareladas, dependendo do nível de obstrução do ducto. Além disso, fatores como excesso de roupas, banhos quentes e prolongados, uso demasiado de sabonetes, hidratantes oleosos e ambientes com alta temperatura e pouca ventilação favorecem a miliária.

Desse modo, o tratamento consiste em deixar o pequeno em locais mais ventilados e não agasalhá-lo demais. “É possível, também, fazer uso de produtos calmantes. O quadro geralmente tem uma boa evolução, sem complicações”, complementa a médica.

Dermatites em bebês: atópica

A dermatite atópica é uma condição de pele com fundo genético que pode começar na infância e permanecer até a fase adulta. Ela é dividida em fases, de acordo com a idade: infantil (0 a 2 anos), pré-puberal (2 a 12 anos) e adulta (a partir dos 12 anos).

“Em bebês, ela aparece mais na face (as características bochechas vermelhas e ressecadas). Na superfície extensora dos membros [cotovelos e joelhos], a pele pode apresentar lesões com prurido (leve a intenso), que deixam o pequeno mais irritado”, diz a médica.

De acordo com ela, o objetivo do tratamento da dermatite atópica é restaurar a barreira cutânea com o uso de hidratantes apropriados.

Para prevenir os quadros, ela dá algumas dicas:

  • Usar hidratantes ou géis que não sejam irritantes — e que tenham propriedades emolientes e umectantes, formando uma fina camada de proteção sobre a pele e diminuindo, assim, os processos irritativos. Lembre-se de aplicar o creme ou o hidratante logo após o banho;
  • Dar banhos rápidos na criança, evitando o uso de esponjas;
  • Utilizar sabonetes líquidos no banho da criança — e enxaguá-la imediatamente depois de aplicar;
  • Na hora de secar, priorizar toalhas macias e fazer movimentos suaves;
  • Colocar roupas de tecido leve (algodão) — já que lã e tecidos sintéticos aumentam a transpiração;
  • Retirar as etiquetas das peças, pois podem irritar;
  • Evitar roupas apertadas;
  • Enxaguar muito bem as peças do bebê depois de lavar — para que não haja resíduos de sabão;
  • Evitar o uso de amaciantes.

Dermatite seborreica

Por fim, a dermatite seborreica costuma dar as caras nas primeiras semanas de vida do bebê e pode durar até o seu terceiro mês, não trazendo complicações. Os sintomas incluem descamação (principalmente no couro cabeludo, conhecida também como crosta láctea), com escamas gordurosas e amareladas. Face, dobras e axilas também são outros locais afetados pela condição.

“A causa ainda não está totalmente esclarecida. Acredita-se que a dermatite seborreica sofra influência dos hormônios maternos, que estimulariam as glândulas sebáceas do bebê. Além disso, há a presença de um fungo na pele dessas crianças, que parece ter um papel importante na causa”, explica Daniela Balizardo.

O recomendado é utilizar shampoos diariamente (casos leves) ou óleos vegetais (casos mais intensos) cerca de uma hora antes do banho. A avaliação de um especialista é recomendada, uma vez que a dermatite seborreica pode ser confundida com dermatite atópica, de fralda e até psoríase.

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Fontes:

  • José Roberto Fraga Filho, médico Dermatologista, membro Titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Cirurgia Dermatológica e fundador e diretor clínico da Clínica Dermagynus;
  • Daniela Balizardo, dermatologista da Clínica Vanité.

Referências:

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