Primeiros 1.000 dias do bebê: a importância da nutrição na infância
Após o período de gestação, é fundamental estar atento a algo ainda mais importante: os primeiros 1.000 dias do bebê. Essa é a fase mais intensa para o desenvolvimento físico e mental de um ser humano.
De acordo com a mestre, doutora e pós-doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), Jenny Abanto, os primeiros 1.000 dias de vida são cruciais para o crescimento e desenvolvimento infantil. Isso porque trata-se de um período de “janela de oportunidades”, no qual é possível adotar hábitos e atitudes que irão influenciar o futuro do bebê.
“Assim, efeitos como alimentação, estresse, atividade física, exposição ao fumo e álcool, entre outros hábitos e atitudes, neste período, irão causar um impacto nos indicadores de saúde e doença em curto e longo prazo. Por tanto, nestes primeiros 1.000 dias do bebê é possível determinar um futuro de vida saudável para todos os indivíduos, e a transdisciplinaridade baseada na prevenção é o caminho para atingir esse alvo”, explica a especialista.
Nutrição para os primeiros 1.000 dias do bebê
A nutrição correta durante os primeiros 1.000 dias tem um impacto profundo na capacidade de uma criança crescer, aprender e se desenvolver da forma ideal – além de proporcionar um efeito duradouro na saúde a longo prazo. Isso inclui não somente a alimentação do pequeno, mas de toda a família: é importante que a mãe mantenha uma dieta saudável e equilibrada. Assim como todas as pessoas que convivem com o bebê, estimulando desde cedo hábitos saudáveis e equilibrados.
Aleitamento materno
O leite materno é considerado o melhor alimento do mundo. E por bons motivos. “É o único completo, capaz de sustentar o bebê até os seis meses de vida sem precisar de nenhum outro suplemento — nem de água”, explica a médica Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista.
Os estudos científicos concordam. Recentemente, uma pesquisa divulgada¹ no periódicoThe Lancet mostrou que a amamentação está associada a uma redução de 13% na probabilidade de sobrepeso e/ou obesidade em crianças, e também a uma queda de 35% na incidência do diabetes tipo 2. A mesma análise comprovou que o leite materno contribui para um aumento médio de três pontos no quociente de inteligência (QI) dos pequenos.
Leia mais em: Aleitamento materno: Tudo o que você precisa saber sobre amamentação
Além disso, por ser repleto de anticorpos fundamentais para a saúde e para a resistência do bebê, o alimento ajuda na composição de uma microbiota intestinal equilibrada, que protegerá a criança de possíveis doenças na vida adulta, incluindo a asma. Foi o que mostrou um outro artigo², desta vez da Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá).
Inclusive, alguns sabores experimentados pelo bebê na composição do leite materno podem influenciar as escolhas da criança por determinados alimentos.
“O leite materno pode influenciar as preferências alimentares do bebê, já que o sabor muda de mamada para mamada, e varia de acordo com a dieta da mãe. Geralmente, o sabor é mais adocicado. Por isso, os primeiros 1.000 dias contribuirão para moldar as preferências alimentares futuras”, afirma Alicia Matijasevich, médica especialista em Pediatria e Neonatologia, mestre e doutora em Epidemiologia;
Alimentação complementar
A amamentação deve ser a principal forma de nutrição durante os 1.000 primeiros dias do bebê. Em seguida, ocorre a introdução gradual dos alimentos, por exemplo: água, sucos, chás e papinhas.
Situações como a recusa alimentar e o baixo consumo dos alimentos oferecidos são relatos muitas vezes frequentes feitos pelas mães sobre a alimentação de seus filhos. Todos os casos devem ser considerados e analisados com cautela, pois podem estar associados, quando de forma prolongada, à perda de peso e ao consequente impacto no estado nutricional.
Em alguns casos, pode ser receitada a suplementação nutricional do pequeno. Mas é sempre importante ressaltar que ela deve ser orientada pelo médico/nutricionista, e que o uso de mamadeiras, bicos e chupetas pode dificultar o aleitamento materno, principalmente quando se deseja manter ou retornar a amamentação.
Quais alimentos evitar dentro dos primeiros 1.000 dias do bebê
Nem todos alimentos podem ser introduzidos e alguns podem até mesmo impactar o crescimento da criança. O sal, por exemplo, é um dos piores.
“O leite materno tem uma pequena quantidade de sódio e o bebê não tem um rim capaz de metabolizar a quantidade de sal igual a um adulto, isso só acontece após um ano. Portanto, evite alimentos salgados”, diz a Dra. Maria de Fátima.
O suco é outro alimento que deve ser evitado até os 12 meses, eu diria até acima de 18 meses. A fruta é muito importante para a microbiota, mas o suco tem uma concentração de açúcar maior. Ou seja, vai saciar, mas não dá a fibra suficiente para o organismo.
A terceira — e mais importante — dica é não introduzir açúcar até dois anos. “Esses alimentos dão cárie, saciedade e podem levar à obesidade, pois as crianças acabam substituindo alimentos saudáveis por doces. A sobremesa deve ser apenas frutas, que os pequenos devem consumir pelo menos duas a três vezes ao dia.
De acordo com o Ministério da Saúde, 4,4 milhões de crianças estão acima do peso no Brasil. Mais de 2 milhões têm sobrepeso, cerca de 1 milhão tem obesidade e, aproximadamente, 750 mil crianças têm obesidade infantil grave.
Dicas para ajudar os pais nos primeiros 1.000 dias do bebê
Rotina
É importante que o bebê tenha uma rotina para que ele entenda o que virá durante o dia. Tem uma coisa que muda durante o primeiro ano do bebê: o sono. Até os três meses o bebe come, dorme, acorda, faz xixi, as vezes coco, mais ou menos a cada três horas. Mas a partir de cinco meses começa a produzir o hormônio do sono, a melatonina. Já no sexto mês, o pequeno dorme menos, mais ou menos 12 horas.
“Se a mãe optar por alimentar o filho enquanto ele está com sono, ele vai ficar irritado e, consequentemente, não vai querer comer. Por isso, é importante estipular um horário certo para o bebê ter uma boa alimentação”, explica a Dra. Maria de Fátima Servidoni, médica especializada em gastroenterologia pela UNICAMP.
Paciência
A introdução alimentar é um processo um tanto quanto complexo e envolve toda a família. A Dra. Maria de Fátima ressalta que ter paciência é um dos fatores mais importantes durante esse período.
“Às vezes as mães ficam desesperadas porque alimentar um bebê é algo instintivo e se ela acha que não tá conseguindo, ela se sente impotente e incompetente. Portanto, é fundamental ter a compreensão de que um dia o bebê vai comer, ter paciência, persistência e não criar muita expectativa. Além de procurar o pediatra para lidar com as dificuldades”, afirma.
Seja o melhor modelo de alimentação para seu filho
É importante que as crianças tenham um bom exemplo do que é uma alimentação saudável dentro de casa. Assim, como costumam imitar as atitudes dos pais, é preciso unir a família inteira na mudança dos hábitos alimentares. Ações simples, como não comprar guloseimas para casa e ter sempre salada na mesa do almoço e do jantar fazem a diferença.
Também, tanto na infância quanto na idade adulta, os princípios de uma vida saudável são os mesmos. Todo mundo precisa dos mesmos tipos de nutrientes – como minerais, carboidratos, gorduras e proteínas. É claro que as porções são diferentes, mas a comida deve ser a mesma para todos.
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Fontes:
- Alicia Matijasevich, médica especialista em Pediatria e Neonatologia, mestre e doutora em Epidemiologia; professora associada do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP);
- Jenny Abanto, mestre, doutora e pós-doutora em Odontopediatria pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP). Responsável pela área de Saúde Bucal do Projeto de Saúde e Nutrição Materno Infantil (Mina) dentro dos primeiros 1.000 dias de vida da Faculdade de Saúde Pública da USP;
- Dra Maria de Fátima Servidoni, médica especializada em gastroenterologia pela UNICAMP.
- Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista.
Referências:
[¹] – VICTORA, Cesar G. et al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. The lancet, 2016;