Colpite difusa: o que é, sintomas e tratamentos indicados
A saúde feminina demanda atenção específica ao longo da vida, especialmente na área da ginecologia. Afinal, muitas condições podem surgir e exigir cuidados, desde os mais simples até os mais complexos. A região genital é uma das partes mais sensíveis do corpo da mulher e pode sofrer com diferentes inflamações, inclusive a colpite difusa.
A doença está relacionada com a infecção pelo parasita Trichomonas vaginalis. No entanto, também é causada por fungos e bactérias, que podem ser encontrados naturalmente na região vaginal e que, devido a algum fator, podem proliferar e levar à inflamação da vagina e do colo do útero, resultando na colpite. Dessa forma, é uma resposta natural do organismo quando está diante de uma infecção causada por agentes externos. Ela acomete a mucosa que reveste o colo do útero e também as paredes internas da vagina.
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Sintomas e causas da colpite difusa
Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do hospital Albert Einstein, afirma que a principal característica da colpite difusa são os diversos pontinhos de cor avermelhada que surgem nas áreas mencionadas acima. Aliás, quanto mais pontos, mais intensa e séria é a infecção.
Ela pode ainda vir acompanhada de outros sintomas, entre eles coceira, ardência, inchaço e odor. “Pode também haver cólica, dor na relação sexual e corrimento, que pode ser branco, amarelado ou esverdeado, dependendo do micro-organismo predominante”, afirma. No entanto, de acordo com Simone Davi, ginecologista do Hospital Santa Catarina, a colpite difusa também pode ser assintomática e ser descoberta apenas pelo exame específico
A principal causa da colpite difusa é a infecção por fungos ou bactérias. Ela pode ser transmitida por meio de relações sexuais sem uso de preservativo ou então estar associada a micro-organismos naturalmente presentes na região vaginal.
“Os fatores de risco para a colpite são os mesmos de mulheres que têm inflamação ou infecções vaginais de repetição, como múltiplos parceiros e alteração de flora intestinal e vaginal”, diz Mariana.
Diagnóstico da colpite difusa
A ginecologista Mariana Rosario explica que o diagnóstico da colpite difusa é feito a partir de uma análise clínica feita pelo médico em seu consultório. “Ele percebe o corrimento e a presença das bolinhas vermelhas. Para o diagnóstico, pode ser preciso lançar mão de algum exame de detecção mais específico de secreção vaginal para avaliar qual o micro-organismo causador, mas, na maioria das vezes, conseguimos resolver clinicamente.”
De acordo com a Dra. Simone Davi, um dos testes possíveis é um exame especular, que analisa as características da região e da secreção vaginal. Pode-se lançar também mão de alguns agentes que fazem reação com a mucosa tanto da vagina, como do colo, que é o Iodo, que podem auxiliar nesse diagnóstico. Os testes laboratoriais específicos também podem ser solicitados para identificar o agente causador. Então, por meio da coleta dessa secreção, é possível ter um diagnóstico mais assertivo.
O que é o teste de Schiller e como ele pode ajudar a paciente?
Trata-se de um teste que utiliza uma solução iodada, que coloca em contato com a mucosa da vagina e do colo, e observa a reação dessa mucosa quando ela entra em contato com o produto. De acordo com a coloração que essa mucosa apresenta após o uso dessa solução, é possível conseguir o auxílio no diagnóstico do agente etiológico da Colpite.
Tratamento
O tratamento depende da recomendação médica e pode variar conforme o micro-organismo que provocou a doença. Em geral, indica-se o uso de pomadas antimicrobianas que reduzem a inflamação. Nessa fase, é recomendado também evitar as relações sexuais, uma vez que o atrito dificulta o processo de cicatrização do tecido.
Vale dizer que o quadro de colpite difusa não costuma ser grave, mas o excesso de micro-organismos na região genital feminina pode levar a inflamações crônicas, resultando em problemas mais delicados como endometriose, gravidez ectópica e infecção das vias urinárias.
“Dependendo da situação, principalmente se a colpite difusa estiver relacionada a uma Infecções Sexualmente Transmissível (IST), a paciente pode ter uma Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e alterações nas trompas, como uma inflamação tão grande em que a trompa pode ficar grudada, sem espaço para passar o óvulo, gerando infertilidade”, alerta Mariana. “Por isso, é sempre importante passar com o médico para cuidar.”
Colpite difusa tem cura?
Sim. Porém, é necessário identificar o agente causador e tratá-lo. Se for uma bactéria, deve-se tratar essa bactéria, se for um fungo, tratar o fungo, se for um protozoário, tratar o protozoário, e por aí em diante.
Quem tem corrimento pode ter filho?
Sim. O corrimento, a secreção produzida por algum desses agentes, precisa ser tratada corretamente para evitar complicações mais graves, como alguma infecção do útero e das trompas, que pode levar ao quadro de infertilidade.
Qual a relação da gravidez e a inflamação?
Os quadros de inflamação de colpite também precisam ser adequadamente tratados, pois podem levar a parto prematuro. Diante desse cenário, causa tanto ruptura da bolsa amniótica quanto de quadros com dilatação e trabalho de parto antes do tempo.
Fonte: Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista, membro do corpo clínico do Hospital Albert Einstein; Dra. Simone Davi, Ginecologista Membro da Equipe de Cirurgia Robótica do Hospital Santa Catarina.