Cardiopatia congênita: o que é, tipos, sintomas e diagnóstico

Gravidez e maternidade Saúde
22 de Julho, 2024
Bárbara Shibuya Alves
Revisado por
Enfermeira • Coren-SP 752311
Cardiopatia congênita: o que é, tipos, sintomas e diagnóstico

Cardiopatia congênita trata-se de um conjunto de doenças decorrentes de malformações da estrutura do coração e do sistema circulatório que surgem na fase de desenvolvimento do feto. Assim, essas alterações interferem no fluxo do sangue dentro do órgão ou nos vasos sanguíneos (veias e artérias) que transportam o sangue que entra ou sai do coração.

Algumas doenças estão relacionadas a “erros” nas ligações entre as quatro cavidades do órgão (átrios e ventrículos, direito e esquerdo). Por outro lado, algumas têm relação com estreitamentos ou obstruções dos vasos sanguíneos. Há, além disso, cardiopatias que combinam os dois problemas.

No Brasil, cerca de 1% dos recém-nascidos têm alguma cardiopatia congênita. Isso significa 29 mil novos casos da doença por ano. Além disso, a enfermidade está entre as principais causas de morte no primeiro ano de vida dos bebês.

Associadas a causas genéticas ainda desconhecidas, as cardiopatias congênitas podem ser identificadas nos exames do pré-natal. Desse modo, a detecção precoce é decisiva para definir o melhor tratamento. Mas, felizmente, com o progresso diagnóstico e terapêutico registrado nas últimas três décadas, muitas crianças que nasceram com a doença hoje são jovens adultos que levam uma vida completamente normal e sem restrições. Saiba mais!

Tipos de cardiopatia congênita

As cardiopatias congênitas também podem ser agrupadas em simples e complexas de acordo com os defeitos anatômicos possíveis. Veja, então, algumas delas:

Cardiopatias congênitas simples

Comunicações interatrial ou interventricular: são as cardiopatias congênitas mais comuns, caracterizadas pela mistura indevida de sangue dentro das cavidades do coração. Assim, ela surge por comunicações anormais dessas estruturas, que podem variar de tamanho e localização. Entre os problemas decorrentes, está o hiperfluxo pulmonar, relacionado ao envio de volume excessivo de sangue para os pulmões;

Tetralogia de Fallot: também comum, trata-se do fluxo reduzido de sangue para o pulmão, devido a uma obstrução muscular (mecânica) que atrapalha a sua passagem. A doença provoca hipofluxo pulmonar importante, um déficit sanguíneo cujo principal sintoma é a cor azul-arroxeada na pele da criança (cianose);

Defeito do septo atrioventricular: formado a partir de uma combinação de defeitos que envolvem a ligação anormal entre os átrios direito e esquerdo, os ventrículos direito e esquerdo e a existência de uma única valva interligando os átrios e os ventrículos (em condições normais, são duas valvas). Entre outros problemas, a doença provoca fluxo sanguíneo elevado no pulmão. Além disso, essa enfermidade é comum em crianças com Síndrome de Down;

Transposição das grandes artérias: nesta doença, ocorre uma inversão da ligação das principais artérias do coração. Ou seja, a aorta, que deveria estar conectada do lado esquerdo do órgão, está do lado direito. Por outro lado, a artéria pulmonar, que deveria estar conectada no lado direito, está no esquerdo. Essa troca de lado das artérias resulta numa inversão do fluxo sanguíneo: no caso, o sangue pobre de oxigênio é bombeado para a aorta, que o envia de volta para o corpo sem passar pelos pulmões. Enquanto isso, o sangue oxigenado que sai do pulmão chega ao lado esquerdo e é bombeado de volta para o órgão.

Cardiopatias congênitas complexas

Síndrome da hipoplasia do coração esquerdo (SHCE): nesta doença, as estruturas do lado esquerdo do coração (átrio, ventrículo, valva e vasos) não se desenvolvem de maneira adequada. O defeito mais crítico é a atrofia do ventrículo esquerdo, responsável por bombear o sangue para o corpo. Intervenções cirúrgicas precisam ser realizadas em até três dias após o nascimento do bebê;

Anomalia de Ebstein: cardiopatia rara (afeta 1 em 10 mil bebês), é a valva tricúspide defeituosa (lado direito do coração) e posicionada em local mais baixo que o normal, levando a um fluxo anormal de sangue entre o átrio e ventrículo direito. A doença provoca insuficiência cardíaca congestiva (com o acúmulo de líquido nos pulmões) e fluxo sanguíneo arterial (sangue oxigenado) insuficiente no corpo, resultando na síndrome de blue baby, nome que remete ao tom azul-arroxeado da pele. Por fim, formas mais graves provocam dilatação exagerada do coração, que passa ocupar o espaço reservado para os pulmões.

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Sintomas

Os sintomas das cardiopatias congênitas dependem sempre do tipo de defeito no sistema cardiovascular. As gestantes não apresentam sintomas. Nos bebês, eles geralmente se manifestam logo após o nascimento. Entre eles, estão:

  • Bebê começa a mamar e cansa, muitas vezes por causa da sobrecarga do coração;
  • Pele arroxeada nos lábios e nas pontas dos dedos (cianose);
  • Além disso, dificuldade em ganhar peso (mesmo quando ainda não houve a manifestação de outros sintomas).

Diagnóstico de uma cardiopatia congênita

O diagnóstico de muitas cardiopatias congênitas podem ocorrer mesmo antes de o bebê nascer, a partir do ultrassom morfológico, que faz parte da lista de exames do pré-natal. Na maioria das vezes, um ecocardiograma confirma o problema (ultrassom do coração), realizado ainda na fase intrauterina ou após o nascimento do bebê.

Existem, aliás, métodos diagnósticos complementares, como a tomografia, que também ocupa papel importante no planejamento do tratamento cirúrgico, e o cateterismo cardíaco de caráter diagnóstico.

Tratamento

As cardiopatias congênitas são tratadas, em sua maioria, por meio de cirurgia, a partir de um amplo conjunto de técnicas. Em casos mais simples, pode ser feito o tratamento por cateterismo, recurso empregado na desobstrução de algumas valvas ou no fechamento de pequenas comunicações que interligam indevidamente as cavidades do coração, por exemplo. Mas os procedimentos cirúrgicos representam cerca de 90% das intervenções contra 10% dos cateterismos.

Tratamentos clínicos à base de medicamentos podem beneficiar alguns casos. Contudo, essa abordagem é mais comum para os poucos casos em que os defeitos congênitos melhoram com o desenvolvimento natural da anatomia e da fisiologia do sistema cardiovascular da criança.

Fatores de risco para uma cardiopatia congênita

A maioria das alterações cardíacas congênitas não tem uma causa aparente, constituindo o que os médicos chamam de causas idiopáticas. Mesmo assim, vale considerar alguns fatores:

  • Histórico familiar (pessoas com parente de 1º grau com cardiopatia congênita têm mais chances de ter filhos cardiopatas);
  • Consumo de álcool, cigarro e outras drogas durante a gestação;
  • Infecção da mãe no período gestacional por doenças como a rubéola;
  • Mãe que possui condições de saúde como diabetes e lúpus.

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Prevenção

Os hábitos saudáveis da mãe são fundamentais para a saúde do bebê desde a gestação, período em que podem ocorrer as malformações do sistema cardiovascular. Assim, é importante que a gestante:

  • Adote uma alimentação saudável, pois um bebê bem nutrido tem mais chances de desenvolver bem qualquer um dos seus órgãos, inclusive o coração;
  • Mantenha-se longe do álcool, cigarro e drogas ilícitas;
  • Realize um pré-natal adequado. Isso porque algumas cardiopatias podem ser detectadas nessa fase, antecipando a definição da estratégia de tratamento.

Novidades

Tecnologias e profissionais altamente competentes são essenciais para garantir um cuidado para prevenção e garantir a antecedência de intervenções ao paciente com cardiopatia congênita. Por isso, ter sempre uma equipe preparada para atender sobre fatores que envolvam a doença, além de agilidade no atendimento, são extremamente importantes. Um exemplo é a impressão 3D dos corações, permitindo obter moldes para o planejamento do procedimento cirúrgico. Capaz de produzir versões idênticas aos corações dos bebês a partir de informações obtidas em exames de imagem, esse recurso tem se mostrado útil para aumentar a qualidade e segurança dos procedimentos, especialmente os casos cirúrgicos mais complexos.

Fonte: Dr. Rodrigo Freire, cardiologia pediátrica. CRM: 106.270.

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