Café da manhã em família impacta a saúde dos adolescentes

Alimentação Bem-estar Equilíbrio
27 de Maio, 2022
Café da manhã em família impacta a saúde dos adolescentes

Muitas famílias perderam o hábito de fazer das refeições momentos de troca e socialização. A prática de pais e filhos reunidos ao redor da mesa se tornou incomum — permanecendo viva somente em datas comemorativas. Entretanto, um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) descobriu uma associação entre um estilo de vida saudável, sobretudo de alimentação, com uma melhor saúde mental de adolescentes. Um dos critérios desse estilo de vida é justamente aproveitar em família uma mesa posta de café da manhã com mais itens saudáveis e menos produtos processados.

A pesquisa, realizada pela doutoranda da Faculdade de Medicina da UFMG Lúcia Gratão envolveu 74,5 mil adolescentes, os quais estavam cadastrados no Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (Erica). De acordo com a líder da investigação, práticas alimentares saudáveis, sono de qualidade e realização de exercícios físicos com frequência contam para um menor risco de desenvolvimento de Transtornos Mentais Comuns (TMC), como depressão e ansiedade, em adolescentes brasileiros.

Os participantes responderam questionários sobre dados sociodemográficos, prática de atividade física, problemas de saúde, consumo de álcool, tabagismo, ocupação, alimentação, saúde bucal, saúde reprodutiva, sintomas depressivos e sono. Além disso, eles fizeram medições de peso, estatura, perímetro de cintura e exames de sangue.

Entre os resultados adquiridos a partir do banco de dados, Lúcia chegou à conclusão de que o consumo do café da manhã regular e a presença dos pais em pelo menos uma das principais refeições (70,36%) são fatores que colaboram para menores chances de TMC. Isso porque comer junto com pais e familiares ajuda a melhorar o diálogo e a comunicação, além de ser um momento em que os adultos têm contato com os alimentos dos filhos.

Depressão e ansiedade entre jovens

Durante a pandemia do coronavírus, os números de adolescentes com sintomas de depressão cresceu significativamente. Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP revelou que 36% dos jovens no Brasil tiveram indícios de ansiedade e depressão.

Tais doenças são multifatoriais, ou seja, acontecem por uma série de motivos e, consequentemente, causam diferentes efeitos nos indivíduos que sofrem com os quadros. A depressão maior costuma ser classificada como a de extrema tristeza. Nesses casos, existe perda de interesse nas atividades, inclusive as que antes eram prazerosas, aliada a sentimentos de culpa e pensamentos suicidas.

No caso da distimia, os pacientes tendem a viver longos períodos de irritação. Além disso, ainda existem outros casos mais específicos, como depressão pós-parto, psicótica ou situacional.

O mais importante é conseguir identificar os sinais e oferecer acolhimento e tratamento profissional para esse adolescente. Afinal, apesar de não ser visível, a depressão é uma doença extremamente penosa.

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Café da manhã em família e outros hábitos

Dessa forma, adotar hábitos saudáveis ajuda a reduzir a probabilidade de desenvolvimento de um desses transtornos. De acordo com Lúcia Gratão, práticas alimentares saudáveis são um dos primeiros passos. 

“A ingestão de alimentos ultraprocessados pode levar a alterações do estado nutricional, inclusive da relação cintura-quadril, que possibilita uma correlação com a adiposidade abdominal (gordura visceral), que, em nosso estudo, também foi associada a um aumento das chances para TMC”, explica.

Por isso, é importante buscar alimentos naturais, como frutas, pães integrais e ovos. Além disso, criar um momento de conexão, no café da manhã, por exemplo, com os filhos é fundamental para aproximar-se dos jovens. Assim, é possível entender as suas vontades, anseios e sentimentos.

Incluir boas noites de sono e incentivar a hidratação ao longo do dia também são essenciais para a saúde mental dos adolescentes. Além disso, a prática de exercícios físicos, além de ajudar a evitar doenças, impacta positivamente no comportamento do indivíduo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas 15% dos brasileiros adolescentes, entre 11 e 17 anos, se exercitam o suficiente.

Por isso, é essencial que haja o incentivo dos pais e a procura de um esporte que agrade o jovem. Dessa forma, ele pode encontrar prazer em se exercitar.

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